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A Tecnologia e o Conhecimento Tradicional a Favor da Conservação da Floresta

Por:   •  29/3/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.282 Palavras (6 Páginas)  •  230 Visualizações

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Centro de Ciências da Saúde

Componente: GCCS759 -

PRÁTICAS SOCIAIS E PROCESSO EDUCATIVOS

Discente: Natália Oliveira Dos Santos

Docente: Rita de Cassia Nascimento Leite

ANCINE. A Tecnologia e o Conhecimento Tradicional a Favor da Conservação da Floresta. Youtube, 26 abr. 2021. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7WVo_dFj5v4>. Acesso em: 14 mar. 2022.

A série A Tecnologia e o Conhecimento Tradicional a Favor da Conservação da Floresta tem o objetivo de, a partir das falas de três grandes líderes indígenas, relatar a história de três tribos localizadas na Amazônia, suas lutas pelo seu território, pela disseminação e manutenção da sua cultura. A partir da análise da série e de materiais para fundamentação teórica, é possível se fazer um reconhecimento das práticas sociais e os processos educacionais presentes dentro do contexto dessas tribos na relação com a tecnologia e o conhecimento geracional.  

As falas dos representantes deixam claro como a cultura é o processo mais marcante dentro da população indígena, sendo ela responsável por formar os indivíduos que fazem parte da tribo, de acordo com os preceitos do meio em que se encontram. É imprescindível considerar que, somos series culturais, biologicamente sociais, temos características biológicas que nos define como espécie, mas essas mesmas características nos levam a uma necessidade de dependência de uma inserção social porque é ela que vai direcionar o nosso desenvolvimento. É aí que cultura se mostra então como um processo bastante relevante na formação do ser humano, considerando que cada cultura tem seu processo de formação, tem seu modelo de humano e desenvolve uma série de dispositivos para instruir esse humano a seguir o modelo que ela tem, a esses processos dá-se o nome de processos educativos, que, de acordo com Severo (2015) é algo global e envolve outros espaços e tempos sociais além o ambiente acadêmico. Uma das formas de observar esses processos educativos são nas informações intergeracionais que são transmitidas entre os membros de uma mesma tribo, gerando experiências e aprendizados que fazem parte da formação daqueles indivíduos.

Podemos perceber então, a partir do documentário, que os processos interativos entre as gerações acabam resultando em processos formativos, porque mesmo o processo de formação humana sendo de ordem pessoal há sempre um outro que atravessa, há sempre algo interativo, um outro que pode não estar fisicamente presente, mas pode estar indiretamente presente. Sendo nós seres culturais, a cultura é um processo de formação que vem muito antes de nós e foi se construindo e passando de uma geração a outra e permitiu que nós sejamos como somos. Através de um olhar retrospectivo vemos que nos indivíduos que existem hoje há muitas gerações e foi através do modo de existência dessas gerações que se permitiu que esses estivéssemos aqui. Segundo Junior et al. (2013) “as pessoas se colocam em relações e, nelas constroem conhecimentos e saberes que se traduzem em efetivas perspectivas de transformação.”, e dentro da cultura indígena esse processo de transmissão de conhecimento é valorizado e incentivado, considerando que é assim que eles podem transmitir sua sabedoria, aquilo que da base para sua cultura. É nesse processo formativo que os jovens vão se construindo, no contato com os mais velhos e no acesso aos materiais produzidos com os relatos desses, proporcionando a prática das atividades culturais que formam o conhecimento do seu povo.

Vemos então a importância do acesso a informatização e capacitação tecnológica dos jovens dessas comunidades, porque assim é possível que os relatos, o conhecimento, a sabedoria dos povos mais velhos seja eternizado de forma teórica, em livros que podem ser lidos por todas as próximas gerações, visando que pouco se perca e também possibilitando acesso a esse conhecimento para a população externa a comunidade. Mas além do material teórico, percebe-se a importância de que os jovens experiênciem as práticas culturais, como a utilização de ervas para a cura, da música para atrair coisas boas e do artesanato para produção de renda. Percebe-se então que, a experiência se mostra como indispensável para os processos educacionais, considerando a experiência segundo o que diz Cavaco (2016), ela é um processo que se da de modo singular, onde são absorvidas as potencialidades das situações e segundo Jorge Larrosa Bondía (2002), trata-se de algo não apenas vivenciado, mas que produz sentido para o que vivência. Para os participantes das comunidades indígenas, toda sua história, suas vivências, sua cultura de modo geral, possui sentido e é a base da sua vivência, aquilo que direciona seu modo de estar no mundo.

Percebe-se então, que a educação não se dá apenas nos espaços institucionais oficiais, ela se dá em todos espaços onde há pessoas se relacionando. A série mostra como isso ocorre de modo continuo dentro da cultura indígena, no contato desses com informações tecnológicas e no acesso das pessoas externas à comunidade e sua sabedoria. Segundo Gohn (2014) “a educação não formal é aquela que se aprende "no mundo da vida", via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivos cotidianas.”, a esses processos que possibilitam a produção de um conhecimento sobre a realidade dá-se o nome de situação gnosiológica, segundo Tafuri e Gonçalves (2017), a situação gnosiológica ocorre a partir de uma ação humana consciente, refletida, a qual recebe o nome de práxis, sendo essa uma atividade humana que visa transformar a realidade, sustentada no processo de reflexão. É uma ação refletida que visa uma transformação que pode ser tanto da natureza como do próprio homem, considerando que toda transformação produz transformação no homem. (TAFURI, GONÇALVES; 2017). É evidente que o conhecimento acadêmico cientifico é muito importante, mas não é suficiente, por isso esse movimento de se aproximar dos conhecimentos não acadêmicos. Essas trocas entre diferentes saberes tem sido muito importante para nós como espécie humana, sendo isso não apenas de modo teórico, a partir dos livros, mas também por meio das práticas, considerando que, a participação nos processos educativos, as experiências, se constituem como socialização e incitam um maior desejo nas pessoas de continuar a participar desses processos (GOHN, 2014), fazendo com que se sintam parte do que estão fazendo.

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