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CIÊNCIA e SENSO COMUM

Seminário: CIÊNCIA e SENSO COMUM. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  17/11/2014  •  Seminário  •  1.454 Palavras (6 Páginas)  •  353 Visualizações

Página 1 de 6

CAPITULO 1

A Psicologia ou as psicologias

CIÊNCIA

E

SENSO COMUM

Quantas vezes, no nosso dia-a-dia, ouvimos o termo psicologia?

Qualquer um entende um pouco dela. Poderíamos até mesmo dizer que

“de psicólogo e de louco todo mundo tem um pouco”. O dito popular não

é bem este (“de médico e de louco todo mundo tem um pouco”), mas

parece servir aqui perfeitamente. As pessoas em geral têm a “sua

psicologia”.

Usamos o termo psicologia, no nosso cotidiano, com vários

sentidos. Por exemplo, quando falamos do poder de persuasão do

vendedor, dizemos que ele usa de “psicologia” para vender seu produto;

quando nos referimos à jovem estudante que usa seu poder de sedução

para atrair o rapaz, falamos que ela usa de “psicologia”; e quando

procuramos aquele amigo, que está sempre disposto a ouvir nossos

problemas, dizemos que ele tem “psicologia” para entender as pessoas.

Será essa a psicologia dos psicólogos? Certamente não. Essa

psicologia, usada no cotidiano pelas pessoas em geral, é denominada de

psicologia do senso comum. Mas nem por isso deixa de ser uma

psicologia. O que estamos querendo dizer é que as pessoas,

normalmente, têm um domínio, mesmo que pequeno e superficial, do

conhecimento acumulado pela Psicologia científica, o que lhes permite

explicar ou compreender seus problemas cotidianos de um ponto de vista

psicológico.

É a Psicologia científica que pretendemos apresentar a você. Mas,

antes de iniciarmos o seu estudo, faremos uma exposição da relação

ciência/senso comum; depois falaremos mais detalhadamente sobre

ciência e, assim, esperamos que você compreenda melhor a Psicologia

científica. [pg. 15]

O

SENSO

COMUM:

CONHECIMENTO DA REALIDADE

Existe um domínio da vida que pode ser entendido como vida por

excelência: é a vida do cotidiano. É no cotidiano que tudo flui, que as

coisas acontecem, que nos sentimos vivos, que sentimos a realidade.

Neste instante estou lendo um livro de Psicologia, logo mais estarei

numa sala de aula fazendo uma prova e depois irei ao cinema. Enquanto

isso, tenho sede e tomo um refrigerante na cantina da escola; sinto um

sono irresistível e preciso de muita força de vontade para não dormir em

plena aula; lembro-me de que havia prometido chegar cedo para o

almoço. Todos esses acontecimentos denunciam que estamos vivos. Já

a ciência é uma atividade eminentemente reflexiva. Ela procura

compreender, elucidar e alterar esse cotidiano, a partir de seu estudo

sistemático.

Quando fazemos ciência,

baseamo-nos na realidade cotidiana e

pensamos sobre ela. Afastamo-nos

dela para refletir e conhecer além de

suas aparências. O cotidiano e o

conhecimento científico que temos da

realidade aproximam-se e se afastam:

aproximam-se porque a ciência se

refere ao real; afastam-se porque a

ciência abstrai a realidade para compreendê-la melhor, ou seja, a

ciência afasta-se da realidade, transformando-a em objeto de

investigação — o que permite a construção do conhecimento científico

sobre o real.

Para compreender isso melhor, pense na abstração (no

distanciamento e trabalho mental) que Newton teve de fazer para,

partindo da fruta que caía da árvore (fato do cotidiano), formular a lei da

gravidade (fato científico).

Ocorre que, mesmo o

mais especializado dos

cientistas, quando sai de

seu laboratório, está

submetido à dinâmica do

cotidiano, que cria suas

próprias “teorias” a partir

das teorias científicas, seja

como forma de “simplificálas”

para o uso no dia-a-dia,

ou como sua maneira peculiar de interpretar fatos, a despeito das

considerações feitas pela ciência. Todos nós — estudantes, psicólogos,

físicos, artistas, operários, teólogos — vivemos a maior parte do tempo

esse cotidiano e as suas teorias, isto é, aceitamos as regras do seu jogo.

[pg. 16]

O fato é que a dona de casa, quando usa a garrafa térmica para

manter o café quente, sabe por quanto tempo ele permanecerá

razoavelmente quente, sem fazer nenhum cálculo complicado e, muitas

vezes, desconhecendo completamente as leis da termodinâmica.

Quando alguém em casa reclama de dores no fígado, ela faz um chá de

boldo, que é uma planta medicinal já usada pelos avós de nossos avós,

sem, no entanto, conhecer o princípio ativo de suas folhas nas doenças

hepáticas e sem nenhum estudo farmacológico. E nós mesmos, quando

precisamos atravessar uma avenida movimentada, com o tráfego de

Mesmo não dispondo de instrumentos, sabemos avaliar a

distância e a velocidade de um veículo quando

atravessamos a rua.

veículos em alta velocidade, sabemos perfeitamente medir a distância e

a velocidade do automóvel que vem em nossa direção. Até hoje não

conhecemos ninguém que usasse máquina de calcular ou fita métrica

para essa tarefa. Esse tipo de conhecimento que vamos acumulando no

nosso cotidiano é chamado de senso comum. Sem esse conhecimento

intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros, a nossa vida no dia-a-dia

seria muito complicada.

A necessidade de acumularmos esse tipo de conhecimento

espontâneo parece-nos óbvia. Imagine termos de descobrir diariamente

que as coisas tendem a cair, graças ao efeito da gravidade; termos de

descobrir diariamente que algo atirado pela janela tende a cair e não a

subir; que um automóvel em velocidade vai se aproximar rapidamente de

nós e que, para fazer um aparelho eletrodoméstico funcionar, precisamos

de eletricidade.

O senso comum, na produção desse tipo de conhecimento,

percorre um caminho que vai do hábito à tradição, a qual, quando

estabelecida, passa de geração para geração. Assim, aprendemos com

nossos pais a atravessar uma rua, a fazer o liqüidificador funcionar, a

plantar alimentos na época e de maneira correta, a conquistar a pessoa

que desejamos e assim por diante.

E é nessa tentativa de facilitar o dia-a-dia que o senso comum

produz suas próprias “teorias”; na realidade, um conhecimento que,

numa interpretação livre, poderíamos chamar de teorias médicas, físicas,

psicológicas etc. [pg. 17]

SENSO COMUM: UMA VISÃO-DE-MUNDO

Esse conhecimento do senso comum, além de sua produção

característica, acaba por se apropriar, de uma maneira muito singular, de

conhecimentos produzidos pelos outros setores da produção do saber

humano. O senso comum mistura e recicla esses outros saberes, muito

mais especializados, e os reduz a um tipo de teoria simplificada,

produzindo uma determinada visão-de-mundo.

O que estamos querendo mostrar a você é que o senso comum

integra, de um modo precário (mas é esse o seu modo), o conhecimento

humano. E claro que isto não ocorre muito rapidamente. Leva um certo

tempo para que o conhecimento mais sofisticado e especializado seja

absorvido pelo senso comum, e nunca o é totalmente. Quando utilizamos

termos como “rapaz complexado”, “menina histérica”, “ficar neurótico”,

estamos usando termos definidos pela Psicologia científica. Não nos

preocupamos em definir as palavras usadas e nem por isso deixamos de

ser entendidos pelo outro. Podemos até estar muito próximos do conceito

científico mas, na maioria das vezes, nem o sabemos. Esses são

exemplos da apropriação que o senso comum faz da ciência.

ÁREAS

DO

CONHECIMENTO

Somente esse tipo de conhecimento, porém, não seria suficiente

para as exigências de desenvolvimento da humanidade. O homem,

desde os tempos primitivos, foi ocupando cada vez mais espaço neste

planeta, e somente esse conhecimento intuitivo seria muito pouco para

que ele dominasse a Natureza em seu próprio proveito. Os gregos, por

volta do século 4 a.C, já dominavam complicados cálculos matemáticos,

que ainda hoje são considerados difíceis por qualquer jovem colegial. Os

gregos precisavam entender esses cálculos para resolver seus

problemas agrícolas, arquitetônicos, navais etc. Era uma questão de

sobrevivência. Com o tempo, esse tipo de conhecimento foi-se

especializando cada vez mais, até atingir o nível de sofisticação que

permitiu ao homem atingir a Lua. A este tipo de conhecimento, que

definiremos com mais cuidado logo adiante,

chamamos de ciência.

Mas o senso comum e a ciência não

são as únicas formas de conhecimento que o

homem possui para descobrir e interpretar a

realidade.

Registro de crenças e tradições

para as futuras gerações. Povos antigos, e entre eles cabe

sempre mencionar os gregos, preocuparam-se com a origem e com o

significado da existência humana. As especulações em torno desse tema

formaram um corpo de [pg. 18] conhecimentos denominado filosofia.A

formulação de um conjunto de pensamentos sobre a origem do homem,

seus mistérios, princípios morais, forma um outro corpo de conhecimento

humano, conhecido como religião. No Ocidente, um livro muito

conhecido traz as crenças e tradições de nossos antepassados e é para

muitos um modelo de conduta: a Bíblia. Esse livro é o registro do

conhecimento religioso judaico-cristão. Um outro livro semelhante é o

livro sagrado dos hindus: Livro dos Vedas. Veda, em sânscrito (antiga

língua clássica da Índia), significa conhecimento.

Por fim, o homem, já desde a sua pré-história, deixou marcas de

sua sensibilidade nas paredes das cavernas, quando desenhou a sua

própria figura e a figura da caça, criando uma expressão do

conhecimento que traduz a emoção e a sensibilidade. Denominamos

arte a esse tipo de conhecimento.

Arte, religião, filosofia, ciência e senso comum são domínios do

conhecimento humano.

...

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