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A Resenha Critica

Por:   •  7/8/2022  •  Resenha  •  622 Palavras (3 Páginas)  •  170 Visualizações

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RESENHA

Kamille Alves Pinheiro

O artigo “O sujeito diante da tragédia: o tagarelar e o mutismo” das autoras Renata Wirthmann Gonçalves Ferreira e Fernanda Palharres Vasconcelos publicado em 2021 na revista Perspectivas em Psicologia pertencente a Universidade Federal de Uberlândia(UFU). O artigo apresenta dezesseis páginas e é dividido nos seguintes capítulos: introdução, conceito de trauma, a tragédia e o tagarelar, o mutismo e o distanciamento, considerações finais.

Temos na introdução do artigo a definição de trauma, palavra que deriva do grego e significa ferida, enquanto para a psicanálise este está mais na pessoa do que no ocorrido, portanto só pode ser visto de forma retroativa. Na obra de Lacan esse conceito é articulado ao conceito de real, onde o trauma é uma impossibilidade em algum ponto da experiência humana. Enquanto isso, Miller afirmou que “o verdadeiro núcleo traumático é a relação com a língua”. Assim, o texto inicia a investigação do trauma na origem das neuroses, desta forma, o objetivo do artigo é investigar as consequências emocionais nos sujeitos que passaram por eventos coletivos que poderiam ser traumáticos, como por exemplo os casos de Brumadinho e Mariana. A hipótese seria de que o tagarelar seria um esvaziamento da palavra e o mutismo seria o esforço da não implicação ou irresponsabilização do sujeito. Na visão de Freud não haveria trauma sem recalque e não haveria linguagem sem trauma, o recalque seria uma experiência anterior ao trauma que estaria “guardada” em seu subconsciente e que após a vivência da segunda experiência traz consequências. A introdução apresenta linguagem clara e coesa, dando ao leitor um bom suporte para iniciar o estudo do artigo.

O segundo ponto do artigo apresenta o conceito de trauma, salientando que este começa na linguagem. Tendo como exemplo o caso Emma para a definição de trauma e recalque, mostrando que somente a partir do segundo tempo que o primeiro acontecimento se torna traumático, estas duas cenas seriam: uma cena infantil e a segunda que poderia ocorrer a qualquer momento e que ao se enlaçarem caracterizam o trauma. Lacan traz uma inovação ao conceito de Freud demarcando a importância da construção da narrativa pelo sujeito, este seria capaz de ressignificar o pregresso. Ademais, o trauma poderia ser vivenciado de modo singular ou coletivo quando algo tem a capacidade de afetar várias pessoas ao mesmo tempo, nesse momento o trauma oferece uma identidade coletiva que pode trazer várias consequências e criar laços. O conceito de trauma é abordado de maneira facilitada que torna o estudo de fácil acesso e compreensão de todos.

A sociedade se preocupa em tagarelar sobre determinado assunto por dois motivos: desconexão de afeto e desvio do sentimento de culpa. De forma que o tagarelar faz com que a pessoa se desassocie daquilo que realmente aconteceu, a tagarelice seria a fossa comum da linguagem. Após isso, ocorre o chamado mutismo e distanciamento, o mutismo quando ocorre logo após o fato se associa a forma que a pessoa encontra de sobreviver, tentando não associar sua existência com aquilo que a traumatizou. Os conceitos de tagarelar e mutismo tornam o artigo muito bem embasado e verídico ao mostrar que são formas de escape para o sofrimento das pessoas envolvidas em eventos traumáticos.

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