Asilos, alienados e alienistas: pequena história da psiquiatria no Brasil.
Por: Naiaradq • 11/7/2017 • Trabalho acadêmico • 1.140 Palavras (5 Páginas) • 1.013 Visualizações
Livro: Psiquiatria Social e Reforma Psiquiátrica – Paulo Amarante
Capítulo 3 – Asilos, alienados e alienistas: pequena história da psiquiatria no Brasil.
A história da psiquiatria no Brasil é a história de um processo de asilamento da loucura e medicalização da sociedade. A psiquiatria sustenta a ordem social na medida em organiza e disciplinariza as instituições médicas.
A loucura só se torna objeto de intervenção por parte do Estado com a chegada da Família Real ao Brasil no início do século XIX.
• As medidas sociais e econômicas que se seguem exigem medidas eficientes de controle social – medicina é chamada para desempenhar esse papel do qual emerge a psiquiatria brasileira.
• 1830 – Comissão da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro realiza o diagnóstico dos loucos na cidade
• A partir desse momento os loucos que antes estavam em todos os espaços sociais, se tornam doentes mentais precisando de um local próprio para reclusão e tratamento.
• A medicina reivindica a loucura para si, escrevendo dessa forma o destino da psiquiatria brasileira: um hospício para os loucos!
Mas quem são esses loucos?
São os miseráveis, marginais, os pobres e toda uma sorte de párias. Degenerados e perigosos para a nova ordem pública, englobados no diagnóstico da doença mental.
A CRÍTICA AO HOSPÍCIO E A CRIAÇÃO DAS COLÔNIAS
1852 – Primeiro hospício inaugurado no Rio de Janeiro, o Hospício de Pedro II localizado na praia vermelha
• Gerido pelas mesmas mãos das Santas Casas de Misericórdia e Igreja.
• Sofreu duras críticas médicas, que eram excluídos dos mesmos e não aceitavam a ausência de um projeto assistencial científico.
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Alienistas – em sua maioria compartilhavam os ideais republicanos e positivistas. Aspirando ao conhecimento legal por parte do Estado, que legitime e autorize sua intervenção na doença mental.
• Acreditavam que o hospício deve ser medicalizado e ter na sua direção o poder médico – instituição tecnicista
• Hospício como local para produção de conhecimento, respeito e reconhecimento do médico.
1890 - REPÚBLICA – Primeira Reforma Psiquiátrica no Brasil
• A psiquiatria busca se modernizar como forma de se afastar dos asilos e de aproximar dos ideais libertários republicanos. Além de atuar nos espaços sociais onde vivem as pessoas e se estruturam as doenças mentais.
• O Hospício de Pedro II é desvinculado da Santa Casa ficando subordinado a administração pública, se transformando no Hospício Nacional de Alienados.
• É Criado a Assistência Medico-Legal aos alienados – primeira instituição de saúde pública da república.
• São criadas as primeiras duas colônias de alienados – assistência aos doentes mentais.
Colônias: modelo asilar inspirado em experiências europeias. A ideia desse modelo é fazer a comunidade e os loucos conviverem fraternamente, em casa ou no trabalho. Trabalho esse que tem uma função decisiva na formação social burguesa, assumindo uma função nuclear na terapêutica asilar.
Existe a sistematização na formação de profissionais para essa especialidade:
• Ampliação dos asilos – desenvolvimento da psiquiatria;
• Criação da primeira cadeira de psiquiatria para estudantes de medicina;
• Criação da primeira escola de enfermagem.
1923 – Criação da Liga Brasileira de Saúde Mental em defesa do Estado, constituindo um programa de controle social. Com intervenções marcadas por características eugenistas, xenofóbicas, antiliberais e racistas.
A psiquiatria não se limita apenas a construção de modelos ideais de comportamento individual, mas passa a pretender a recuperação de “raças”, constituindo coletividades sadias. O asilo passa a com uma nova ideologia onde a psiquiatria deve operar a reprodução do que seria ideal no conjunto social, moldando assim a natureza humana na normalidade.
A ERA DOS CHOQUES E A PSIQUIATRIA COMUNITÁRIA
• Anos 30 – a psiquiatria parece ter encontrado a tão procurada cura para as doenças mentais – descoberta de novas técnicas: choque insulínico, choque cardiazólico, eletroconvulsoterapia e lobotomias
• Anos 40 – ampliação de vagas e cirurgias de lobotomia
• Anos 50 – fortalecimento da psiquiatria com o aparecimento dos primeiros neurolépticos
Furor farmacológico dos psiquiatras da origem a uso de medicamentos de forma que nem sempre é “tecnicamente orientada”. Vezes em decorrência da pressão da propaganda industrial, por ignorância quanto aos seus efeitos ou limitações, como mecanismos de repressão e violência ou até mesmo dentro dos manicômios com intuito de tornar a internação mais tolerável e os enfermos mais dóceis.
As novas técnicas em nada contribuíram para a desospitalização ou desinstitucionalização, apenas
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