A cultura é um sistema de símbolos e significados
Resenha: A cultura é um sistema de símbolos e significados. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Gege2014 • 30/11/2014 • Resenha • 637 Palavras (3 Páginas) • 929 Visualizações
Segundo David Schneider, “Cultura é um sistema de símbolos e significados. (...)”4
. Para
Max Weber, o homem é um animal que vive preso a uma teia de significados por ele mesmo
criada5
. Partindo desse raciocínio, Clifford Geertz sugere que essa teia e sua análise seja o que
chamamos de cultura.
No trabalho de análise dessa teia, nos diz Geertz, a missão do antropólogo é desvendar esses
significados, estabelecendo relações entre si, de forma a ensejar uma interpretação semiótica do
objeto analisado. E uma boa interpretação só será possível, continua ele, através do estabelecimento
dessas relações, da seleção de informantes, da transcrição de textos, do levantamento de
genealogias, do mapeamento de campos etc., em suma, através de um levantamento etnográfico6
.
Ou, segundo a noção de Gilbert Ryle, de uma “descrição densa”. E fazer a etnografia do objeto,
elaborar uma descrição densa, “é como tentar ler um manuscrito estranho, desbotado, cheio de
elipses, incoerências, emendas suspeitas e comentários tendenciosos...”7
; porém, o que interessa
não é a interpretação e explicação dos fatos de forma isolada, e sim, a importância do conjunto,
como ele está sendo vivido e transmitido, perpetuado pela adaptação de quem chega e se insere na
urdidura dos significados, sejam eles julgados corretos, ridículos, inocentes, cruéis...
Segundo Geertz, a cultura não é nunca particular, mas sempre pública. Assim, entendo que
os elementos que constituem as teias propostas por Weber, não têm criadores identificáveis. Os
fatos inovadores nascem e evoluem numa reprodução expontânea e despercebida dos agentes
culturais, e na maioria das vezes só percebidos na análise extrínseca de um agente alienígena.
Como um sistema de signos passíveis de interpretação – ressalta Geertz – a cultura não é
um poder, algo ao qual podem ser atribuídos casualmente os acontecimentos sociais, os
comportamentos, as instituições ou os processo; ela é um contexto, algo dentro do qual eles (os
símbolos) podem ser descritos de forma inteligível – isto é, descritos com densidade.”8
Seguindo o
raciocínio de Geertz, podemos refutar a idéia de Tylor, de que a cultura é um fenômeno natural, e
inferir que ela seja um fenômeno social, cuja gênese, manutenção e transmissão estão a cargo dos
atores sociais.
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4
Laraia, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Zahar. Rio de Janeiro, 1986, pg. 63
5
Geertz, Clifford. A interpretação das Culturas. Zahar. Rio de Janeiro, 1973, pg. 15
6
Idem.
7
Geertz, Clifford. A interpretação das Culturas. Zahar. Rio de Janeiro, 1973, pg. 20
8
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