A Psicoterapia Breve de orientação Psicanalítica
Por: Adri_31 • 10/4/2016 • Trabalho acadêmico • 1.585 Palavras (7 Páginas) • 898 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
A contemporaneidade é marcada pela atribulação e escassez do tempo, o que proporciona aumento considerável por terapias de curto prazo, isso se dá pela necessidade da sociedade contemporânea por este tipo de atendimento. A questão econômica e a falta de tempo são fatores que levam as pessoas a procurar por tratamentos psicoterápicos que não demandem muito tempo. A Psicoterapia Breve prima por um tratamento de curto período de tempo.
As terapias breves são muito eficazes na resolução de diversos problemas ou sintomas, dependendo da psicoterapia em questão. No entanto, há problemas mais complexos que não são passíveis de serem resolvidos apenas com algumas sessões de psicoterapia, sobretudo as que precisam de um duro trabalho de reestruturação de personalidade em profundidade.
As psicoterapias breves no geral visam o alívio rápido de sintomas - aqueles que cedem à intervenção breve - não é um trabalho abrangente, que lide não só com a queixa, mas com todo conteúdo que emerge no decorrer do trabalho da queixa inicial. As psicoterapias breves, no geral pouco conseguem fazer face às perturbações de personalidade, por exemplo, porque não se trata daquilo que o sujeito "tem", mas daquilo que o sujeito "é". Anos de investigação clínica demostram que a maturidade e a capacidade de vivermos uma vida satisfatória está relacionada diretamente ao desenvolvimento psicológico, sobretudo durante a infância (base da nossa personalidade). Em cada fase específica do desenvolvimento psicológico desenvolvem-se (ou não) certas capacidades, fundamentais para a vida adulta. Alguns trabalhos clínicos implicam exatamente em retomar o desenvolvimento psicológico que foi interrompido, ou que não se conseguiu completar satisfatoriamente em determinado momento da vida do sujeito. Na psicoterapia breve os objetivos e metas são limitados e de certa forma reduzidos comparados ao tratamento tradicional. Tal limitação é característica do procedimento, pois foca nas necessidades imediatas do sujeito. Os objetivos podem se colocar em termos da superação dos sintomas e problemas atuais da realidade do paciente, com o propósito de que este possa enfrentar mais adequadamente situações conflitivas e recuperar sua capacidade de autodesenvolvimento (BRAIER, 2008).
Segundo Lemgruber (1984), a psicoterapia breve é uma técnica específica, que deve ser realizada apenas por terapeutas especializados. Possui características próprias, não é simplesmente o encurtamento do processo terapêutico. Outros aspectos vão identificar a psicoterapia breve. Como técnica focal baseia-se na tríade: planejamento, atividade e foco.
Mediante as considerações feitas anteriormente sobre a Psicoterapia Breve, este trabalho tem por objetivo apresentar as principais características e conceitos, as indicações e contraindicações, bem como as principais técnicas da Psicoterapia Breve de Orientação Psicanalítica. Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica a partir de material já elaborado, constituído principalmente por livros e artigos científicos.
2. PSICOTERAPIA BREVE DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA
A Psicoterapia Breve Psicanalítica tem como característica essencial o foco terapêutico e a curta duração do tratamento. O enfoque terapêutico é dirigido para um conflito central que desdobra-se em questões de difícil adaptação e aceitação pelo paciente.
Na Psicoterapia Breve Psicanalítica o psicanalista tem como função além de trabalhar uma questão focal, fazer uso da interpretação psicanalítica para levar o paciente a desenvolver uma percepção mais ampla e profunda dos mecanismos psíquicos inconscientes que estão em jogo na sua forma de se relacionar e de lidar com as suas dificuldades.
A psicoterapia breve psicanalítica produz resultados significativos logo nas primeiras entrevistas quanto à possibilidade de mudança do olhar para os próprios conflitos, a partir do momento que o sujeito conscientizar-se dos mecanismos de defesa inconscientes que interferem na resolução de seus problemas.
A possibilidade de expressar-se livremente na terapia permite ao sujeito tomar conhecimento de suas questões que o fazem sofrer, questões estas que permaneceram escondidas ou até mesmo em razão da resistência do sujeito a uma análise. As resistências inconscientes colaboram para adiar a decisão de iniciar uma psicoterapia, entretanto o sujeito é capaz de reconhecer nas suas reações físicas e emocionais quando está chegando ao seu limite e necessita de um acompanhamento psicológico.
As terapias breves mostram-se bastante eficazes na resolução de diversos problemas ou sintomas, dependendo da psicoterapia em questão. No entanto mostra-se limitada em relação a determinados problemas, como no caso de problemas mais complexos, não sendo passível ser resolvido em poucas sessões.
Trabalhar áreas como a identidade, orientação sexual, autonomia, dependências, instabilidade e conflitos persistentes nas relações amorosas, problemas complexos na vida de um casal, depressões profundas, quadros psicóticos, perversões sexuais ou morais, capacidade de iniciativa e produtividade no trabalho, criatividade, problemas com drogas, obsessões graves, tentativas potencialmente eficientes de suicídio, agitação psicomotora com agressividade ou perturbações de personalidade (esquizoide, narcísica, psicopata, paranoide, borderline, dependente, masoquista, sadomasoquista, histérica, somática, depressivo-analítica, depressivo-interjetiva, maníaca, bipolar, perturbações mistas, etc.), nestes casos não é possível trabalhos rápidos, nem simples. Ou ainda diagnóstico psicodinâmico que aponte que há grandes debilidades egóicas, com dependências simbióticas intensas, ambivalência, escassa motivação para o tratamento, dificuldade para se estabelecer um foco, devido ao entrelaçamento de situações dinâmicas múltiplas (NETO, 2000). Nesses casos as psicoterapias breves são contra indicadas. Resumidamente, o sujeito que se submete à psicoterapia breve deve ser neurótico, ter capacidade de autorreflexão e aberto a vincular-se ao terapeuta num curto prazo de tempo (SZAJNBOK, 1997).
As psicoterapias breves de orientação psicanalítica são indicadas para aqueles sujeitos que queira resolver um ou outro problema isolado e nesses casos, dependendo sempre do problema e do grau de enraizamento do mesmo, é possível fazer uma psicoterapia mais breve e focal, ignorando outras áreas da personalidade. Por intermédio de uma abordagem psicoterapêutica mais dinâmica e flexível, essencialmente distinta da técnica psicanalítica tradicional, isto é, através de uma técnica que possibilita que os objetivos terapêuticos sejam atingidos em pouco tempo, por intermédio de um mecanismo chamado "Efeito Carambola", cujas mudanças em uma determinada área podem levar a alterações em áreas diversas do comportamento do paciente. Esse modelo baseia-se no modelo de abordagem integrada biopsicossocial e privilegia a visão psicodinâmica dos conflitos, permitindo a integração de diversas técnicas de diferentes abordagens psicoterapêuticas, além da utilização conjugada do tratamento psicofarmacológico (NETO, 2000).
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