A Margem do Corpo
Por: Nai- • 2/8/2015 • Trabalho acadêmico • 371 Palavras (2 Páginas) • 3.288 Visualizações
O documentário A Margem do Corpo, conta a história de uma mulher chamada Deuseli Vanines. Nele as pessoas intrevistadas à descrevem fazendo juízo de valor, como uma mulher aparentemente negra, pobre, sem nenhum recurso financeiro ou intelectual, mal cuidada, possuída, vítima e mau-caráter que evidencia ter sido estuprada.
A história se passa em Goiás entre 1996 e 1998, rodeada de dois acontecimentos marcantes. Primeiramente o suposto estupro e depois o assassinato da própria filha. Após o acontecimento do primeiro marco – estupro – que foi tratado com descaso pelas autoridades e médicos que não dão credibilidade à sua queixa, Deuseli descobriu que estava grávida. Dessa forma decidiu buscar ajuda para abortar, pois ela não queria de forma alguma este filho. Infelizmente, mais uma vez foi tratada com descaso e negligência pelo nosso sistema, tudo pelo medo da repercussão. Lembrando que em casos de estupro o aborto é permitido. Em consequência desse “desleixo”, não conseguiu abortar, levando então a gravidez adiante.
Por ser uma gravidez não desejada, em um momento de crise, Deuseli acaba assassinando sua filha, ainda bebê, afogada. Por consequência disso ela acaba indo preza. Lá na prisão se envolve com um homem e acaba engravidando novamente. Pensando na criança, a igreja interfere, tira ela da prisão e leva para uma casa de acolhimento para grávidas. A partir daí ela acaba passando por diversas tutelas: a igreja, a justiça, o estado, perdendo cada vez mais sua identidade.Para uns ela sofria de problemas metais, para outros sofria de possessão, ora era vista como uma mãe desnaturada, ora vista como vítima.
Por fim, ela sai da casa de acolhimento, vai ver com seu companheiro, engravida novamente, e com aproximadamente seis meses de gravidez, é internada em estado grave e acaba indo a óbito ela e o bebê.
Diante dessa história e do que foi relatado acima nota-se que Deuseli é uma vítima de um sistema desumano, que corrompe, fragiliza e impossibilitas o sujeito de exercer os seus direitos. A sociedade está cada vez mais reproduzindo esse tipo de situação. Sendo assim, estaremos cada vez mais caminhando para um mundo que privilegia uns, ao ponto que reprime e negligencia outros. Tudo isso dentro de um modelo capitalista alienante e catastrófico.
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