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Atps De Psicologia Social

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Por:   •  17/3/2014  •  629 Palavras (3 Páginas)  •  366 Visualizações

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HUMILHAÇÃO SOCIAL – UM PROBLEMA POLÍTICO EM PSICOLOGIA

José Moura Gonçalves Filho

Instituto de Psicologia – USP

Este artigo opera com resultados de uma pesquisa de psicologia social desenvolvida em regime participante e envolvendo mulheres que na Vila Joanisa – SP assumiram comunitariamente o trabalho de Centros de Juventude. Dedicamo-nos aqui ao exame de um problema político e psicológico, a humilhação social, uma modalidade de angústia disparada pelo impacto traumático da desigualdade de classes: para assim caracterizá-lo, recorremos à investigação marxista e à psicanálise.

Descritores: Classe trabalhadora. Privação social. Ansiedade social. Psicologia social.

As companhias de Marx e de Freud: nem rivalidade, nem equivalência

Marxismo e Psicanálise. O tema contou entre os mais enfrentados por fertilíssimos pensadores que atravessaram e ultrapassaram a Segunda Grande Guerra, em Frankfurt ou em Paris, exilados na Inglaterra ou nos Estados Unidos. Quem desejasse retomar as possibilidades e dificuldades do assunto, em seu detalhe filosófico, certamente deveria recorrer àqueles escritores de grande envergadura dialética e que interrogaram-se sobre Freud enquanto liam O Capital ou interrogaram-se sobre Marx enquanto liam O mal-estar na Cultura.

Que portanto o leitor não se engane quanto ao limite dos parágrafos seguintes. Trata-se de um estudo de psicologia social. Esforça-se apenas para indicar um problema político – a humilhação social – que, para ser ainda hoje discutido e superado, não deveria dispensar as antigas companhias de Marx e de Freud.

Dentre as três palavras – /marxismo/ /e/ /psicanálise/ – talvez a mais anódina entre elas, aparentemente insignificante, esta partícula /e/ – uma conjunção aditiva – é que merecesse desde já polarizar nossa atenção. Dizemos: marxismo e psicanálise. Encontramo-nos, assim, não perante uma alternativa: marxismo ou psicanálise. Tampouco deparamo-nos com associações híbridas: "psicanálise marxista" ou "freudo-marxismo", expressões que não hesitaram formular-se na Europa e na Argentina, reivindicando uma espécie de pesquisa combinada nem sempre bem sucedida.

No caso de marxismo ou psicanálise, supõe-se a concorrência entre dois regimes de investigação como se tivéssemos que nos decidir entre duas "visões de mundo" ou "cosmovisões". Foi sempre esta a convicção entre determinados marxistas, como também entre certos psicanalistas, toda vez que para uns e outros as obras de Marx ou de Freud deixavam de valer pela especificidade do fenômeno enfrentado – a formação do modo de produção capitalista, no caso de Marx; a formação da sexualidade humana, no caso de Freud – e passavam a contar como obras de ciência geral, como sistemas completos e fechados: para cada sistema o outro valendo como redutível à lógica absorvente do sistema eleito. Já não se disse, entre marxistas, que a Psicanálise contaria como "ideologia" ou como refinada e dangerosa expressão do individualismo moderno? Já não ouvimos, entre psicanalistas, que os militantes empenhariam em sua adesão ao socialismo as mesmas motivações

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