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Adolescência e profissão

Por:   •  4/6/2017  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.718 Palavras (11 Páginas)  •  219 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG

CENTRO ACADÊMICO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS

UNIDADE ACADÊMICA DE PSICOLOGIA – UAPSI

DISCIPLINA: SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL I

PROFESSOR: ÂNGELO XAVIER

ALUNAS: ELEN ARAÚJO

JOSEFA MARIA CONCEIÇÃO PAULO MALAQUIAS

JULIANA COSTA LIRA

REJANE MARIA DE LIMA

ROSÁLIA BIANCA OLIVEIRA ALENCAR

A PSICANÁLISE E A CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA

Capítulo III

Campina Grande

2017

Nesse capítulo, Tenório enfatiza a importância do cuidar do sujeito e do impacto dá reforma nos ambulatórios da reforma. A perspectiva de um binômio “ambulatório-enfermaria”, que tem a concepção de doença e tratamento, visando unicamente à ação médica, já criticada no capítulo anterior, dar um norte as mudanças necessárias nesse ponto.

Os ambulatórios falharam ao tentar constituir uma alternativa ao atendimento asilar e Tenório ressalta uma citação de Erotildes Leal que retrata o ambiente ambulatorial como um local em que os médicos apenas designavam receitas, muitas vezes a tomar conhecimento do pacientes, outros profissionais como psicólogos e assistentes sociais limitavam-se a atender apenas uma demanda e tratar de transporte para internação. O que percebemos é que o ambulatório não é alternativa ao asilo, pois o mesmo representa uma clientela marcada pela indução à fármaco-dependência. Observamos então que as possíveis estratégias de substituição ao asilo é o CAPS e NAPS.

É fato que os ambulatórios psiquiátricos acabaram sendo, também, um gerador de internações e o objetivo pragmático da reforma é deter o fluxo de internações. No entanto os ambulatórios oferecem uma estrutura terapêutica limitada a consultas individuais com acompanhamento médico e/ou psicoterapêutico, sendo a única diversificação a psicoterapia em grupo. Ainda assim, o ambulatório tem seu papel na reforma, é uma porta de entrada decisiva para o tratamento continuado e também pode atender de forma objetiva a clientela que não precisa estar nos CAPS. Para isso é preciso uma renovação, uma transformação que coloque os ambulatórios em sintonia com a reforma é seu objetivo.

Tenório cita como exemplo o Instituto de Psiquiatria da UFRJ, que se transformou colocando-se em consonância com os ideais dá reforma. O primeiro passo para uma mudança significativa foi trabalhar a porta de entrada, a forma de receber e acolher o sujeito.  Anteriormente a triagem era mal feita ou demorada, chegando a ficar 85dias consecutivos fechados. Uma triagem bem feita pode levar a clientela ao tratamento que melhor se adeque. Até mesmo quando a triagem funcionava, algumas vezes demorava de dois a três meses para receber atendimento. Tenório frisa a precariedade dessa situação, pois se alguém recorre ao serviço psiquiátrico é porque se deu conta de que não consegue lidar com o próprio sofrimento sozinho e isso exige certa urgência, o atraso nesse atendimento acarretava o agravo dá condição o que por sua vez levava as internações. Outro ponto trata-se dá escuta, já que as mesmas eram feita por psiquiatras que delimitavam o que era clínico e o que não era diagnóstico e gravidade.

TRANSFORMANDO O AMBULATÓRIO A PARTIR DA RECEPÇÃO

Para que houvesse uma reforma no tocante ao atendimento ao paciente, era necessário um cuidado maior desde o primeiro contato do futuro usuário do sistema psiquiátrico ou psicológico, com a instituição. A forma de recebimento destas pessoas precisava passar por um processo de mudança. Imagine uma pessoa de um atendimento psicológico ou psiquiátrico que na maioria das vezes de forma muito relutante toma a decisão de iniciar um tratamento e quando chega à instituição recebe a noticias que só poderá ser atendido depois de alguns meses. Dizer à uma pessoa que se encontra em um momento delicado que ela não poderá ser ouvida por ninguém antes de dois meses ou mais é desconsiderar o centro principal de todo tratamento: o sofrimento do indivíduo que gerou a demanda de ajuda. Outro problema estava relacionado à escuta que caracterizava o atendimento da triagem.

Pacientes tidos como psicóticos já eram encaminhados para tratamento medicamentoso, a psicoterapia só era uma opção utilizada quando o tratamento farmacológico se tornava insuficiente. A psicoterapia era vista como o ‘resto’, útil para casos menos graves ou de exclusão. Agora com as reformulações o atendimento deixou de ter um caráter unicamente de demanda e passou a servir de uma classificação diagnóstica imediata:

O que se tinha enfim era uma triagem preocupada exclusivamente com uma classificação diagnostica imediata, tomando a fala do paciente não como demanda, mas como veiculo de apresentação de sinais e sintomas que permitiam ao médico deliberar, com base na primeira entrevista, qual a indicação terapêutica. (TENORIO, 2000)

A implantação de uma nova modalidade de recepção, os grupos de recepção – inspirados em uma experiência semelhante desenvolvida no Hospital Jurandyr Manfredini, que tem a especificidade de ser um dispositivo de escuta e recepção no setor de emergência - , visava aperfeiçoar e agilizar o atendimento aos novos pacientes do ambulatório, visava uma transformação geral da assistência que causaria como efeito os desdobramentos no funcionamento e na cultura do serviço como um todo. Segundo Tenório (2000), “a recepção em si já era terapêutica.”

Os pontos principais para esta reformulação da assistência receptiva são: agilizar e qualificar o atendimento.

  • Agilizar o atendimento: Significava que aquele que chegasse buscando um atendimento para sua demanda de sofrimento, deveria ser atendido no mesmo dia, ou se possível a espera, que esta espera fosse mínima, nunca um prazo superior a um mês.
  • Qualificar o atendimento: Significava instituir uma escuta que fosse além de uma avaliação diagnóstica apressada e da indicação apriorística da conduta.

Qualificar a escuta significava “desmedicalizar a demanda e subjetivar a queixa. Os grupos de recepção deveria cria um espaço de fala onde o paciente viesse quantas vezes fosse preciso para construir ou clarificar suas demandas.

Ao falar em desmedicalizar e subjetivar como objetivos do novo trabalho de recepção, a equipe se utilizava de indicações da psicanálise, no sentido de convidar o sujeito a se interrogar sobre seu sintoma e se implicar no tratamento psíquico [...] ser resolutivo, neste contexto, significava ser capaz de sustentar essa oferta de subjetivação, recusando as soluções rápidas muitas vezes pedidas pelos pacientes, como remédio, encaminhamento, respostas, mas sem deixar de tomar as providencias necessárias no tempo certo, isto é, tomando o cuidado de não transformar essa orientação em uma armadilha. (TENORIO, 2000).

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