Comentários Críticos a Partir do Texto "O mundo Sob a Pele" - Skinner (1982)
Por: vetv • 21/11/2021 • Dissertação • 520 Palavras (3 Páginas) • 166 Visualizações
comentários críticos a partir do texto "O mundo Sob a Pele" - Skinner (1982)
O Mundo Dentro da Pele – Considerações
“Estímulos e respostas que ocorrem sob a pele do indivíduo”. É assim que Skinner se refere aos eventos privados, onde se entende que o “indivíduo” é um ser único, distinguível dos demais do grupo, cabendo a si identificar e interpretar os processos que lhe ocorrem internamente. Como comparar minha dor com a do próximo se não tenho acesso direto ao sentimento do outro, a não ser através da percepção e relato do mesmo? Como pode um homem entender qual a dor do parto?
Para se fazer compreender é necessário que o indivíduo desenvolva a capacidade comunicativa de comparar e descrever o que ocorre de maneira única e privada dentro de si com algum evento publicamente observável que já tenha sido vivenciado anteriormente por si mesmo. Me lembro da minha mãe comparar a dor do parto com uma pedra no rim, esta talvez a comparação que melhor me aproximou de compreender a dor envolvida em tal evento, haja visto que já tive a oportunidade e o desprazer de experimentar tal crise.
Quando se tratam das percepções individuais, é necessário contar sempre com uma razoável “margem de erro” dos eventos relatados. Muitas vezes se faz necessário aprofundar a investigação. Quando acreditamos ser necessária intervenção hospitalar para alguém que nos relate dor, não a encaminhamos para o hospital sem antes perguntar: quer ir ao hospital? Quando durante viajem alguém diz que quer fazer xixi perguntamos: quer que pare a gora ou consegue esperar um posto de serviços? Não é difícil perceber a diferença entre o que se sente e sua descrição, haja visto a fragilidade e a quantidade de variáveis intervenientes envolvidas no processo, como a aceitação social e a falta de conhecimento sobre si mesmo, entre outros.
Todo o processo de “olhar para dentro de si” e expressar isso para o interesse de outro, promove autoconhecimento. Ao revelar parte do seu “mundo interior” o indivíduo o faz explicitando comportamentos passados e elementos que ajudaram a construí-los. São impressões únicas e pessoais, muitas vezes carentes de precisão e clareza, mas sempre dotadas de uma grande diversidade. Quem se propõe a trabalhar esse processo se torna mais apto a se perceber e, porque não, mais capaz de controlar e modificar seus comportamentos, tornando-se em alguma medida mais livre.
A psicoterapia, e nesse caso em especial a behaviorista, se vale desse esforço que o paciente faz para se expressar verbalmente. O movimento que o indivíduo faz de focar em si mesmo para estabelecer relações mais claras possíveis de seus sentimentos com coisas outras, promove uma maior compreensão dos próprios sentimentos e pode resultar inclusive em importantes ressignificações. Fica clara a importância do uso, por parte do terapeuta, de técnicas de comunicação no processo de escuta para ajudar o cliente a estabelecer essas relações. Aliada a uma atenta observação dos eventos públicos, perguntas ou comentários bem aplicados durante esse processo podem ser a chave para abrir nossa compreensão do outro e sobretudo a compreensão dele dos seus próprios comportamentos, possíveis causas e origens, proporcionando evolução no processo de autoconhecimento.
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