A Unidade básica de crescimento do ser humano
Por: Paskualle • 20/5/2018 • Trabalho acadêmico • 2.281 Palavras (10 Páginas) • 195 Visualizações
A família é a unidade básica de crescimento do ser humano (ABBUD, et al, 2002). No entanto, as famílias têm se esquecido da sua principal responsabilidade na formação ética e moral dos filhos, que além da educação deve prepará-lo para o convívio em sociedade.
O organismo e o meio possuem ação recíproca (PIAGET, 1977). Logo, temos que observar as ações dos pais, comportamentos e também como é o meio que o Salim vive e as demais pessoas que fazem parte de seu mundo. Porque todas as experiências vivenciadas por ele até hoje são a base que ele tem para as suas construções futuras.
Do nascimento aos dois anos de idade, aproximadamente, a criança já começa a construir as noções de espaço (MACEDO, 1991, p.122), o que claramente afetou muito Salim, pois ele tinha total liberdade para dormir onde quisesse, e junto aos pais quando quisesse. Salim através da comunicação emotiva (choros, sorrisos, gritos) impunha suas vontades, segundo Henri Paul Wallon (1979) a comunicação emotiva é necessária para que a criança possa expressar suas necessidades, porém o mesmo ressalta a importância da intervenção dos pais para o controle dessa comunicação. Controle esse que não era exercido pelos pais de Salim influenciando na formação de sua personalidade.
Também é dos dois aos sete anos que a criança desenvolve a linguagem, fator muito importante pois ocasiona mudanças nos aspectos intelectuais, afetivos e sociais da criança (ROCK, et al, 2002). Neste mesmo período a criança desenvolve seus próprios sentimentos, inclusive o respeito que ele criará para com as pessoas que ele julga serem superiores. O que precisamos refletir é sobre como tem sido a comunicação dentro de casa, assim como a exposição clara dos seus direitos e deveres de Salim. Além disso, aos cinco anos de idade, Salim selecionava quem ia buscá-lo na escola, se era o pai ou a mãe. Novamente fazendo uso da comunicação emotiva para alcançar os objetivos de forma incisiva, além disso Salim tinha suas demais necessidades prontamente sanadas pelos pais “O casal sempre deu todos os presentes que o filho solicitava”. O que nos leva a pensar: Como tem se formado a imagem dos pais para essa criança?
Salim possui bastante liberdade e nessa fase, a realidade para a criança ainda é vista de maneira incompleta e se torna um pouco distorcida ainda por não haver completo desenvolvimento. É um período de grandes transformações, criações e aprendizados.
Observamos também que Salomão precisa se mudar de cidade, mas Romana não quer ir porque dedica muito tempo aos seus pais, mesmo que esses não tenham nenhum tipo de problema. O Salomão vai se mudar de cidade por conta do emprego, e Romana alega ser um dos motivos para a separação do casal. E com a separação o padrão econômico de vida de ambos será reduzido pela metade e com isso estão preocupados em não poder atender todas as necessidades do filho. Há duas informações bastante importantes nessa parte que precisam ser analisadas: 1º) a grande dedicação do tempo de Romana aos pais, que pode ter influenciado no acompanhamento do desenvolvimento de Salim. 2º) Umas das principais preocupações dos pais é não continuar atendendo a todas as vontades de Salim, o que salienta a irresponsabilidade comportamental dos pais para o com o filho.
O período das operações concretas, que ocorre dos sete aos doze anos, possui melhor desenvolvimento mental, com início da construção lógica, ou seja, a capacidade da criança de estabelecer relações que permitam a coordenação de pontos de vista diferentes. No plano afetivo, significa que a criança será capaz de cooperar com os outros, de trabalhar em grupo e, ao mesmo tempo, de ter autonomia pessoal. (BOCK, et al, 2002). Levando em conta a cultura comportamento na qual Salim foi submerso, é esperado gosto pelo controle de tudo e todos como descreveram, inclusive as brincadeiras entre amigos. Podemos traduzir isso como uma falta de controle dos pais que deveria ter sido exercido sobre a criança, que manifestou um controle excessivo em tudo, hora fazendo uso da comunicação emotiva, hora impondo suas vontades de forma impetuosa.
Atualmente Salim esta no 3º ano do ensino fundamental, a coordenação da escola já deixou claro suas limitações e as chances de reprovação que ele tem. Nos estudos de Piaget surge a teoria da equilibração, de uma maneira geral, trata um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, e assim é considerada como mecanismo autorregulador, necessária para assegurar a criança uma interação eficiente dela com o meio-ambiente (WADSWORTH,1996). Piaget postula que todo esquema de assimilação tende a alimentar-se, isto é, a incorporar elementos que lhe são exteriores e compatíveis com a sua natureza. Porém não é sempre que a equilibração é possível, em outras ocasiões, a criança pode entender parcialmente o novo, deformando alguns de seus aspectos para que eles caibam no seu modo de compreender - ou, para falar de um jeito mais técnico, em seus esquemas de assimilação. Por exemplo, uma criança pode pensar, por intuição ou analogia, que o gato é um ser vivo porque se movimenta. Da mesma maneira, conclui o pequeno, a árvore também é um ser vivo, pois suas folhas balançam ao sabor do vento. Apesar de a ideia de que animais e vegetais possuem vida ter sido assimilada, o raciocínio não está adequado porque alguns aspectos foram deformados - quando ela perceber que o movimento do gato é autônomo e o da árvore é resultado do vento sobre as folhas, haverá outro processo de equilibração, que tornará esse conhecimento (sempre provisório e passível de ampliação) mais correto e complexo. explica Orly Zucatto Mantovani de Assis, professora aposentada e coordenadora do Laboratório de Psicologia Genética da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Essa teoria se mostra aplicável ao comportamento de Salim que vem apresentando dificuldade na escola, tanto no campo do raciocínio lógico onde apresenta dificuldade em compreender operações matemáticas básicas, como na parte gramatical da língua, chegando a beira da reprovação.
Piaget (1975) postula que desenvolvimento da personalidade sob seus aspectos mais intelectuais é indissociável do conjunto das relações afetivas, sociais e morais, o que torna evidente a influência negativa que o comportamento adotado pelos de Salim teve em suas mais diversas gamas.
O médico e educador Henri Paul Wallon (1979) considera o ser humano como um todo, sendo as emoções responsáveis pelo desenvolvimento do ser humano. Através do meio em que a criança vive, os sentimentos como alegria, tristeza, medo, ódio, amor, passam a ter maior ou menos relevância.
Wallon defende que o processo de evolução depende tanto da capacidade biológica do sujeito quanto do ambiente, que o afeta de alguma forma. Ele nasce com um equipamento orgânico, que lhe dá determinados recursos, mas é o meio que vai permitir que essas potencialidades se desenvolvam (DANTAS, 1992).
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