CARACTERIZAÇÃO DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS: TRADICIONAL E NOVA
Por: Isabela Pulga • 14/11/2020 • Dissertação • 1.510 Palavras (7 Páginas) • 129 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
Diante do atual cenário mundial, onde todas as populações estão sofrendo com o impacto da pandemia do século e das aulas remotas emergenciais, há-se a necessidade de evidenciar e caracterizar os modelos de ensino vigentes.
Isso exposto, este trabalho tem como foco elucidar os padrões do ensino da pedagogia tradicional, seu surgimento, suas contribuições, normas, critérios de avaliação e como a mesma perdura na escola contemporânea.
Outrossim, ansiamos expor os principais pontos da pedagogia nova, a razão de sua criação, seus projetos, a forma de apresentação de conteúdo e a nova relação professor-aluno no ambiente educacional. Ainda, apresentamos exemplos de como esta pedagogia é efetuada na atualidade. Ambas as pedagogias são expostas através de grandes pedagogos e filósofos como Aranha, Mizukami e Saviani.
2. PEDAGOGIA TRADICIONAL
A escola tradicional é definida pela conjuntura de eventos e transformações pedagógicas que ocorreram entre os séculos XVI e XX, visados em favorecer a classe burguesa vigente, decorrente do renascimento e das revoluções industriais I e II. A institucionalização da escola, na Idade Moderna, deu-se com objetivo de ser “[...] uma agência centrada no professor, o qual transmite, segundo uma lógica, o acervo cultural aos alunos.” (SAVIANI, 1984, p.6). Nesse modelo, cabia ao aluno receber o conhecimento e fixa-lo através de leituras e escritas repetitivas para, em seguida, atestar sua capacidade em reproduzir o conteúdo, através de avaliações que valorizavam a memória.
Uma das principais características da pedagogia tradicional é o uso de penalizações, através de castigos e humilhações públicas, para disciplinar os alunos considerados desobedientes. A ideologia criada no século XVI que define o bom aluno como aluno quieto, receptor de conhecimento e acatador de regras ainda persiste nos dias atuais, gerando impactos na formação do ser social. Tais normas foram criadas no intuito de “[...] se preocupar mais com a variedade e quantidade de noções/conceitos/informações que com a formação do pensamento reflexivo.” (MIZUKAMI, 1986, p.14). Pois, assim, o professor seria capaz de homogeneizar o pensamento, ignorando os questionamentos pessoais dos alunos.
De acordo com Mocarzel e Vieira (2016), o modelo de avaliação da escola tradicional que designava o sucesso do aluno por meio de exames perdura até a atualidade, sendo os vestibulares a grande representação do sistema educacional brasileiro. Em ambas as épocas, os exames são feitos através de testes escritos, avaliando a capacidade cognitiva dos alunos em associar o conhecimento recebido com as indagações realizadas pelos avaliadores. Dessa maneira, a aptidão do aluno em assimilar, memorizar e raciocinar são os quesitos necessários para o que o discente seja aprovado e possa passar para uma nova etapa de sua vida estudantil.
Conforme o tempo, os resultados da escola tradicional começaram a ser negativos, visto que a maioria dos alunos não chegavam a se graduar e, entre aqueles que se graduavam, boa parte não conseguia se adequar à sociedade, marginalizando mais ainda a faculdade intelectual. Diante disso, os pedagogos e psicólogos do século XX encontraram nas críticas negativas um espaço para a criação uma nova política de educação: a Pedagogia Nova.
3. PEDAGOGIA NOVA
Tratando-se da Pedagogia Nova, inserida na crescente industrialização da sociedade e originada no final do século XIX , é uma “típica representante da pedagogia liberal” (ARRUDA, 2001, p.168) em que, devido ao contexto de surgimento, a ampliação da rede escolar é bem-vinda; preparar o povo para o novo garantindo a esperança da mobilidade social é agora papel dessa nova forma de ensino. Com o objetivo de reformular a educação, visto que essa não parecia mais se encaixar no mundo ao qual estava estabelecida, a tradicional pedagogia da essência é substituída pela da existência, em que o indivíduo passa a ser reconhecido como único e seus problemas encarados de forma individual.
Segundo Aranha, o aluno se torna o núcleo do aprendizado (pedocentrismo), tendo suas necessidades atendidas e sendo estimulado conforme a visão da criança deixa de ser a de um “pequeno adulto”. Essa, por consequência, se torna uma das principais características da nova forma de se pensar a educação; nela o professor tem como papel estimular e ajudar no despertar da curiosidade do estudante, atendendo suas necessidades e não lhe podando a espontaneidade, tratando com importância o psicológico infantil.
Nessa nova forma de pedagogia, a abstração do conteúdo se dava de maneira diferenciada, o professor apenas conduziria o aluno e esse aprenderia através da compreensão, da abstração de suas próprias experiências. Com isso, aprender fazendo se torna um dos princípios da escola nova, onde o corpo passa a ser valorizado por meio de atividades físicas; os programas e horários são centrados nas demandas individuais e pesquisas, jogos e experiências passam a ser estimulados. Saindo do centro do processo de aprendizagem e tornando-se apenas uma de suas etapas, a avaliação “não visa apenas os aspectos intelectuais, mas também as atitudes e aquisição de habilidades” (ARANHA, 2001, p. 168). Afrouxam-se as rígidas normas e são estimuladas discussões a fim de preparar a autonomia da criança e fazê-los entender a necessidade de normas coletivas.
Ainda, “a pedagogia nova começa, pois, por efetuar a crítica da pedagogia tradicional” (SAVIANI, 1984, p. 07) relacionada a sua forma de interpretar, pensar e implantar educação. Nessa nova teoria, o marginalizado assim o é por ser rejeitado; o trabalho com os “anormais” ganha maior atenção tendo em vista a valorização da individualidade e a descoberta acerca das diferenças existentes entre os homens, com isso, a anormalidade se torna apenas uma diferença, algo normal. Seria papel da educação corrigir a marginalidade (sendo os marginalizados aqueles anormais) na medida em que os indivíduos seriam educados para mútua aceitação
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