Análise do Artigo de Baun & Clarke, 2006
Por: Rita Camilo • 29/3/2021 • Trabalho acadêmico • 1.244 Palavras (5 Páginas) • 242 Visualizações
“Using thematic analysis in psychology” - Análise temática
Através da sua liberdade teórica, a análise temática fornece uma ferramenta de pesquisa flexível e útil, que pode potencialmente fornecer um corpo de dados rico e detalhado, mas complexo.
O importante é que, além de aplicar um método aos dados, os autores tornem explícitos os seus pressupostos (epistemológicos e outros) (Holloway e Todres, 2003).
O que é a análise temática?
A análise temática é um método para identificar, analisar e reportar padrões (temas) dentro dos dados. Organiza e descreve um conjunto de dados em detalhes (ricos).
Há temas que emergem ao longo da entrevista
Como a análise temática não requer o conhecimento detalhado teórico e tecnológico, pode oferecer uma forma de análise mais acessível, particularmente para iniciantes.
Não está vinculada a qualquer quadro teórico pré-existente, podendo ser usada em diferentes estruturas teóricas
A análise temática pode ser um método essencialista ou realista, que reporta experiências, significados e a realidade dos participantes, ou pode ser um método construtivista, que examina as formas em que eventos, realidades, significados, experiências e assim por diante são os efeitos de uma gama de discursos que operam na sociedade.
O que conta como tema?
Um tema capta algo importante sobre os dados em relação à questão de pesquisa e representa algum nível de resposta ou significado padronizado dentro do conjunto de dados.
Necessária flexibilidade; regras rígidas não funcionam
Fazer uma descrição rica do conjunto de dados ou um corpo detalhado de um aspeto particular
Fazer uma análise temática: um guia passo a passo
Estas directrizes deverão ser aplicadas com flexibilidades para atender às questões e dados de pesquisa (Patton, 1990). Além disso, a análise não é um processo linear de simplesmente passar de uma fase para outra. Em vez disso, é um processo mais recursivo onde há um movimento de um lado para o outro, conforme necessário, ao longo das fases. É também um processo que se desenvolve ao longo do tempo (Ely et al., 1997) e não deve ser apressado.
Tabela 1 – resumo das diferentes fases
Fase | Discrição do processo | |
1 | Familiarizar-se com os seus dados | Transcrever dados (se necessário), ler e reler os dados, anotar ideias iniciais. |
2 | Gerar códigos iniciais | Codificar recursos interessantes dos dados de forma sistemática em todo o conjunto de dados, agrupando dados relevantes para cada código. |
3 | Procurar temas | Colocar códigos em temas potenciais, reunir todos os dados relevantes para cada tema potencial. |
4 | Rever temas | Verificar se os temas funcionam em relação aos extratos codificados (Nível 1) e a todo o conjunto de dados (Nível 2), gerar um “mapa” temático da análise. |
5 | Definir e nomear temas | Análise contínua para refinar as especificidades de cada tema e a história geral da análise, gerar definições e nomes claros para cada tema. |
6 | Elaborar o relatório | Última oportunidade para a análise. Seleção de exemplos de extratos vivos e convincentes, análise final de extratos selecionados, relacionar a análise com as questões de pesquisa e literatura, produzir um relatório académico da análise. |
Fase 3 – Procurar temas
Escolher os códigos relevantes, identificando os temas.
Analisar os códigos e considerar como diferentes códigos podem combinar e formar um tema abrangente. Pode ser útil, nesta fase, usar representações visuais para ajudar a transformar os diferentes códigos num tema. Pode-se usar tabelas, mind-maps, ou escrever cada código [a]num papel (com uma breve descrição a acompanhar) e depois organizá-los em pilhas por tema.
É possível que surja um conjunto de códigos que parecem não pertencer a lado nenhum, e isso é perfeitamente aceitável para criar um “tema” chamado “diversos” – possivelmente temporário.
Fase 4 – Rever temas
Refinamento dos temas.
Durante esta fase, perceber-se-á que alguns candidatos a temas não são realmente temas (ex.: se não são suportados por dados suficientes, ou os dados são muito diversificados), enquanto outros podem colapsar entre si (ex.: dois temas aparentemente separados podem formar um). Outros temas podem precisar de ser separados em vários temas.
Esta fase envolve dois níveis de revisão e refinamento dos temas.
Primeiro nível – rever todos os dados de cada código de cada tema; considerar se se observa um padrão coerente entre estes; se houver o tal padrão ok, se não houver há que considerar se o tema é problemático ou se os dados não se encaixam nesse sítio (tema, código), sendo necessário criar um novo tema, encontrar uma nova casa para aqueles dados, ou descartar esses dados da análise
Segundo nível – perceber se o mapa temático reflete os significados no conjunto de dados e se é representativo; reler todo o conjunto de dados para verificar se o conjunto de dados funciona e codificar dados perdidos
Fase 5 – Definir e nomear temas
Definir e redefinir nomes dos temas, de forma a deixá-los como irão ficar no produto final da análise, isto é, identificar a “essência” de cada tema, e dos temas como um todo, e determinar quais aspetos cada tema captura.
Para tal, reler os dados de cada tema e organizá-los de forma coerente e consistente, que acompanhe uma narrativa. Não parafrasear o conteúdo dos dados, mas sim identificar o que é de interesse neles e porquê.
Para cada tema será necessário conduzir e escrever uma análise detalhada, assim como identificar a “história” que cada tema conta e a “história” contada no geral sobre os dados, relacionado com as questões de investigação.
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