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Análise do Filme Rainha de Katwe Compara a Teoria de Justificação do Sistema

Por:   •  21/11/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.350 Palavras (6 Páginas)  •  778 Visualizações

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Acadêmica: Luciane Cordeiro dos Santos

Professor: Ramon Curso: Psicologia Disciplina: Psicologia Social 2º sem

Análise do filme Rainha de Katwe correlacionado a Teoria de Justificação do sistema

O filme começa retratando a realidade de pobreza de uma família, onde a mãe viúva e vivendo em sistema patriarcal luta para sustentar seus filhos, baseado em fatos reais conta a história de uma pré-adolescente em Uganda que acaba se tornando um improvável prodígio de xadrez; o filme traz um olhar sobre a situação dessa família, uma mãe que para trazer o básico  do básico para seus filhos os leva a trabalhar vendendo milho e temperos. Dentre esses filhos está Phiona Mutesi.

O mundo de Phiona rapidamente é transformado quando ela é apresentada ao xadrez, vendendo milho nas ruas da favela de Katwe, na cidade de Kampala, ela segue seu irmão que deixa o trabalho e vai para um barracão e lá espiando é convidada a entrar pelo mestre e  logo no primeiro contato com o jogo, se depara com a frase: “No xadrez, quando o peão atravessa o tabuleiro ele é promovido e pode se tornar uma rainha. “Quem é pequeno pode virar grande”, avisa, sorrindo, uma das crianças que ensina Phiona Mutesi a movimentar as peças do jogo.” È uma das melhores falas do filme.

Talvez tenha sido neste momento que o sonho de fazer algo diferente, de modificar a sua trajetória já começasse a brotar em Phiona, mesmo que inconsciente, embora não possa afirmar.  

Mas enquanto Phiona transitava entre acreditar que podia mudar ou não, as falas de sua mãe Nakku Harriet na maior parte do filme era no sentido de poupar a filha dos sonhos, justamente pra não se decepcionar, Harriet poderia ser vista por muitas óticas como a própria personificação da Teoria da justificação do sistema “A teoria da justificação do sistema acrescenta um novo ingrediente ao estudo das relações intergrupais ao identificar as condições sob as quais os membros dos grupos apoiam ações ou crenças que incorrem contrariamente aos interesses do seu grupo.” Aceitar sua condição justificando que as coisas são assim mesmo, desde que o mundo é mundo, mesmo se vendo em situação de privação de viveres.

Já por outro lado podemos visualizar sua resistência ao sistema estabelecido, principalmente no que tange a crença quanto ao lugar e as atitudes das mulheres, ela performa uma mulher que não se deixa subjugar a vontade de homens, é possível notar sua posição de resistência nos conselhos e atitudes que tem em relação as escolhas da filha mais velha, que por acreditar ser mais fácil se entregar a ordem do sistema, acaba escolhendo justamente um caminho oposto ao da mãe.

Existem pontos muito alto nesse filme e reflexivos, o dilema dessa mãe quanto a tudo que está acontecendo, ora sofrendo por ausências, ora protegendo os filhos, ora não compreendendo as mudanças ao seu redor, as vezes não sabendo como lidar com o momento de subjetivação da filha, outras tentando solucionar faltas, como na cena em que vende uma roupa com valor sentimental alto para suprir a necessidade de leitura da filha, após vender essa peça, corre ao mercado e compra parafina para a lamparina que propiciará momento de leitura a noite para sua filha. Embora Harriet não tenha estudo, como ela mesmo ressalta no filme e nem saiba se comportar quanto a isso deseja o melhor para os filhos, em algum momento é preciso que esse treinador quebre as resistências dela quanto a preconceitos internalizados nela, a mesma acreditava no inicio que o xadrez era um jogo de azar, ela é levada a crer nisso pelas crenças de seus pares na sociedade. A saber que Phiona tem possibilidades reais de mudanças na vida ela se dedica a apoiar a filha em sua trajetória, mesmo que tenha que lutar com seus próprios temores.

A vida da garota não é um romance ou um conto de fadas, por isso em diversos momento ela entra em conflito entre o que gostaria de ser e o que ela acreditava ser. Em dois momentos específicos Phiona desiste do jogo em pleno campeonato, abandonando o local, neste momento é evidenciado o seu conflito e o sofrimento trazido pela justificação do sistema, a menina se apropria do estereotipo internalizado no seu consciente, as contradições entre o mundo em que ela cresceu e aquele ao qual está sendo apresentado perturbam a sua mente, na frase “eu não pertenço a esse lugar, eu sou só uma vendedora de milho da favela” (podemos ver nesse momento a justificação querendo falar mais alto na trajetória de construção dessa criança).”

Phiona chega a sentir arrependimento por ter conhecido o xadrex, na teoria de justificação do sistema vemos que o processos de crença que faz com que a pessoa acredite que sua situação enquanto lugar na ordem social é imutável, ocorre a nível inconsciente, tomando-se conhecimento de que se tem como mudar, pode trazer angústia no sentido de que é preciso fazer uma escolha, ficar ou prosseguir, permanecer ou atravessar esse abismo que se deu entre um lugar e outro. Phiona se dá conta de que pra mudar a luta vai ser toda dela, e isso gera medo, o medo de não conseguir, de falhar, de conhecer uma realidade melhor e de repente ter que voltar para trás.

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