A INTRODUÇÃO HISTÓRICA

1. INTRODUÇÃO HISTÓRICA

A psicopedagogia teve origem na Europa. A partir do século XIX, as pessoas perceberam problemas de aprendizagem e a necessidade de corrigir certas desigualdades sociais diretamente relacionadas à educação. Neste século, importantes teorias científicas foram desenvolvidas, incluindo o evolucionista de Darwin, que enquadrou os humanos dentro da estrutura da evolução biológica e aboliu a linha divisória entre ciências naturais, humanidades e ciências sociais. Em seguida, a psicologia começou a estudar o corpo humano e as escolas começaram a realizar testes para tentar descobrir as razões das diferenças no desempenho dos alunos. (BOSSA, 2007)

Janine Mery, psicopedagoga francesa, apresentou considerações sobre o termo psicopedagogia e adotou este termo para caracterizar sua ação terapêutica. Depois dela, outros estudiosos se dedicaram as crianças com dificuldades de aprendizagem, tais como: George Mauco, Pestalozzi, Pereire, Itard e Seguin. (BOSSA, 2007).

Nos Estados Unidos do Século XX surgem, então, os primeiros centros de reeducação para delinquentes e escolas particulares que atendiam as crianças com “aprendizagem mais lenta”. Além destes, em 1930, surgem na França os primeiros centros de orientação educacional com psicólogos, educadores e assistentes sociais. Somente 1956 é que se dá início a formação universitária em Psicopedagogia, na Argentina com Arminda Aberastury. Para então surgirem, na década de 70, os Centros de Saúde Mentais onde psicopedagogos realizavam diagnóstico e tratamento. (BOSSA, 2007)

A Psicopedagogia chega no Brasil somente neste período (1970), através da influência da Argentina devido ao acesso fácil à literatura. São criados então cursos com enfoque Psicopedagógico. No início da década de 80, é criada a Escola de Guatemala, com uma visão sociopolítica a respeito da dificuldade de aprendizagem escolar, em que se acreditava em problemas no processo de ensino. Sendo assim, iniciando um trabalho preventivo. Além disto, no mesmo período surgem cursos de especialização nesta área.

Hoje em dia, no Brasil, a psicopedagogia é uma especialização dentro da psicologia de acordo com o art. 3º, inciso VIII da Resolução do CFP nº 03/2016 c/c o mesmo inciso do art. 3º da Resolução do CFP nº 13/2007.

2. A PSICOPEDAGOGIA COMO PROFISSÃO

Superada a breve trajetória histórica da psicopedagogia, passamos a analisar os objetivos dessa profissão e os profissionais que atuam nessa área.

A psicopedagogia tem como principal função estudar as causas da dificuldade no aprendizado, elaborando e realizando tratamentos para estes distúrbios. O psicopedagogo busca compreender como as pessoas se relacionam com o conhecimento, identificando as principais dificuldades e distúrbios para a compreensão dos conteúdos em sala de aula e em outros contextos de aprendizagem, aprimorando o contato entre alunos, colegas e professores.

A psicopedagogia é dividida em duas grandes vertentes: a institucional e a clínica.

A psicopedagogia institucional tem um papel crucial na inclusão de crianças e tem função de ajudá-las a pertencerem ao local escolar sem dificuldades maiores e impasses, afinal, crianças não conseguem, por si sós, identificar suas dificuldades e pedir por ajuda, isso podendo acarretar problemas futuramente com as dificuldades de aprendizagem logo no início. Desde a década de 1970 os psicopedagogos institucionais têm como função ajudar a criança e o adolescente em qualquer impasse encontrado na trajetória escolar e evitar que eles aconteçam.

Existem três diferenciações desse trabalho. A primeira é o profissional trabalhar como um assessor, conversando com os profissionais da instituição e levantando análise sobre ela, e assim, construindo novas formas de melhorar a aprendizagem. A segunda espera que o psicopedagogo institucional dê suporte no espaço escolar. Já a terceira conta que o profissional deve trabalhar na prevenção de dificuldades de aprendizagem, propondo melhorias no ambiente escolar e na forma de ensino, transformando em algo inclusivo e fácil.

Já o psicopedagogo clínico é um profissional licenciado que atende pacientes crianças, adolescentes ou adultos de forma individual, possuindo como principal função investigar todas as situações que podem estar dificultando a aprendizagem, para então desenvolver estratégias com o objetivo de realizar mudanças comportamentais e facilitar o processo de aprendizado. É importante que o indivíduo possua um equilíbrio entre seu estado psicológico e sua saúde para conseguir aprender de forma sistemática, por isso é bastante comum que o psicopedagogo atue em parceria com outros profissionais, como psicólogos, pediatras, fonoaudiólogos, neurologistas e psiquiatras.

Dentro da área clínica, existe a psicopedagogia empresarial, que permite que o profissional atue em diversos ambientes acadêmicos, além de hospitais, órgãos do governo e empresas, sendo capaz de realizar análises diagnósticas e de gerenciar conflitos, para então perpetuar um clima coletivo agradável e produtivo. Em empresas, o profissional possui a função de observar e avaliar qual a necessidade do funcionário, apontar suas habilidades e atender aos seus interesses, buscando conclusões e alternativas à questão da aprendizagem, assim garantindo o sucesso da companhia e do indivíduo como funcionário.

3. INGRESSO À PROFISSÃO

Para se tornar psicopedagogo, é necessário obter diploma em curso superior nas áreas de Psicologia, pedagogia ou qualquer outra área correlata e especialização em Psicopedagogia. Contudo, para atuar como psicopedagogo, é necessário registro no Conselho Regional de Psicologia (CRP) ou no Conselho Federal de Educadores e Pedagogos (CFEP). Essa especialização, juntamente ao curso superior escolhido, leva 8 anos para