As Psicoterapias breves nos diferentes estágios evolutivos
Por: marcellaavieira • 15/4/2018 • Pesquisas Acadêmicas • 2.149 Palavras (9 Páginas) • 663 Visualizações
INTRODUÇÃO
Desde o princípio, as atividades realizadas com crianças, demandam uma complexidade maior que atividades feitas com crianças no âmbito da psicologia. Isso, principalmente, devido a comunicação.
O trabalho com crianças envolve, necessariamente, levar em conta uma diversidade de momentos evolutivos que se desenrolam em velocidade acelerada, como ressalta Kazdin (2003) conforme citado por Lipp e Yoshida (2012),
“dificulta a discriminações entre dificuldades transitórias que são parte do desenvolvimento e dificuldades que necessitam de intervenção envolve ainda questões específicas relacionadas ao estabelecimento de uma aliança terapêutica com a criança e com os pais e a necessidade de considerar o contexto familiar, que estar diretamente envolvido no processo.”
Além disso, muitas vezes será necessário conhecer os outros contextos em qual a criança está envolvida, como escola. E utilizar de diferentes formas de expressão, como ativo lúdica.
A PBI (Psicoterapia Breve Infantil) define-se como uma modalidade de intervenção psicoterapêutica planejada, com duração limitada e objetivos definidos dirigida criança e aos seus pais ou responsáveis, que utiliza do referencial técnico psicodinâmico e de flexibilidade técnica. Essa modalidade de trabalho pode ser utilizada nos diferentes contextos em que se faz necessário o atendimento psicológico clínico de crianças, como no consultório privado, nas Unidades Básicas de Saúde, em hospitais e ambulatórios e no CAPSi.
Para o referencial teórico foram utilizados duas vertentes sob a ótica da psicanálise, sendo elas, Cramer (1974), conforme citado por Lipp e Yoshida (2012),
“que propôs o conceito de mutualidade psíquica para descrever uma área de intersecção entre a criança e os pais, formada por projeções e identificações mútuas. Esse processo de interação é potencialmente estruturante para o bebê, que depende do olhar do outro para começar a se ver, mas pode ser patogênico, caso as projeções e expectativas parentais sejam rígidas elou carregadas de sentimentos negativos, e assim não abram espaço para o desenvolvimento da individualidade da criança. Essa relação especial contribui de forma significativa para a formação dos padrões de relacionamento que o indivíduo utilizará no decorrer de sua vida. para a constituição de sua autoimagem e de sua identidade e determina uma intersecção entre os conflitos e as dificuldades emocionais da criança e os dos pais.” (p.61)
A segunda vertente desse referencial teórico, a do desenvolvimento infantil. Seu processo de desenvolvimento, quando comparado ao do adulto, é bastante acelerado e a coloca constantemente diante de novos desafios e novas possibilidades.
A Psicoterapia Breve Infantil pode ser dividida em quatro momentos a fase diagnóstica, a fase terapêutica, a fase de término e o acompanhamento pós-terapêutico habitualmente denominado follow-up. A fase diagnóstica tem como objetivos conhecer as características e a dinâmica psíquica da criança, contextualizada em seu ambiente familiar, escolar e social, com especial ênfase na dinâmica familiar e no funcionamento dos pais. Esse conhecimento que permitirá realizar a indicação terapêutica e, se for o caso, planejar o processo de PBI. Busca-se a compreensão integral do caso-pais e criança que inclui os aspectos psicodinâmicos, o processo de desenvolvimento, a adaptação ao meio, o referencial intergeracional e transgeracional, os padrões de relacionamento interpessoal, a motivação para mudança.
São feitas duas entrevistas iniciais com os pais para se conhecer a história é o contexto dessa demanda, logo após, ao inicial a intervenção com a criança, buscar ver qual a melhor ferramenta, que esteja de acordo com o estágio de desenvolvimento da mesma. Após a compreensão diagnóstica, será iniciada a terapia, onde se observará qual aspecto merece mais atenção e qual deve haver uma necessidade de intervenção ou não. Caso se observar que “o problema está nos pais”, não descarte essa opção, pois as vezes os mesmos precisam mais de psicoterapia do que os próprios filhos e no processo terapêutico eles precisam participar ativamente do processo.
Na análise do material clínico obtido durante a fase diagnóstica, procuramos identificar aspectos relevantes da dinâmica psíquica dos pais e da criança, do processo de desenvolvimento dessa última e da regulação mútua. Utilizamo-nos aqui das ideias de Erikson (1976), conforme citado por Lipp e Yoshida (2012),
“já citadas para observar a modalidade principal de funcionamento da criança ou seja, a forma como se relaciona com o mundo e organiza suas experiências, a que etapa do desenvolvimento ela corresponde e quanto é compatível com as características esperadas para etapa evolutiva da criança, os modos secundários de funcionamento, isto é, outras modalidades de funcionamento psíquico que tem papel secundário e que podem ser características de fases anteriores do desenvolvimento; os conflitos centrais e secundários sua relação com o período evolutivo da criança. ou seja, se são parte do processo de podem ser desenvolvidos recursos para resolvê-los de forma saudável adaptativa, ou se revelam regressões ou detenções importantes.” (p. 64)
É também necessário identificar os conflitos parentais correspondentes, na medida em que a criança, em cada etapa seu desenvolvimento mobiliza nos pais angústias ligadas a seus conflitos mal elaborados nessa condição, eles terão menos possibilidades de ajudar o filho podendo sobrecarregá-los com suas próprias angústias. A regulação mútua pais criança e a configuração da relação entre eles, em cada etapa do desenvolvimento merecem especial atenção tanto em nos aspectos saudáveis quanto naqueles por meio dos quais se constituem se manifestam os sintomas.
DESENVOLVIMENTO
Ao determinar a indicação da PBI, leva-se em consideração uma série de fatores, que vão desde o tipo e a intensidade das projeções dos pais sobre a criança, como a pré-transferência, que consiste em expectativas que os pais obtêm antes de conhecer o terapeuta. Outro fator relevante é no quanto seus genitores estão implicados nos possíveis problemas e soluções. Também como a importância do sintoma da criança na economia psíquica dos pais, a capacidade dos mesmos de lidarem com mudanças, entre outros.
“Quando a indicação é possível, a compreensão diagnóstica permitirá planejar um processo adequado a essa situação específica e avaliar prognóstico. Planejar a psicoterapia significa estabelecer, a partir da compreensão diagnóstica qual o foco do trabalho, quais seus objetivos e estratégias de intervenção serão utilizadas. Para isso, é preciso levar em conta também as condições do psicoterapeuta e as condições externas em que será realizado o processo. O planejamento é sempre um projeto de trabalho a ser continuamente revisto e reavaliado, uma vez que a compreensão diagnóstica continuamente se amplia no decorrer da psicoterapia.” (Lipp e Yoshida, 2012, p. 65)
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