Analise de dados- Historia Culturalo
Por: Ana Pimenta • 25/5/2017 • Trabalho acadêmico • 1.749 Palavras (7 Páginas) • 304 Visualizações
HISTÓRICO DA FERRAMENTA HISTÓRIA CULTURAL
Segundo Peter Burke em seu livro “O que é história cultural?”, essa ferramenta pode ser estudada em quatro fases: História clássica (1800 a 1950) que se desenvolveu na Alemanha, enquanto eram estudados temas como símbolos, sentimentos e forma; História Social da Arte (início em 1930); História Cultural Popular (início em 1960); Nova História Cultural (1970 em diante).
Na história cultural clássica havia a preocupação com a história dos clássicos da literatura, filosofia, ciência e diferentemente do estudo de historiadores especializados em artes ou literatura, os historiadores culturais estavam debruçados na conexão entre os diferentes tipos de arte, “lendo” pinturas e poemas específicos como evidencia da cultura e período que foram produzidos.
No período na qual se desenvolveu a História Social da Arte, muitos dos pesquisadores que contribuíram para a área não eram historiadores, dentre eles Max Weber, ao propor em seu livro “A ética protestante e o espirito do capitalismo” que a base econômica poderia ser modificada pela cultura, nesse período também ocorreu a elaboração de esquemas culturais, que teve a influência de Ernst Gombrich, que lançou mão da psicologia experimental e da filosofia de Popper (sinalizava que era impossível observar a natureza sem uma hipóteses para testar) e Aby Warburg, que estava interessado na tradição clássica e suas transformações em longo prazo, dirigindo seu foco para fórmulas culturais e perceptivas.
Em 1930, em decorrência da ascensão de Hitler houve uma fuga dos pesquisadores para os Estados Unidos e Inglaterra, que culminou em 1960, no descobrimento da História Cultural Popular. Assim como nos Estados Unidos, a diáspora (como é chamado o movimento de fuga para os Estados Unidos e Inglaterra) contribuiu para a ascensão da história cultural na Grã-Bretanha, fazendo com que estudiosos americanos e ingleses tomassem mais consciência da relação entre cultura e sociedade, tema que também instigou um grupo de marxistas preocupados com essa relação.
Um dos primeiros exemplos da descoberta do povo pela história cultural popular em 1960, é o livro “História social do jazz” escrito por Eric Hobsbawm, na qual o jazz era abordado como forma de protesto político social, além disso, o livro “A formação da classe operaria inglês” de Edward Thompson influenciou muitos estudiosos ao não olhar estritamente para as mudanças políticas e econômicas na formação de classe, examinando também o papel da cultura popular nesse processo. Existem duas explicações para a formação da história cultual popular, uma delas relacionada aos problemas das abordagens anteriores, já que a história cultural deixava de fora do movimento as pessoas comuns e a história política e econômica não abordava aspectos culturais, outra explicação seria que o movimento pró-estudos culturais atendeu a uma demanda, foi uma alternativa à cultura tradicional e satisfez a necessidade de compreensão das mudanças mundiais culturais.
Alguns problemas relacionados à História Cultural fazem com que surja a Nova História Cultural (NHC), que busca suprir os tais problemas relacionados à abordagem, métodos, fontes, ao conceito pouco operatório de cultura, que fazia com que os debates com os marxistas ficassem sem desfecho. A preocupação com a teoria é uma das características que diferenciam a NHC, os principais teóricos dessa linha investigativa seriam Mikhail Bakhtin, Norbert Elias, Michel Foucault e Pierre Bourdieu, estes teóricos levaram os historiadores culturais a se preocuparem com as representações e as práticas.
Embora os estudos culturais tenham servido para reavaliar as ações e as atitudes dos homens e das sociedades no tempo, a NHC, que apareceu nos anos 1980, começa a demonstrar sinais de esgotamento. Peter Burke propõe três opções alternativas: Um retorno e renascimento da história cultural tradicional, “a expansão contínua da nova história cultural para outros domínios” e “a reação contra a redução construtivista da sociedade em termos de cultura, o que pode ser chamado de ‘a vingança da história social’”.
BIOGRAFIA DE ROGER CHARTIER
Roger Chartier é um historiador cultural francês nascido em Lyon dia 9 de dezembro de 1945. Conhecido como um dos maiores historiadores da atualidade, escreveu livros publicados em diversos países do mundo. Sua reflexão teórica inovadora abriu novas possibilidades para os estudos em História Cultural e estimula a permanente renovação nas maneiras de ler e fazer a história. Para ele, o mesmo material escrito, encenado ou lido não tem significado iguais as diferentes pessoas que dele se apropriam. Uma só obra tem inúmeras possibilidades de interpretação, dependendo, entre outras coisas, do suporte, da época e da comunidade em que circula. Formou-se professor (especializado em história das práticas culturais e história da leitura) e historiador simultaneamente pela escola superior de Saint Cloud e pela Universidade de Sorbonne, começou a trabalhar ensinando no instituto Louis-le-Grand em Paris, em 1969. No ano seguinte ingressa como professor ajudante na Universidade de Paris e depois e nomeado diretor de pesquisa na Escola Superior de Estudos Avançados em Ciências Sociais até 2006 quando é nomeado para o prestigioso Collége de France, onde continua suas investigações sobre as relações entre cultura e escrita na história moderna. Também dirige o centro Alexandre Koyré e Leciona na Universidade da Pensilvania nos Estados Unidos.
Seu nome está ligado aos principais trabalhos sobre a história da leitura e do livro; vale citar, por exemplo, Les Usages de ¡’Imprimé, Practiques de la Lecture e Histoire de l’Êditio Française, cuja autoria dividiu com Henri-Jean Martin. Em 1987publicou Lecture et lecterns dans la France d’Ancien Régime e The Cultural Uses of a Print in Early Modern France. Roger Chartier exerce ainda a função de critico em revistas cientificas e jornais, como o Frances Le Monde.
1. JUSTINO MAGALHÃES: No Collège de France, bem como em conferências e na sua intervenção pública, é escutado, lido e referido por um público vasto e diversificado. Temos observado que é citado em textos de história, de história da educação e de pedagogia. Como é que se apresenta a si mesmo?
ROGER CHARTIER: A referência a identidades disciplinares é sempre problemática. Eu sou historiador. Aprendi o ofício com outros historiadores (Daniel Roche, Denis Richet). Fui formado pela leitura dos clássicos dos Annales: Febvre, Bloch, Braudel. E sempre situei o meu trabalho de investigação e as minhas reflexões metodológicas no contexto da disciplina
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