Auto eficacia em crianças
Por: jukeller • 1/5/2015 • Projeto de pesquisa • 3.263 Palavras (14 Páginas) • 161 Visualizações
Introdução
O estudo do desenvolvimento sociocognitivo, envolve uma série de perspectivas e ferramentas que podem contribuir para uma melhor compreensão de como os profissionais engajados na tarefa de educar e promover os processos de aprendizado podem exercer essa atividade de formas novas e mais eficazes. Pois as variadas perspectivas teóricas do desenvolvimento sociocognitivo oferecem amplas bases para a criação e ampliação de caminhos de pesquisa nos campos da educação. A Teoria Social Cognitiva, desenvolvida por Albert Bandura e as Teorias Implícitas de Inteligência e Personalidade, aqui tratadas pela perspectiva de Carol Dweck, oferecem conceitos que auxiliam para o aprimoramento dos processos educacionais, já que ambos discutem sobre mecanismos mentais sensíveis que tentam compreender os processos de aprendizagem. O estudo destas vertentes pode gerar o desenvolvimento de melhores estratégias e metodologias educacionais, podendo contribuir para a criação de novas ferramentas para o exercício dos profissionais da área.
Teoria Social Cognitiva
A teoria social Cognitiva teve seus primeiros trabalhos publicados por volta de 1950. Resumidamente, é um estudo direcionado ao indivíduo, colocando-o no papel de agente de transformação da sua própria realidade. Bandura, o grande idealizador da teoria afirma que o desenvolvimento sociocognitivo não ocorre somente em virtude de uma resposta condicionada pelo meio, mas também através de uma série de processos mentais que o individuo aprendeu a desenvolver desde sua infância, determinando parâmetros para tomadas de decisão. A forma com que irá enfrentar os desafios e percalços da vida é decidida através de uma estrutura de pensamento que cruza informações internas, com fatos apresentados pelo ambiente.
Esse processo, segundo Bandura, ocorre através do mecanismo da Agência. As estruturas sociais, os pares, o meio ao qual o indivíduo está inserido, servem de modelos que podem ser adotados completamente, reorganizados, ou repelidos pela agência caso estejam em desacordo com seus estilos de pensamento e comportamento. A simbolização é um importante mecanismo da agência para tirar significado do ambiente. Através dos símbolos os indivíduos podem resolver problemas cognitivos, criar roteiros de ação e adquirir novos conhecimentos. Para Bandura os símbolos são o veículo do pensamento, e simbolizando suas experiências, as pessoas podem proporcionar estrutura, significado e continuidade para suas vidas. É através desse processo que são capazes de modelar o comportamento observado. É através do símbolo que as pessoas modelam suas percepções das experiências, possibilitando reflexões e definições que irão justificar seu comportamento.
A teoria social cognitiva postula que fatores como condições econômicas, status socioeconômico e estruturas educacionais e familiares não afetam o comportamento humano diretamente. Esses fatores afetam o comportamento na medida em que influenciam as aspirações, autopercepções, padrões pessoais, estados emocionais e atitudes do indivíduo. (Pajares e Olaz, 2008).
A Agência
A teoria adota a perspectiva da agência para o autodesenvolvimento, para a adaptação e para a mudança (Bandura 2001). A agência surge como direcionadora e capacitadora na tomada de decisões. O exercício da agência pessoal leva o indivíduo a decidir sobre a direção de suas escolhas, dependendo da natureza e flexibilidade do ambiente (Bandura, 2008). Bandura definiu as características da agência humana sob quatro pilares. A intencionalidade é uma característica da agência, pois esta realizada atos de forma intencional. Uma intenção é uma representação de um curso de ação futuro a ser seguido, ou seja, é um compromisso proativo com as expectativas e previsões futuras. O poder de originar atos com determinados propósitos é a característica fundamental da agência pessoal. A antecipação é outro pilar da agência humana. A perspectiva do tempo se manifesta de muitas maneiras diferentes. As pessoas estabelecem objetivos para si mesmas prevendo as consequências prováveis das ações. Também selecionam e criam cursos de ação que provavelmente produzirão os resultados desejados e evitarão resultados prejudiciais. Os eventos futuros previsíveis, quando representados cognitivamente no presente tornam-se potentes motivadores e regulares do comportamento no presente. É dessa forma que uma auto-orientação antecipatória motiva e direciona o comportamento a objetivos projetados (Bandura, 2008). A auto-reatividade também é uma característica estruturante da agência humana. Bandura afirma que um agente não deve ser apenas um planejador e antecipador, mas um motivador e auto-regulador. A capacidade de dar forma a um curso de ação adequado e de motivar e regular a sua execução, é coordenado por meio de processos de auto-regulação que conectam o pensamento à ação. O monitoramento do próprio padrão de comportamento das condições cognitivas e ambientais em que ele ocorre é o primeiro passo para fazer algo para afetá-lo. A auto-reatividade reside na avaliação entre desempenho com objetivos e padrões pessoais. As ações que direcionam o alcance ao objetivo são avaliadas e comparadas entre desempenho e padrões pessoais. Os indivíduos dão direção aos seus objetivos e criam auto-incentivos para manter seus esforços em sua realização. Segundo o autor os objetivos que têm propriedades auto-envolventes servem como grandes motivadores da ação. A auto-reflexão é a quarta característica da agência humana. Para Bandura as pessoas não apenas são agentes da ação, mas auto-examinadores do próprio funcionamento. Pela auto-consciência reflexiva as pessoas avaliam suas motivações e valores. É nesse nível de auto-reflexão que os indivíduos abordam conflitos entre incentivos motivacionais e decidem agir em favor de um ou de outro.
Entre os mecanismos de agência pessoal, nenhum é mais central do que as crenças pessoais na capacidade de exercer uma medida de controle sobre os eventos ambientais. As crenças de eficácia são a base da agência humana. Independentemente de outros fatores que possam operar como guias e motivadores, eles se baseiam na crença básica de que é preciso ter poder para produzir efeitos por meio das próprias ações (Bandura, 2008).
Segundo esse pequeno esboço sobre a teoria da agência, entende-se que é uma estrutura mental sensível e complexa que desenvolvida desde muito cedo na criança, é o mecanismo pelo qual o indivíduo interage com o ambiente e o interpreta. Para o autor, os indivíduos não possuem controle sobre o ambiente, mas através da agência tem liberdade na maneira de reagir a ele. Destaca que dado um determinado ambiente, indivíduos com um sentido elevado de eficácia concentram-se nas oportunidades que ele proporciona, ao passo que aqueles cuja auto-eficácia é baixa enfatizam problemas e riscos (Krueger e Dickson, 1993, 1994). O componente da auto-eficácia surge como extensão da teoria social cognitiva.
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