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Caracterização do Sujeito e seu Âmbito Escolar e Familiar

Por:   •  4/9/2016  •  Artigo  •  2.389 Palavras (10 Páginas)  •  418 Visualizações

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[pic 1]UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA: INTERVENÇÃO EM PROC APRENDIZAGEM

                                 Fortaleza – Ceará

        

Resultados e Discussão

        Caracterização do sujeito e seu âmbito escolar e familiar

        Charles, 11 anos, nascido em Fortaleza, residia na mesma cidade. Durante muito tempo foi filho único até a chegada da irmã mais nova há um ano. A rotina de Charles é baseada em ir a escola pela manhã e estudar a tarde em casa. É muito preso no sentido de não poder ir brincar com as outras crianças do prédio pôr a mãe acreditar que o filho possa ser excluído ou passar vergonha.

Charles foi diagnosticado com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDHA) por sua psicopedagoga que o acompanha há 3 anos. De acordo com Greenhill (1998):

A característica essencial do TDAH é um padrão persistente de desatenção e/ou de hiperatividade, mais freqüente e em maior grau do que tipicamente observado nos indivíduos com nível equivalente de desenvolvimento. Alguns dos sintomas que causam prejuízo devem estar presentes antes dos sete anos de idade e devem também ser observados em, pelo menos, dois contextos (por ex., na escola e em casa). Deve haver sempre claras evidências de interferência nos funcionamentos social, acadêmico ou ocupacional.

        Já para Biederman (1998), o TDAH é caracterizado por indivíduos que apresentam impulsividade, impaciência, dificuldade em entender e conseguir aguardar o momento certo das coisas (sua vez), responde de maneira precipitada as perguntas feitas a eles e “tendo alteração da sociabilidade, labilidade emocional, baixa tolerância às frustrações, baixa auto-estima e comportamento desafiador são outras características.” (Biederman, 1998).  

 Toda a vida escolar de Charles é baseada nesse diagnóstico, o que o fez, por muitos anos, evoluir em um ritmo lento. Está em sua série regular, porém com conteúdo modificado e, assim, atrasado em relação a sua turma. Ele sabe ler e escrever, com algumas questões que o diferenciam de sua turma, o que será discutido mais adiante.

Um estagiário foi selecionado para iniciar um trabalho de acompanhamento escolar com Charles enquanto o mesmo frequentava o 5º ano do ensino fundamental. O seu comportamento era de uma criança quieta e atenciosa, não esboçando nenhuma reação agressiva ou que pudesse viabilizar um desconforto. Na verdade, ele se apresentou bastante comunicativo com o estagiário, entretanto logo percebeu-se que essa comunicação é somente com a pessoa que o acompanha, não havendo com os outros alunos da turma.

Segundo Serra (2004), o processo educativo com crianças de necessidades educativas especiais, se dá a partir da reflexão das alterações metodológicas e pedagógicas sem a modificação da eficácia educacional dessas crianças.

Charles não era tão comunicativo com os colegas de sala, não respondendo a algumas colocações feitas por eles, o que dificultava sua interação com a turma. A maior parte da comunicação de Charles era justamente com o estagiário, principalmente em momentos onde ele podia expressar-se corporalmente, como jogando basquete, por exemplo, esporte que ele gostava de brincar. Ali, falava de sua vida familiar, de como se sentia na escola e acontecimentos de sua vida cotidiana. O estabelecimento da transferência com o estagiário se dava dessa maneira.

De acordo com Souza at all (2004), é quase impossível a escola regular, possuir o aparato de acompanhar cada aluno de necessidades educativas especiais de uma maneira diferente. Por isso, o auxilio de profissionais no acompanhamento individual do aluno é essencial para o progresso no processo de aprendizagem, além de uma orientação aos professores e coordenadores em relação a uma forma diferenciada de passar o conteúdo, sendo entendida por todos.

No que diz respeito a aprendizagem de Charles, era necessário a realização, muitas vezes, de um trabalho lúdico para a absorção de conteúdo por parte dele, principalmente no que diz respeito a questões de matemática e raciocínio lógico. Era utilizado o material dourado (material que consiste em vários bloquinhos de madeira enumerados em 1, 10, 50 e 100) para melhor compreensão do conteúdo dado em sala.

Outra atividade realizada com Charles na escola é a interação do sujeito com a turma, principalmente em momentos de aulas artísticas. Era incentivado a Charles ajudar seus amigos, entregando material, desenhando algumas linhas, falando um pouco sobre o que achava dos desenhos, entre outros. Charles nesses momentos só não gostava muito de envolvimento corporal, ou seja, que tocassem nele, sendo o estagiário  o único onde Charles sentia-se confortável para tal tarefa, provavelmente por conta do estabelecimento de uma transferência positiva com o mesmo.

Freud (1996) explica a dinâmica da transferência em que a transferência não se dirige à pessoa, mas ao “lugar” que ela ocupa ou ao que ela representa no discurso. Freud também coloca como campo primordial da psicanalise sendo algo que irá perdurar durante todo o trajeto clínico. “Quando algo no material complexivo (no tema geral do complexo) serve para ser transferido para a figura do médico, essa transferência é realizada”. Colocando a teoria analítica que fora primeiramente criada em uma perspectiva clínica para o âmbito da escola, observa-se a transferência do aluno com o professor (ou o estagiário) para a fomentação do desejo de aprender.

Melmam (1985), coloca uma perspectiva interessante da psicanálise, ele coloca a perspectiva da transferência como querer um deciframento, pois é constituído de linguagem. “é deixando de vê-lo para começar a ouvi-lo”. Assim devemos trabalhar na escola, observar o desejo do outro, para assim trabalhar em cima desses desejos.

Era trabalhado com Charles uma perspectiva de sujeito desejante. Não adiantava forçar o ensino se ele não o desejava. Freud (1996) coloca o aprender como vindo de algo externo do sujeito, experiências enriquecedoras ao ego do sujeito. Assim ele cria projeções em relação a imagens paternas e maternas.

Freud (1996) colocava a família como ponto importante para a constituição da subjetivação. O autor afirma que as experiências de identificação vividas pela criança com os pais no contexto familiar podem desencadear efeitos marcantes e primordiais no desenvolvimento e que estão anexados durante toda a vida do sujeito.

Charles vem de uma família onde a imagem paterna sempre foi ausente, pois este trabalha fora do estado, indo visitar a família esporadicamente. Sendo cuidado somente pela mãe e pela avó, até que recentemente sua mãe fica grávida novamente e uma gravidez complicada, sendo o bebe, ao nascer, recebendo mais cuidados e Charles deixado um pouco de lado.

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