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A FREQUÊNCIA DO RELATO DE SINAIS E SINTOMAS DE ESTRESSE NA ADOLESCÊNCIA EM AMBIENTES DISTINTOS QUANTO ÀS OCORRÊNCIAS POLICIAIS POR TRÁFICO DE DROGAS

Por:   •  28/2/2020  •  Artigo  •  4.438 Palavras (18 Páginas)  •  193 Visualizações

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A FREQUÊNCIA DO RELATO DE SINAIS E SINTOMAS DE ESTRESSE NA ADOLESCÊNCIA EM AMBIENTES DISTINTOS QUANTO ÀS OCORRÊNCIAS POLICIAIS POR TRÁFICO DE DROGAS

JOANNA DE ANGELIS ANDRADE LOPES MELLO

Soldado PMMG, Psicóloga pela Faculdade Ciências da Vida – Sete Lagoas/MG.

jolopespsi@gmail.com

LUCIRLEY GUIMARÃES DE SOUSA ARAÚJO

Psicólogo pela UFMG, Mestre em Psicologia Clínica pela USP, Professor da Faculdade Ciências da Vida – Sete Lagoas/MG.

mgpsicologia@gmail.com

Resumo: Este estudo avaliou a frequência do relato de sinais e sintomas de estresse em adolescentes que convivem em ambientes distintos quanto ao registro de ocorrências policiais por tráfico de drogas. A amostra foi composta por 60 adolescentes, 25 do sexo masculino e 35 do sexo feminino, de Sete Lagoas - MG. Os participantes foram divididos em dois grupos: 32 estudantes de uma escola pública localizada na região de maior concentração de registros de ocorrências policiais de tráfico de drogas e 28 alunos de outra escola de uma região sem registros desta natureza no período analisado. Os resultados mostraram que os adolescentes que estudam na região com baixo índice de ocorrências apresentaram indicativos de estresse superiores e em fases mais avançadas que os adolescentes da região com alto índice. Além disso, o sexo feminino, e os adolescentes mais jovens (16 anos) apresentaram relato com mais características de estresse nas duas regiões investigadas. Os dados sinalizam que, para a amostra investigada, quanto maior o índice de registros de ocorrências policiais por tráfico de drogas, menor a frequência do relato de sinais e sintomas de estresse pelos adolescentes. O georreferenciamento se mostrou uma estratégia importante para o estudo de um fenômeno multidisciplinar, para a identificação de características do ambiente e sua influência nos processos de adoecimento do indivíduo. Sugerem-se novos estudos com amostras que contemplem uma ampliação das faixas etárias, bem como dos níveis de escolaridade.

        

Palavras-chave: Adolescentes, estresse, psicologia, tráfico de drogas.

INTRODUÇÃO

A adolescência é uma etapa caracterizada por diversas transformações, de natureza física, psicológica, social ou cultural. O indivíduo neste período da vida encontra-se muitas vezes vulnerável. As relações de influência estabelecidas com o meio social podem acarretar modificações no autodesenvolvimento, interferindo na qualidade de vida, estabelecendo transformações emocionais e comportamentais. Também podem afetá-los em processos psicossociais que preponderam para um decorrente e alto nível de estresse, que é ocasionado devido às inúmeras transformações e agitações adquiridas na fase em curso, originando tanto conflitos internos quanto externos (PEREIRA et al., 2013).

O estresse, por sua vez, é uma resposta do organismo que apresenta elementos psicológicos, físicos, cognitivos e hormonais, diante da necessidade de adequação a algum evento ou situação de importância para o indivíduo. Pode ser do tipo positivo, considerado como fase de alerta, o qual proporciona vigor e ânimo para que a pessoa produza mais; do tipo ideal, quando exige da pessoa a habilidade de gerenciar as fases do estresse, e permite que o indivíduo saia da situação de alerta quando necessário; e do tipo negativo, quando a capacidade de adaptação já se esgotou, o organismo começa a apresentar sinais de adoecimento e a qualidade de vida fica prejudicada (LIPP, 2000).

Os sintomas do estresse podem ser físicos ou psicológicos e variam de acordo com a fase em que o indivíduo se encontra. Os físicos podem surgir na forma de tensão muscular, sudorese, taquicardia, mudança de apetite, diminuição da memória, cansaço constante, tonturas, entre outros. Os sintomas psicológicos podem estar relacionados ao pensamento repetitivo, irritabilidade excessiva, apatia, raiva, depressão, angústia, excesso de emotividade, entusiasmo súbito, e assim por diante (LIPP, 2000).

Fisiologicamente o estresse é caracterizado como uma resposta inespecífica do organismo a algum tipo de demanda em que o agente estressor é considerado como causa dessa tensão. Psicologicamente, ele é considerado como uma reação que a pessoa estabelece frente ao ambiente e que excede seus recursos de adaptação; e por isso ameaça o seu bem-estar. Está diretamente relacionado com a forma que a pessoa reage às demandas ambientais. Sendo assim, trata-se de um fenômeno que não possui apenas causas externas, estando suscetível também às variáveis orgânicas e individuais (LAZARUS; FOLKMAN, 1984 apud JUSTO, 2015).

Além das mudanças físicas e comportamentais pelas quais os indivíduos passam na adolescência e das necessidades de adaptação a esta nova fase do ciclo vital, devem-se considerar também os estressores ambientais, os quais, em grande quantidade, podem originar problemas de ordem psiquiátrica (ASSIS et al. 2008 apud LIMA, 2012). Cabe ainda observar que o ambiente de inserção do indivíduo pode ser considerado um fator de proteção ou fator de risco quanto ao surgimento de estresse na adolescência.

Os fatores de proteção são aqueles que propiciam um desenvolvimento padrão e equilibrado, instalando e fortalecendo os comportamentos pró-sociais (o seguimento de regras, as habilidades sociais, entre outros). Segundo Branden (1998) apud Sartes et al. (2014) existem três tipos de fatores de proteção: os individuais (autoestima positiva, flexibilidade, afetuosidade, autonomia e autocontrole); os familiares (apoio e suporte, estabilidade, coesão e respeito mútuo); e aqueles relacionados ao apoio do meio ambiente (relacionamentos positivos com os amigos, professores ou pessoas que assumam papel de referência para o adolescente).

Já os fatores de risco são responsáveis por alterar de modo significativo o curso do desenvolvimento padrão de uma pessoa. Eles são capazes de influenciar a saúde psíquica de um jovem, exacerbando comportamentos disruptivos (agressividade, oposição, delinquência) ou mesmo consolidando aspectos internalizantes (depressão, ansiedade, pensamentos obsessivos). Vale destacar que o modo de vida atual regularmente apresenta fatores de risco no cotidiano de muitos adolescentes, tais como: a convivência com outros jovens que mantêm comportamentos de risco, o uso de substâncias psicoativas, conflitos familiares, o acesso a substâncias psicoativas no ambiente escolar, e residência em áreas de risco. Não raramente, tratam-se de interações que aumentam as chances de exposição do adolescente à prática do tráfico de drogas (SARTES et al., 2014).

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