As funções psíquicas e suas alterações

As funções psíquicas são constructos artificiais que simplificam e permitem o estudo mais detalhado e aprofundado da vida psíquica normal e patológica. Segundo Dalgalarrondo (2008), as funções psíquicas são a consciência, a atenção, a orientação, a sensopercepção, a memória, a afetividade, a vontade, o pensamento, a inteligência, a linguagem, a psicomotricidade, a personalidade, o juízo da realidade e a vivência do Eu, e elas formam o mosaico que é a vida psíquica.

As funções psíquicas inexistem isoladamente, pois a vida mental é resultado da soma e interação delas; é sempre a pessoa inteira que adoece. Essa questão é discutida por diversos teóricos, como Minkowski, Monedero e Bleuler.

Minkowski (apud Dalgalarrondo, 2008) defende um estudo holístico da psicopatologia e crítica a psicopatologia geral, por possuir descrições mecânicas dos sintomas, sendo que o fundo mental e interhumano e seus significados deveriam ser considerados. Já Monedero (apud Dalgalarrondo, 2008), explicita que em psicopatologia, é necessária uma relação dialética fundamental entre o conhecimento do elementar e o do global, da inserção de estruturas básicas em estruturas totalizantes que redimensionam constantemente o sentido de tais estruturas básicas. Por último, Bleuler (apud Dalgalarrondo, 2008) destaca a interdependência das funções psíquicas e que cada função psíquica só existe em estreita relação com as outras funções.

O estudo das funções psíquicas, portanto, possibilita um maior entendimento e um estudo mais aprofundado da vida psíquica normal e patológica (Dalgalarrondo, 2008), mas arriscada pela possibilidade de supor uma vida mental autônoma e fragmentada. A práxis suscita a necessidade de um olhar crítico e integrado para as funções e o diagnosticar, considerando o sujeito integral e de forma dinâmica – biológica, psicológica e social –, pois, segundo Minkowski (apud Dalgalarrondo) a psicopatologia é ciência de duas vozes, no encontro dos seres.

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