A interpretação dos sonhos - Resumo
Por: Rhebecca Araujo • 16/6/2016 • Resenha • 1.131 Palavras (5 Páginas) • 6.695 Visualizações
A Interpretação dos Sonhos – Freud
(C) REALIZAÇÃO DE DESEJOS
A partir de suas análises iniciais de sonhos, Freud começou a perceber que por trás dos sonhos se ocultavam um sentido e um valor psíquico. Surgiu então uma atenção ao papel desempenhado nos sonhos pela realização de desejos e a importância dos pensamentos de vigília (estado ordinário de consciência, complementar ao estado de sono, ocorrente no ser humano e em outros seres vivos, em que há manifestação da atividade perceptivo-sensorial e motora voluntária) que persistem no sono. A partir da realização de desejos, Freud dividiu inicialmente os sonhos em dois grupos: 1) Sonhos que se apresentavam abertamente como realização de desejos e 2) Sonhos em que essa realização era irreconhecível e frequentemente disfarçada por todos os meios possíveis (Censura onírica).
Onde se originam os desejos que se realizam nos sonhos?
De acordo com Freud, esse seria um contraste entre a vida diurna conscientemente percebida e uma atividade psíquica que permanece inconsciente e da qual só nos damos conta à noite. Dessa forma, surgiriam quatro origens possíveis para tais desejos: 1) É possível que eles tenham sido despertados durante o dia e, por motivos externos, não tenham sido satisfeitos. Nesse caso, um desejo reconhecido do qual o sujeito não se ocupou fica pendente para a noite (Sistema pré-consciente); 2) É possível que tenham surgido durante o dia, mas tenham sido repudiados; nesse caso, o que fica pendente são os desejos que a pessoa não se ocupou, mas que foram suprimidos (Do sistema pré-consciente para o inconsciente); 3) Eles podem não ter nenhuma ligação com a vida diurna e serem aqueles desejos que só à noite emergem da parte suprimida da psique e se tornam ativos em nós (Incapazes de transpor o sistema inconsciente); 4) Desejos atuais que surgem durante a noite (sede, necessidades sexuais...).
Surge então a questão de saber se os desejos oriundos dessas diferentes fontes são de igual importância para os sonhos e se possuem igual poder para instigá-los. Mediante numerosas análises, segundo Freud, sempre que um sonho sofre distorção, o desejo brotou do inconsciente e foi um desejo que não pôde ser percebido durante o dia. Assim, à primeira vista, todos os desejos parecem ter igual importância e igual poder nos sonhos.
Os sonhos de crianças são os maiores exemplos de que um desejo não trabalhado durante o dia pode agir como instigador do sonho. Já no caso dos sonhos de adultos, essa explicação não se mostra suficiente, pois o sonho não se materializaria se o desejo pré-consciente não tivesse êxito em encontrar “reforço” de outro lugar. Portanto, um desejo consciente só consegue tornar-se instigador do sonho quando logra despertar um desejo inconsciente do mesmo teor e dele obter “reforço”. Dessa forma, cada pequena peculiaridade na configuração do sonho serve de indicador para nos colocar na pista dos desejos inconscientes.
Posteriormente, Freud ressalta que esses desejos mantidos sob recalcamento e representados nos sonhos têm origem em desejos infantis. Portanto, as moções de desejo que restam da vida consciente de vigília devem ser relegadas a uma posição secundária com respeito à formação dos sonhos. Quando dormimos, podemos ter êxito em fazer com quem cessem temporariamente as catexias de energia ligadas a nossos pensamentos de vigília. Podemos classificar as moções de pensamentos que persistem no sono nos seguintes grupos: 1) O que não foi levado a uma conclusão durante o dia, devido a algum obstáculo; 2) O que não foi tratado devido à insuficiência de nossa capacidade intelectual, o não resolvido; 3) O que foi rejeitado ou suprimido durante o dia; 4) O que foi ativado em nosso Inconsciente pela atividade Pré-consciente no decorrer do dia; 5) Aquelas impressões diurnas que foram indiferentes e que, por essa razão, não foram tratadas.
SONHOS PRAZEROSOS X SONHOS DESPRAZEROSOS
As excitações de desejos inconscientes penetram nos sonhos em grande quantidade e se valem do conteúdo destes para ganhar acesso à consciência mesmo durante o sono. Os restos diurnos também participam desse processo. Freud ressalta que os sonhos se articulam de maneiras diferentes com relação ao material onírico proveniente dos desejos que lhes são oferecidos, podendo ser divididos em dois grupos: A) o trabalho do sonho pode ter êxito em substituir todas as representações aflitivas (dolorosas, torturantes...) por seus contrários e em suprimir os afetos desprazerosos ligados a elas. O resultado é um sonho puro de satisfação, uma realização do desejo; B) As representações aflitivas, modificadas em maior ou menor grau, mas mesmo assim bem menos reconhecíveis, podem ganhar acesso ao conteúdo manifesto do sonho. O resultado são os sonhos que geram angústia ao despertar. Porém, o processo analítico demonstra que esses sonhos desprazerosos também são realizações de desejos, tanto quanto os demais. Ocorre, portanto, um reflexo do abismo existente entre o consciente e o inconsciente do sujeito que sonha. Os sonhos desprazerosos podem ser também “sonhos de punição”. O que neles se realiza é também um desejo inconsciente, a saber, o desejo do sonhador de ser punido por uma moção de desejo recalcada e proibida. Reiterando a noção de que a força propulsora dos sonhos são os desejos inconscientes.
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