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Análise Do Caso De Oliver Sacks "O Homem Que Confundiu Sua Mulher Com Um Chapéu"

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Por:   •  14/6/2013  •  2.583 Palavras (11 Páginas)  •  7.873 Visualizações

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Introdução

A capacidade de transformar diferentes sensações em conhecimento é possível por causa da rede de neurônios que constituem o córtex cerebral, ele é o responsável pelas nossas capacidades mais complexas, funções essenciais que nos diferencia dos demais animais.

“Organizar a ação em um plano exige a capacidade de integrar os diversos aportes sensoriais (...)”(CAMBIER, MASSON e DEHEN, 1999, pag. 141)

O córtex nos permite imaginar, diferenciar o que é real e o que é um filme, por exemplo, entre muitas outras atividades que permitem o nosso desenvolvimento normal. Como outras partes de corpo, o córtex está suscetível a falhas e a doenças degenerativas, como: afasias, apraxias e agnosias. A manifestação desses distúrbios possibilitou estudos que indicam a especialização de algumas regiões do córtex em algumas tarefas e a dominação de um hemisfério em relação a algumas capacidades humanas mais elaboradas.

“Agnosias: perturbações intelectuais que impedem que o doente compreenda a natureza das coisas, a significação de um fenômeno, a utilidade de um objeto, embora os seus órgãos e vias sensoriais fiquem intactos, permitindo a percepção simples”.

Descrição Resumida do Caso

Paráfrase do capítulo 1 do livro: “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu e outras histórias clinicas” de Oliver Sacks, 2003.

O neurologista Oliver Sacks, relata em seu livro ‘O homem que confundiu sua mulher com um chapéu’ a história de um de seus pacientes, identificado apenas como Dr. P . O paciente em questão tinha grandes dotes musicais, havia exercido anteriormente a profissão de cantor e, no momento das consultas, atuava como professor de música em uma faculdade local.

Dr. P apresentava alguns distúrbios que, a princípio, foram atribuídos à visão. Ele tinha dificuldades em reconhecer rostos, tanto de seus alunos quanto os de parentes próximos e, em ouros momentos, via rostos em objetos inanimados. A princípio essa limitação do professor foi encarada como algo insignificante, era motivo de graça para alguns que acreditavam que os enganos eram propositais.

Durante três anos Dr. P não deu atenção devida para suas falhas visuais e o assunto só foi retomado com o diagnóstico de diabetes. “Ciente que a diabetes poderia afetar-lhe a visão, o Dr. P consultou um oftalmologista” (SACKS, 1997). Não foi identificado nenhum problema com os olhos, mas o mesmo não ocorreu com partes do cérebro responsáveis pela percepção visão e a partir desse diagnóstico inicial o oftalmologista recomendou que Dr. P procurasse um neurologista.

Em um primeiro momento, Sacks não identificou qual seria o problema do paciente, mas sim qual não seria. Sabia-se que não era demência, já que Dr. P gozava de plenas faculdades mentais, porém estava claro que havia algo errado com a visão e comportamento dele. Os primeiros sintomas identificados pelo médico foram: a não fixação dos olhos no rosto como um todo, aparentemente Dr. P examinava cada detalhe separadamente; e o segundo foi a anormalidade nos reflexos do lado esquerdo cérebro. Foi após os exames inicias que ocorreram fatos desconcertantes e aparentemente sem explicações, primeiramente o paciente não conseguiu distinguir entre seu pé e seu sapato, e no fim dos exames confundiu a cabeça da sua mulher com seu chapéu.

Após alguns dias, Oliver Sacks encontrou Dr. P novamente, mas desta vez no apartamento do paciente. O médico constatou que os lobos temporais do Dr. P estavam intactos e que ele possuía um ótimo córtex musical, mas questionou-se quanto à saúde dos lobos parietal e occipital, responsáveis pelo processamento visual. No decorrer de uma série de exames, Sacks constatou que o paciente era capaz de identificar formas básicas (figuras geométricas), imagens em padrões (cartas de baralho) e características físicas marcantes (caricaturas). Mas então o que poderia haver de errado com o Dr. P?

O médico decidiu investigar como seria a identificação do Dr. P quanto às fisionomias reais. Ficou claro que o paciente não conseguia identificar expressões faciais e tinha dificuldades até mesmo na diferenciação dos sexos. Identificada à limitação no reconhecimento de rostos reais e suas expressões, Sacks decidiu prosseguir com os testes, resolveu mostrar fotos de famosos, do próprio Dr. P e de pessoas do seu próprio círculo social para que ele tentasse identifica-las. Para a surpresa do médico, o paciente não reconheceu amigos e parentes nas fotos, e até mesmo sua própria figura não lhe foi estranha. Ocorreram apenas duas exceções: uma foto de seu irmão Paul e do físico Albert Einstein, mas em ambos os casos havia características físicas marcantes que facilitavam a identificação.

Sacks identificou a existência de uma agnose formal e total ausência de agnose pessoal, por esse motivo o paciente reconhecia formas básicas e desconhecia (ou tinha dificuldades em reconhecer) formas mais complexas – rostos, ou outras formas. Essa limitação do Dr. P ficou ainda mais explicita durante o episódio da rosa, em que Sacks entrega ao paciente um botão de rosa e Dr. P tem extrema dificuldade em chegar a um conceito final do que seria o objeto em suas mãos, somente após cheirar a “forma assimétrica vermelha em espiral com um anexo linear verde” (SACKS, 1997) chegou à conclusão que se tratava de uma rosa. A mesma dificuldade foi observada ao ser solicitado que o Dr. P identificasse uma luva.

O próximo passo de Sacks era testar a memória do paciente. O médico solicitou que ele se imaginasse entrando em uma conhecida praça pelo lado Norte e em outro momento pelo lado Sul, e à medida que fosse imaginado o caminho percorrido, descrevesse os principais prédios do local. Conforme ele se imaginava entrando pelo lado Norte, descrevia as construções do lado direito e se entrasse pelo lado Sul só descrevia as construções do lado esquerdo. Dr. P era incapaz de descrever os prédios do lado direito e esquerdo simultaneamente. “Estava evidente que seu problema com o lado esquerdo, seus déficits no campo visual, eram tanto internos quanto externos, dividindo ao meio sua memória e imaginação visual” (SACKS, 1997, p.29). Quando Sacks solicita que o paciente relembre um filme baseado no romance de Tolstoi, ‘Anna Karerina’, ele o faz com relativo sucesso, porém omite por completo características visuais, narrativas visuais e cenas dramáticas. Lembra-se até mesmo das falas, mas quando Dr. P citava descrições originais elas eram feitas de maneiras vazias para

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