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Analise Comportamental TOC Infantil

Por:   •  7/11/2018  •  Resenha  •  1.911 Palavras (8 Páginas)  •  304 Visualizações

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DISCUSSÃO

O presente artigo apresenta a análise funcional do comportamento de um caso de TOC infantil.

Os pais procuraram a psicoterapeuta para relatar alguns estranhos comportamentos que sua filha de 5 anos apresentava, como: Ser uma criança calada e muito observadora, demonstrava estar nervosa sem nenhum motivo aparente, e mesmo ao sair de casa se mantinha calada. Relataram também que, a criança se julgava e se culpava muito, além de se justificar por todos os seus atos e ter uma preocupação excessiva com o que os outros pensariam dela, inclusive a psicoterapeuta.

Todas as vezes que a criança fazia birra para se esquivar ou fugir do estímulo aversivo, a mãe lhe oferecia recompensa, reforçando tal comportamento.

A mãe relatou que se sentia culpada pelos comportamentos nomeados “estranhos” de sua filha, pois quando ela se comportava indevidamente, a mesma ameaçava contar para sua professora, o que fazia a criança parar de chorar, e a mesma implorava para que a mãe não contasse a sua professora, o que podemos entender como controle coercitivo.

Inicialmente a terapeuta avaliou ser um caso de TOC. Tais obsessões eram seus pensamentos, com medo de perder as pessoas próximas, ou de fazer alguém se sentir mal, produzindo assim ansiedade e desconforto na paciente.

Com o intuito de eliminar tal ansiedade e incomodo, vem à compulsão, que seriam suas respostas emitidas, que podemos compreender como função de esquiva. Ou seja, as compulsões ocorrem sob controle de reforçamento negativo, a medida que eliminam as obsessões e ansiedade da paciente.

Nas primeiras sessões, a criança não estava familiarizada com o ambiente da terapia, eliciando comportamentos obsessivos sobre o que a psicoterapeuta podia pensar sobre ela, dificultando assim, o vínculo entre ambas. Dessa forma, a terapeuta pode chegar a conclusão que a paciente sofria obsessões de medo da perda, principalmente do amor da família e de pessoas queridas. Além de demonstrar autoridade nas brincadeiras, impondo suas próprias regras.

O procedimento utilizado pela terapeuta nessas sessões foi de exposição com prevenção de resposta, que consistia em:

  1. Não reforçar o comportamento;
  2. Mudar o estímulo que causava tal comportamento;
  3. Realizar a extinção do estímulo que elicia tal comportamento;
  4. Fornecer novos modelos de comportamento que poderiam ser usados na mesma situação.

Desta forma, a psicoterapeuta iniciou a intervenção, e conversou com os pais da criança para sugerir que trabalhassem em conjunto, solicitando que eles parassem de reforçar os comportamentos obsessivos da filha.

Solicitou também aos pais que demonstrassem afeto em outras situações, reforçando positivamente outros comportamentos, desse modo a criança entenderia que não era necessário chegar a perfeição ou fazer tudo certo para ter a atenção dos pais, ou seja, a proposta tem como objetivo de extinguir o comportamento de buscar a perfeição, se culpar, autocriticar para receber atenção dos pais.  Foi observado diminuição desses comportamentos durante as sessões.

Com o intuito de extinguir seus comportamentos obsessivos, a psicoterapeuta sugeriu o uso de um código caso a paciente emitisse tais comportamentos, porém a criança apresentou resistência e não aceitou a sugestão. Nota-se que a paciente emitiu esse comportamento de chorar para se esquivar da intervenção que para ela, era um estímulo aversivo.

Outra forma de intervenção da psicoterapeuta, foi mostrar para a criança suas histórias familiares, pois ambas tinham irmãs com o mesmo nome. Demonstrando dessa forma, modelos de como ela poderia agir em determinadas situações, aprendendo a aceitar seus sentimentos e pensamentos ruins, extinguindo a ideia de que “pensamentos ruins” era um estímulo aversivo.

Após estabelecer um vínculo com a paciente, a psicoterapeuta retomou a ideia de extinguir as respostas aos comportamentos obsessivos compulsivos que a criança emitia, parando de responder tais comportamentos, e dessa vez, utilizando piadas que a paciente não tivesse medo de punições, e obtendo mais controle sobre os estímulos que eliciavam esse comportamento.

A mesma intervenção foi utilizada para extinguir o comportamento de autoridade da criança. Como já foi dito, falar sobre sua vida ou sobre pensamentos ruins era um estímulo aversivo para a paciente, com a proposta de mudar esses estímulos aversivos para um estímulo reforçador, a terapeuta criou uma personagem (boneca) chamada de “maluquinha” pela paciente, que falava sobre seus pensamentos absurdo e engraçados,  e as outras bonecas sempre respondiam de forma engraçada esses pensamentos.

Dessa forma foi solicitado a família que não punissem a paciente quando emitisse o comportamento de falar sobre seus pensamentos ruins, mesmo que fossem absurdos, mas sim que auxiliassem ela a refletir que eram apenas pensamentos. A atenção dos pais serviria como estímulo para que ela se sentisse bem ao falar sobre seus sentimentos e pensamentos ruins, fazendo com que o comportamento seja reforçado positivamente.

Ao decorrer da terapia a paciente demonstrou melhoria em vários comportamentos, principalmente na aceitação desses pensamentos ruins e a supressão de seus comportamentos obsessivos.

Após essa grande melhoria, a psicoterapeuta começou a falar para a paciente sobre seus ótimos comportamentos, como ela se tornou mais feliz e animada, com o objetivo de ensinar a paciente a ouvir análises sobre ela – sempre reforçando positivamente, o que poderia fazer que ela tivesse algumas recaídas, pois falar de si mesma era um estímulo aversivo. Mostrando grande avanço.

Nas sessões finais, a psicoterapeuta solicitou aos pais que continuassem fazendo as intervenções passadas durante a terapia, para garantir que não se acomodassem e voltassem a reforçar certos comportamentos que foram extintos.

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