Candomblés: Espaços de superação da exclusão, das desigualdades e da fome
Por: helena_a • 6/3/2017 • Trabalho acadêmico • 921 Palavras (4 Páginas) • 330 Visualizações
[pic 1]ESCOLA BAHIANA DE MEDICINA E SAÚDE PÚBLICA
Psicologia – 1º semestre
Docente: Carlos Danon
Discentes: Joana Rebouças, Maria Helena, Marilda Bastos, Natan Amoedo, Valéria Figueira, Vinicius Coelho
Componente curricular: Fundamentos Sócio Antropológicos
RESENHA[pic 2]
Candomblés: Espaços de superação da exclusão, das desigualdades e da fome.¹ Denize de Almeida Ribeiro
A referida produção é um dos onze textos que compõe o livro A História da saúde e da doença no Brasil, organizado por Antônio Emílio Morga. A autora, Denize Ribeiro, é Coordenadora do NEGRAS - Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça e Saúde da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e possui experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Ciências Sociais e Saúde, atuando principalmente nos seguintes temas: Saúde da População Negra, Saúde Coletiva, Políticas de Combate ao Racismo, Genocídio da População Negra, Pesquisa Ativista, Promoção da Equidade Racial e de Gênero, Feminismo Negro, Segurança Alimentar e Nutricional, Povos e Comunidades tradicionais e Saúde no Candomblé. Essa gama de conhecimento direciona um trabalho de pesquisa enriquecedor tanto para a antropologia quanto para a saúde.
Partindo do macro, a autora introduz o leitor ao tema pelas mascas da desigualdade social, as quais são delineadas de diversas formas (má distribuição de bens e serviços, etc.) e seus padrões variam no espaço e no tempo. Porém, atualmente no Brasil, ainda perduram desigualdades que refletem diretamente no processo de saúde-doença da população menos favorecidas, que resulta consequentemente em vulnerabilidade ao adoecimento e mortalidade precoce, que são abordadas no conceito de Determinantes Sociais de Saúde (DSS) como sendo os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e fatores de risco à população, tais como moradia, alimentação, escolaridade, renda e emprego.[pic 3][pic 4]
A exclusão social é pauta para diversos autores como Sarah Escorel, que analisa o trabalho de R. de Castel, sobre a influência dos eixos de vinculação/desvinculação, sendo este um processo que envolve trajetórias de vulnerabilidade, fragilidade ou precariedade e até ruptura dos vínculos, nas seguintes dimensões da existência em sociedade: sócio familiar, laboral (trabalho), política e de cidadania, cultural e a dimensão da própria vida.
Partindo deste conceito, a autora descreve a fome e os processos de exclusão/inclusão desenvolvidos pelos negros através da religiosidade, dos Candomblés da Bahia, delineando, a princípio, um panorama histórico sobre a relação existente entre a fome e o processo de colonização de povos. No Brasil, o primeiro contingente de famintos foram os escravos e até mesmo depois da abolição, a situação de miséria perdurou sobre essa parcela da população, que é evidenciado até hoje, onde taxas de mortalidade e analfabetismo são predominantes na população negra.
Em contrapartida a essa desigualdade histórica, a cultura dos negros de origem africana perdurou caracterizando um importante símbolo de resistência, através da sagrada simbologia do Candomblé, e são nesses espaços que o estilo de vida, hábitos e recomendações de promoção de saúde e prevenção de doenças perpassam pelas gerações. Um exemplo interessante é o da cosmovisão dos angoleiros (bantu), onde o mundo era um grande pacote, feito por Zambi, no qual colocou todas as doenças e suas respectivas curas, e entregou ao homem. Então, nada é inventado pelo homem mas lhe foi designada a função de descobrir qual remédio é para quê.
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