Assédio Moral: Conceituações e informações a respeito do tema
Por: Babiufes • 14/10/2015 • Artigo • 4.871 Palavras (20 Páginas) • 276 Visualizações
Assédio Moral: Conceituações e informações a respeito do
tema.
Bullying: Concepts and information about the subject.
Bárbara Altoé Marques1
Maria Isabela Ramalho dos Reis2
Resumo: O mundo contemporâneo, com os sistemas neoliberal e capitalista, incitou
uma questão antiga e negativa nas relações sociais e, consequentemente, nas
relações laborais: o assédio moral. Este fenômeno acarreta males sociais, físicos e
psicológicos aos assediados e diversos problemas às empresas. Diante da seriedade
do assunto, o presente trabalho pretende discutir e sistematizar informações e
orientações sobre assédio moral, trazendo conceitos, perfil do agressor e da vítima e
legislação sobre o tema, a fim de uma melhor compreensão e conscientização de
todos.
Palavras-chave: assédio moral; assédio moral no trabalho; natureza psicológica do
assédio moral; assediador; assediado.
Abstract: The contemporary world, with the neoliberal and capitalist systems,
prompted an old question and negative social relationships and, consequently, labor
relations: the bullying. This phenomenon leads to social ills, physical and
psychological problems for victims and several companies. Given the seriousness of
the matter, this study intends to discuss and systematize information and guidance on
bullying, bringing concepts, profile of the perpetrator and the victim and legislation on
the subject in order to better understanding and awareness of all.
Keywords: bullying; workplace bullying; psychological nature bullying; stalker;
harassed.
1 Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pela
Universidade Federal do Espírito Santo (2008) e graduanda em Direito pela Universidade
Federal do Espírito Santo (2013).
2
Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (2013).
1 INTRODUÇÃO
Assédio moral define-se por um tipo de violência psicológica – e às vezes
física também – caracterizado pelo propósito de diminuir o valor de um
indivíduo, pela repetição de condutas agressivas e pela frequência ao longo
de um determinado tempo. (BASTTISTELLI; AMAZARRAY e KOLLER, 2011)
O assédio moral, ainda, caracteriza-se ao analisar a repercussão do
comportamento hostil na saúde do assediado, a frequência e duração da ação
abusiva e as intenções do agente.
Battistelli; Amazarray e Koller (2011) continuam a descrição de assédio moral,
afirmando que
tratam-se de condutas abusivas, que atentam contra a dignidade
humana e podem levar os que não as suportam a adoecerem ou a
tomarem decisões não esperadas quanto à vida profissional, como
pedir demissão ou mudar de cargo/setor. (BASTTISTELLI;
AMAZARRAY e KOLLER, 2011,p.36)
Contudo, o assédio moral no trabalho não se constitui em um fenômeno novo.
Mas é nos últimos anos que o assunto vem se tornando mais conhecido e
alcançado discussões globais. Sua reflexão e expressividade nunca tinham
sido tão nítidas como agora, pois, como afirma Guido Heleno (2008),
com o aumento da agilidade dos meios de comunicação, aliado à
maior conscientização da sociedade quanto a seus deveres e,
também, direitos, e o fortalecimento das entidades representativas
do trabalhador, os casos de assédio moral e sexual no ambiente de
trabalho passaram a ganhar mais espaço, dando maior notoriedade
ao problema. (HELENO, 2008, p.16)
No Brasil, a abordagem sobre o assunto é nova, com um pouco mais de uma
década de estudos e debates. Segundo Zimmermann, Santos e Lima (2002),
o marco foi após a publicação da pesquisa brasileira feita por Margarida
Barreto, sua dissertação de Mestrado em Psicologia Social, em 2000 na PUC/
SP, sob o título "Uma jornada de humilhações". E dessa pesquisa feita com
quase três mil trabalhadores, um percentual de 42% afirmam ter passado por
repetitivas humilhações no ambiente laboral.
Contextualizando tal fenômeno, de acordo com Freitas, Heloani & Barreto
(2009), pode-se considerar a forte influência histórica no surgimento do que
passou a ser caracterizado como ‘assédio moral’ na pós-modernidade, uma
vez que o modo de produção capitalista surgido no fim da Idade Moderna
influencia não somente na economia, mas no sistema político e na cultura das
sociedades e, consequentemente, nos vínculos de trabalho e demais institutos.
A elevação dos padrões de consumo e de produção da sociedade capitalista,
aliada às transformações na estrutura organizacional da iniciativa privada
reduziu a mão de obra do cidadão à mercadoria, o que justifica a falta de
compromisso do mercado com o empregado como ser humano. A
essencialidade do modo de produção vigente está na produtividade a curto
prazo, que enxerga o indivíduo apenas como instrumento com valor comercial
a ser utilizado e possivelmente descartado.
Diante disso, surge no ambiente de trabalho uma disputa generalizada, guiada
por hostilidade, ódio e descaso. O assédio moral, nesse contexto, é
considerado um “efeito colateral” da degradação das condições de trabalho de
um mercado cada vez mais globalizado e perverso. (FREITAS; HELOANI &
BARRETO, 2009)
As exigências impostas pela nova organização de trabalho levam profissionais
a perderem a compreensão de regras que sustentam primeiramente o meio
social em detrimento dos interesses da empresa. O pensamento cultural da
empresa colabora na violência profissional, já que induz o indivíduo a
incorporar aquela projeção como fonte de identidade pessoal, caso contrário o
indivíduo é selecionado como alvo de exclusão e perseguição.
O assédio moral apresenta-se como ritual degradante, organizado e aceito pela
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