"Além Do Princípio De Prazer" (1920) - Resenha
Casos: "Além Do Princípio De Prazer" (1920) - Resenha. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Cassia04 • 18/9/2013 • 1.068 Palavras (5 Páginas) • 2.352 Visualizações
Artigo no qual Freud desenvolve a noção de pulsão de morte e compulsão à repetição.
Neste trabalho, o autor privilegia a descrição metapsicológica da mente onde, além do ponto de vista dinâmico e topográfico, apresenta uma visão econômica do funcionamento do aparelho psíquico. Freud analisa o princípio de prazer do ponto de vista econômico, correlacionado-o ao princípio de constância, cuja função é de manutenção da quantidade de energia a mais baixa possível - o prazer corresponderia a uma diminuição da quantidade de excitação (já o desprazer, a um aumento).
"A tendência dominante da vida mental e, talvez, da vida nervosa em geral, é o esforço para reduzir, para manter constante ou para remover a tensão interna devida aos estímulos (o ‘Princípio de Nirvana’)” (p. 66).
A partir da observação das brincadeiras de seu neto, dos sonhos das neuroses traumáticas e das transferências na análise (onde os pacientes repetiam na transferência os acontecimentos traumáticos da infância), Freud passa a questionar o papel desempenhado pelo princípio de prazer. Nestas situações nota a presença de uma compulsão à repetição de cenas que não representam prazer e que indicam que o princípio de prazer não rege todo o funcionamento mental: “Existe realmente na mente uma compulsão à repetição que sobrepuja o princípio de prazer” (p.33).
Observando seu neto (um ano e meio de idade), percebe que este brinca com um carretel, fazendo com que desapareça e apareça. Ele analisa este jogo como uma simbolização da falta materna, em que a criança encenava a alternância entre ausência e presença da mãe. O jogo era acompanhado das verbalizações Fort (ir embora), quando o objeto se afastava e Da (ali), quando o mesmo aparecia.
Uma das coisas que chamou a atenção de Freud, diante do jogo, foi o ato da partida do objeto ser encenado com muito mais freqüência do que o episódio do retorno, que seria, supostamente, mais prazeroso. O autor também analisa que o jogo mudaria a criança de posição: de um lugar passivo, passaria a ativo. "Quando a criança passa da passividade da experiência para a atividade do jogo, transfere a experiência desagradável para um de seus companheiros da brincadeira e, dessa maneira, vinga-se num substituto”(p.28).
Ao se deparar com os sonhos repetitivos de pacientes com neuroses traumáticas (e de guerras), Freud passa a questionar sua teoria dos sonhos, pela qual afirmava que todos os sonhos seriam uma realização de desejo. Ele analisa a função desses sonhos, que repetem cenas traumáticas, como dolorosas. Para ele, tais sonhos teriam a função de desenvolver a angústia retroativamente, onde esta faltou.
É interessante que Freud enfatiza a importância da hipercatexia na proteção de um distúrbio. Exemplifica, então, que a hipercatexia pode ocorrer por meio da angústia e até mesmo de uma doença física:
“Distúrbios graves na distribuição da libido como a melancolia, são, temporariamente interrompidos por uma moléstia orgânica intercorrente, e, na verdade, que mesmo uma condição plenamente desenvolvida de demência precoce é capaz de remissão temporária nessas mesmas circunstâncias” (p.43).
Freud retoma seu texto “Recordar, repetir e elaborar”(1914), no qual sinaliza que aquilo que não pode ser recordado é repetido. Analisando a resistência, infere que esta provém do ego e não do inconsciente, uma vez que o reprimido não oferece resistência. Ao contrário, luta por manifestar-se por meio da repetição. O autor afirma que a repetição seria antagônica ao princípio de prazer enquanto que a resistência estaria a serviço deste princípio (tenta evitar a emergência do material reprimido que levaria ao desprazer). Assim, o ego, respondendo ao processo secundário, impede a rememoração do material reprimido, que só encontra saída na repetição.
Com relação ao trauma e sua origem, Freud faz uma longa explicação no texto “Projeto para uma psicologia científica”(1895). Descreve uma função de proteção do aparelho psíquico, que só existiria quando os estímulos vêm do exterior: “A proteção contra os estímulos é, para os organismos
...