Bicho de 7 cabeças
Por: Daniele Reis • 12/4/2016 • Resenha • 681 Palavras (3 Páginas) • 271 Visualizações
No filme O Bicho de Sete Cabeças, é possível observar de forma clara a falta de conhecimento da sociedade com relação aos doentes mentais e usuários de drogas ilícitas e a desqualificação daqueles que demonstram algum comportamento considerado fora dos padrões normais.
O início do processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil é contemporâneo da eclosão do “movimento sanitário”, nos anos 70, em favor da mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde, defesa da saúde coletiva, equidade na oferta dos serviços, e protagonismo dos trabalhadores e usuários dos serviços de saúde nos processos de gestão e produção de tecnologias de cuidado (BRASIL, 2005).
Em 2001 é criada a lei n. 10.216, que determina a proteção e os diretos dessas pessoas, e repreende veementes posturas inadequadas muito parecidas com as relatadas neste filme.
Neto é um adolescente que está passando por diversos conflitos e descoberta em sua vida. Esse comportamento se da pelo fato dele procurar aceitação no grupo de amigos do qual faz parte, onde, esses amigos o incentivam a utilizar bebidas alcoólicas, pichar muros e ter atitudes de confronto com o pai. Como nunca teve apoio familiar e seu pai sempre o deixava fazer o que queria nunca demonstrou interesse para os estudos e para o trabalho.
O pai de Neto é uma pessoa conservadora, rude e ignorante já sua mãe é uma mulher totalmente submissa ao marido. Os pais em nenhum momento procuram dialogar com o filho, nem tentam entender as mudanças que Neto está passando com o inicio da adolescência.
O pai Sr. Wilson percebe que perdeu completamente o domínio de seu filho quando encontra no bolso da camisa um cigarro de maconha, desesperado liga para sua filha que consegue uma vaga no manicômio. É possível observar que em nenhum momento o pai pergunta ao filho sobre o motivo dele estar fumando maconha, simplesmente o julga e o condena pelo seu envolvimento com as drogas.
A partir do momento que Neto chega ao manicômio, podemos observar vários erros éticos acometidos pelos profissionais desta instituição.
Neto entra na instituição sem sequer passar por uma avaliação médica, é dopado com freqüência, é tratado como louco. Ele tenta falar com o médico que só aparece uma vez por semana para explicar sua situação, fato este que não ocorre devido o médico demostrar um total desprezo e descaso não estando preocupado com o que ele está pensando/sentindo. Com isso Neto segue desesperado para que alguém o ouça e o entenda. O médico diretor só está preocupado com a quantidade de internos e de mantê-los na instituição para poder receber o subsídio federal, não pensando em tratá-los para que eles possam voltar para a sociedade.
Como é possível observar no filme, Neto é internado de maneira involuntária, sem uma explicação plausível. Embora esse tipo de internação possa ser solicitado, segundo a lei 10216 no Art. 8º
“A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento” (BRASIL, 2005).
Com base nesses dados podemos dizer que no caso do Neto esses critérios esse não foram seguidos, não houve nenhuma avaliação médica, nenhum exame, nem mesmo a consulta clínica de um profissional,
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