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A Romantização dos Transtornos alimentares na Internet

Por:   •  15/6/2023  •  Artigo  •  1.164 Palavras (5 Páginas)  •  156 Visualizações

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Dietas restritivas, dias em jejum, intermináveis contagens de calorias, purgar e o pânico ao comer. Tudo isso faz parte do dia a dia de uma pessoa com um distúrbio alimentar. Ao encarar essa realidade, muitas pessoas podem se questionar o porquê de alguém se submeter à um nível tão extremo de restrição, em troca de obter o tão desejado “Corpo perfeito”, vale realmente a pena?

Aviso de gatilho: Essa reportagem contém imagens e expressões que disseminam conteúdo ofensivo e violento. Se você sofre com algum tipo de disturbio alimentar, ou tem sensibilidade com esse conteúdo, não recomendamos a leitura desta matéria. 

Estar em forma sempre foi algo cobrado pela sociedade, os padrões inalcançáveis de beleza sempre estiveram em revistas, televisão, filmes e afins. Inconscientemente, é instalada uma cobrança interna, um culto de ódio ao próprio corpo para qualquer pessoa que esteja fora do “peso ideal”, ou até mesmo para as que estão. Não é novidade quando vemos um comercial de uma clínica de estética falando sobre os milagres de uma lipoaspiração, ou de medicamentos que prometem te fazer emagrecer em 30 dias ou menos. Há alguns anos atrás, você encontraria facilmente dicas de dietas ou de receitas de baixa calorias em revistas voltadas para o público adolescente.

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De acordo com a OMS, Organização Mundial da Saúde, hoje, 10% dos jovens brasileiros sofrem de algum tipo de transtorno alimentar, e pelo menos 4,7% da população brasileira em geral, também possui algum distúrbio alimentar.

Entrevistando um adolescente que possui um transtorno alimentar, e não deseja ser identificado, fizemos a seguinte pergunta:

Como e quando você percebeu que estava sofrendo de T.A?

A queda de realidade que tive de que tinha T.A não foi algo que aconteceu da noite pro dia, mesmo com todos os sintomas, pensamentos intrusivos, os quais atrapalhavam muito a minha rotina, só consegui cair na realidade e ver que era realmente algo que condizia comigo (diagnóstico de T.A), quando escutei de outra pessoa relatando tudo aquilo, pois me identifiquei por serem os mesmos sintomas, era T.A.

Nos dias atuais, as revistas já não são mais tão populares entre os jovens como antigamente, mas o culto à magreza permanece. Com o avanço da tecnologia, o acesso ao âmbito virtual cresceu, e as pessoas trouxeram seus velhos hábitos, por muito anos cultivados em diversos espaços da mídia, para a internet. O objetivo dessa matéria é destrinchar as comunidades online que romantizam e compartilham de conteúdos gordofóbicos, discursos de ódio que incentivam pessoas a fazer de tudo para conquistar a aparência desejada, sem nenhum acompanhamento médico. Conteúdos esses até mais extremistas do que os que podiam ser encontrados na mídia de alguns anos atrás, pois os limites para estes usuários são inexistentes.

A primeira comunidade vista nessa matéria será a "ED TWT", ED que significa eating disorder, traduzindo do inglês para 'distúrbio alimentar', e TWT é uma abreviação para Twitter, o aplicativo onde essa comunidade se encontra. Os perfis mais comuns nesse meio são de jovens, muitos menores de idade, que comentam diariamente sobre dietas, perda de peso e cultuam a magreza

ao extremo. Nos últimos 7 dias, a hashtag EDTWT teve quase 50 mil tweets.


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Você já participou de alguma comunidade online sobre T.A?

Eu nunca participei ativamente de uma comunidade online sobre T.A, mas já fui exposto à essas comunidades. Navegando pela internet, acabei caindo nesses espaços, muitos com relatos pesados e discursos de ódio. As plataformas foram principalmente instagram, mas também alguns blogs avulsos, acredito que ter visto o conteúdo dessas comunidades agravou muito meu transtorno.

A prática do No Food (Sem comida), muito usado com a abreviação "NF" é normalizada pelas pessoas do EDTWT. Os usuários chegam até mesmo ao ponto de apostar quem consegue ficar mais tempo sem comsumir nenhum tipo de alimento, e postar seus diários de no food, servindo de inspiração para os demais.

Nossa equipe entrevistou Gerlane Palmeira, profissional na área da nutrição. Ao ser questionada sobre a prática do no food, ela afirma:

O jejum a longo prazo e sem acompanhemento médico traz diversos malefícios ao corpo humano, como alterações de humor, hipoglicemia, desmaios,etc. Além disso, pode haver prejuízos ao sistema imunológico.


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A repercussão dos discursos de ódio é rápida e eficiente, tornando a comunidade cada vez mais tóxica e abusiva com seus usuários. Os ataques são direcionados até entre os próprios integrantes. É constante ver body shaming, termo em inglês para o ato de ridicularizar, zombar ou criticar a aparência física de uma pessoa. Muita gente posta fotos do próprio corpo, pedindo que os demais membros da comunidade julguem sua aparência física, com intuito de saber o que pode ser "melhorado", entretanto, as respostas não costumam ter um tom nada amigável.

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