A questão behaviorista no livro "admirável mundo novo"
Por: liviaazvd • 24/5/2017 • Artigo • 1.944 Palavras (8 Páginas) • 1.252 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE HUMANIDADES E SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Lívia Barreira de Azevedo
A questão behaviorista no livro “Admirável Mundo Novo”
Rio das Ostras
2016
Introdução
O presente trabalho abordará o livro Admirável mundo novo e o Behaviorismo, analisando a relação entre eles, passando pelo surgimento do behaviorismo até os dias atuais e sua influência na construção desse livro para o autor, através de análises de textos e reflexões acima de suas semelhanças e diferenças.
Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo, sua distopia futurista, narra a história de uma sociedade completamente organizada e estruturada a partir de castas. O mundo passa a ser governado pela Administração mundial, um governo único que busca manter a “estabilidade social”. Os métodos utilizados para manter essa estabilidade ocorrem principalmente através do condicionamento dos indivíduos desde bebês, por exemplo, o processo bokanovsky, uma fecundação artificial em que a partir de cada óvulo são gerados 96 gêmeos, isso permite a padronização e uniformização da sociedade mais facilmente. No D.I.C (Centro de Incubação e Condicionamento) é dado esse processo, cada bebê de proveta é gerado com a sua casta determinada, sua profissão e o modo de pensar de acordo com o que o Estado quer e para isso usa a hipnopedia, uma técnica para que se possa aprender durante o sono (um gravador ou CD repete diversas vezes o que deve ser assimilado) assim eles apenas memorizam e reproduzem, sem um senso crítico.
Logo nos primeiros capítulos é possível perceber claramente a relação com o behaviorismo. Em suas raízes – matrizes – sendo uma delas a sociocultural, Figueiredo diz,
“É necessário que práticas sócias institucionalizadas criem as condições para que o “funcionamento” do sujeito seja equiparado aos processos impessoais e padronizados da natureza inanimada e ás formas de movimentos articuladas mecanicamente – das máquinas.”(FIGUEIREDO, 1991, p. 68)
Essa afirmativa se relaciona diretamente com o método e ideia trazidos pelo livro. O behaviorismo nasceu em 1913 com John Watson afim de aproximar a psicologia às ciências naturais, sendo o estudo do comportamento objetivo, mensurável, previsível e controlável. Fundamentado pelo positivismo de Auguste Comte, movimento que segundo ele “constituiria uma verdade inquestionável, o único conhecimento válido é o de natureza social e observável de forma objetiva” (SCHULTZ, 2009, p. 230), pela matriz mecanicista, segundo o encadeamento de causa e efeito, o passado poderia ser deduzido pelo presente, sendo possível também definir e prever acontecimentos futuros de maneira determinista, pela matriz funcionalista, onde a principal característica é o papel funcional dos estados mentais no sistema, a adaptação proposta por Darwin teve grande influência, estar adaptado é estar ajustado às demandas do meio social, de acordo com Ferreira e Gutman “O psicólogo entra nesse contexto como um engenheiro social da utilidade, buscando promover à moda UTILITARISTA, o maior bem possível. Transforma-se assim a utilidade individual em patrimônio social.” (2004, p. 137), e a matriz organicista, a psicologia animal cuja explicação era objetiva e mecanicista, passível de experimentação, baseada na associação de elementos.
Suas bases vieram de Ivan Pavlov, experimentador do estímulo-resposta, e Edward Thorndike, psicólogos que iniciaram seus estudos sobre o comportamento em animais. Watson não levava em consideração os processos mentais ou comportamento operante, possibilidade de o sujeito agir sobre o ambiente e produzir modificações que alterariam a relação como um todo. Skinner mais a frente com o behaviorismo radical surge com esse conceito, sendo de grande influência até os dias atuais. No período em que foi escrito e publicado (1932) ainda não havia a proposta de Skinner (1945) para o behaviorismo, portanto a influência é direta dos seus antecessores, mais precisamente Pavlov. Watson afirmava que poderia transformar o repertório comportamental de um bebê da maneira que ele quisesse a partir do condicionamento. O experimento com o pequeno Albert demonstra como ele poderia “criar” o medo, se deu da seguinte forma:
“Em primeiro lugar, ele apresentou um rato branco a um bebê (o pequeno Albert), verificando que não havia qualquer reação emocional do bebê em relação ao rato (na linguagem do senso comum, diríamos que o bebê não tinha “medo” do rato). Em seguida, valendo-se do conhecimento de que bebês reagem de maneira emocional (choram e ficam inquieto) a sons altos e abruptos, Watson produziu esse tipo de som (batendo em um pedaço de metal) ao mesmo tempo em que apresentava o rato branco para a criança. Depois de repetir esse processo sistematicamente, observou-se que, na presença do rato branco (estímulo inicialmente neutro), a criança começava a chorar, tentando afastar-se do animal (resposta). Com isso, Watson tinha criado o medo de rato na criança.” (LOPES, 2010, p. 93-94)
Com base no estímulo-reflexo, ele realizava seus experimentos e os comprovava, até certo ponto, pois foi alvo de inúmeras críticas por se tratar de uma visão mecanicista, seria totalmente previsível e certo de que para um dado estímulo a resposta seria uma correspondente, não permitindo nenhuma falha. No livro um exemplo de comportamento obtido através do estímulo-reflexo, chamado de neopavloviano pelo autor é do medo, ódio, às flores e aos livros. Em umas das salas de condicionamento as enfermeiras colocam os bebês para interagir com livros e flores, a sensação de prazer e euforia é imediata, porém quando uma alavanca é acionada, sons agudos, de sirenes e alarmes são disparados juntos a choques elétricos fazendo com que a reação dos bebês seja diferente, ficam desesperadas e aterrorizadas. Quando lhes é apresentado novamente os mesmos objetos, só pela visão deles, recuam e demonstram medo. O emparelhamento da situação causa uma assimilação na mente infantil, e sendo feita repetidas vezes se tornaria indissociável. Outro exemplo é do condicionamento ao calor,
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