A Importância da Intervenção Psicológica no Luto da Infertilidade
Por: Anasissia • 22/4/2024 • Artigo • 3.534 Palavras (15 Páginas) • 49 Visualizações
O Filho que Não Nasceu : A Importância da Intervenção Psicológica no Luto da Infertilidade
Ana Sissia Ribeiro Ostrowski[1]
Nayara Naves (orientadora)[2]
RESUMO
Esse artigo buscou refletir sobre o luto não reconhecido da infertilidade feminina na sociedade contemporânea. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica a respeito do assunto entre livros e artigos. O luto infertilidade é um assunto pouco discutido e valorizado na sociedade, o entendimento é que toda mulher deveria gerar filhos. A espera de um filho afeta profundamente distintas dimensões da vida de um sujeito, de forma mais contundente a mulher, pois a sociedade cria expectativas, afinal o mundo é predominantemente fértil. O presente estudo buscou entender de que forma a infertilidade afeta a mulher, a sua autoimagem, como são os tratamentos e como podem afetar sujeito e a dinâmica da sua família. Quando uma mulher faz opção por tratamentos para gerar filhos passa por um processo de grande expectativa, ansiedade, fragilidade, medo, incertezas. Ao mesmo tempo esse tratamento traz esperança, possibilidade de gerar um filho, de reafirmar sua feminilidade, perpetuar espécie, ter uma família. Os tratamentos para fertilidade mobilizam fortes reações emocionais, geram muitas alterações físicas, hormonais que agravam as condições psicológicas, por isso a importância de um acompanhamento terapêutico nessa fase de espera por um filho que pode ou não vir a ser gerado.
Palavras-chave: Luto. Infertilidade. Filhos. Família. Terapia Cognitiva
1 INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2018), 25% da população em idade fértil apresentam problemas para gerar um filho. Esse grupo de pessoas necessita de intervenção médica para que a gestação aconteça. 15% desse grupo não obterá sucesso nessa jornada. Segundo dados estatísticos do IBGE (2020), 37,9% das mães tem mais de 30 anos. A idade é um fator importante na geração de um filho, o pico de fertilidade feminina acontece entre 25 e 30 anos. Um terço das mulheres 35 e os 40 anos apresentam problemas de fertilidade e entre os 35 e os 44 anos o risco de infertilidade é duas vezes superior comparativamente com as mulheres que têm entre os 30 e os 34 anos. De acordo com a OMS, estima-se que 20% dos casais hoje são inférteis, sendo 40% infertilidade feminina, 40% infertilidade masculina, 10% ambos, 10% causas desconhecidas. Em números, no Brasil tem cerca de 8 milhões de pessoas inférteis. Diante desse número, milhares de casais em busca de ajuda profissional são submetidos a tratamentos para realização do sonho de gerar um filho. Hoje, o mercado oferecer exames minuciosos e tratamento eficazes, mesmo assim, certa de 15% dos casais não terão sucesso.
A fertilidade é um assunto que não diz respeito apenas a gerar um filho, a geração de uma criança está diretamente conectada a sonhos, perpetuação espécie, aceite social, construção família, até a própria afirmação da feminilidade, masculinidade. Quando o casal se depara com o diagnóstico de infertilidade existe um impacto que coloca em questionamento sua sexualidade, suas fragilidades, sentimento de impotência, medo e julgamento social. Também é um momento que o casal se depara com o incerto, bem como com os tratamentos e seus custos.
Todas as perdas, os medos, as incertezas, sonhos frustrados ocorrem de uma maneira silenciosa, como se a dor não tivesse importância na sociedade. Não se discute a infertilidade, e muitos casais passam pelas frustrações e interrupções gestacionais em silêncio, sem compreensão e o acolhimento. Muitos terminam seus relacionamentos no meio do processo, outros geram seus filhos com esgotamento emocional e uma parcela desse grupo seguem com uma dor latente pelo resto da vida.
Considerando a temática do luto a pesquisa propôs a seguinte problemática Como a Terapia Cognitiva Comportamental pode contribuir para enfrentamento do não reconhecido da infertilidade feminina?
Esse artigo propôs como objetivo geral estudar o luto não reconhecido da infertilidade e a importância de uma intervenção psicológica na abordagem da Terapia Cognitiva Comportamental. E como objetivos específicos foi conceituado o luto não o reconhecido, apresentado as fases do luto da infertilidade, apresentado tratamentos para enfrentamento do luto a partir da metodologia Terapia Cognitiva comportamental.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia
Esse artigo foi elaborado através de uma Revisão Bibliográfica, utilizando livros e artigos específicos, período de pesquisa foi de Agosto de 2022 à Março de 2023. Esse artigo tem o caráter qualitativo e descritivo.
A pesquisa foi elaborada a partir de artigos científicos pesquisados em livros físicos e digitais a respeito assunto Luto não Reconhecido e sites de publicações cientificas de trabalhos publicados nos últimos quinze anos.
Palavras chave: Luto Não Reconhecido, Fases Luto Não Reconhecido, Infertilidade, Tratamento Infertilidade, Tratamento Luto pela Terapia Cognitiva Comportamental.
2.2 Resultados e Discussão
A Infertilidade tem como definição a incapacidade de engravidar após um ano de relações sexuais sem qualquer tipo de método contraceptivo e de frequência regular. De acordo com dados OMS (2021) a infertilidade afeta cerca entre 50 a 80 milhões de pessoas no mundo, e no Brasil cerca de 8 milhões de pessoas são consideradas inférteis, aproximadamente 15% da população. Desse total de inférteis, 35% fatores femininos, 35% fatores masculinos, 20% referem a fatores do casal e 10% sem causa definida (FARIA; GRIECO; BARROS, 2012).
Geralmente um casal nunca espera a infertilidade, sempre acreditam que quando planejarem uma família acontecerá sem dificuldades. Culturalmente e historicamente a infertilidade é atribuída a mulher, reforçando a culpa delas e afastando dos homens do comprometimento no fracasso da reprodução. (FARIA; GRIECO; BARROS, 2012).
Lourenço e Lima (2016) explicam que a infertilidade tem causas fisiológicas, psicológicas e por influência de tratamentos, e uso de álcool e drogas. Outro fator que influencia a fertilidade é a idade, os casais devido a projetos, estudo, trabalho planejam a gravidez tardiamente. O Ministério da Saúde classifica as principais causas da infertilidade feminina e masculina:
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