DESAFIOS PARA A CONSTRUÇÃO E FORMAÇÃO DE CRIANÇAS SAUDÁVEIS NO MUNDO EM QUE VIVEMOS
Por: ValquiriaSaiki10 • 16/10/2021 • Trabalho acadêmico • 3.894 Palavras (16 Páginas) • 103 Visualizações
Universidade de Taubaté – UNITAU
Departamento de Psicologia
Psicologia do desenvolvimento
2021
DESAFIOS PARA A CONSTRUÇÃO/FORMAÇÃO DE CRIANÇAS SAUDÁVEIS NO MUNDO EM QUE VIVEMOS
O que é desenvolvimento humano? É possível definir uma vida saudável? Qual a melhor forma de educar uma criança a fim de que ela esteja preparada para a vida adulta? Quais as expectativas dos filhos em relação aos pais? Quais as expectativas dos pais em relação aos filhos? Quais as expectativas de cada um consigo mesmo? O que é ter sucesso? Como fazer parte do mundo sem se perder? O que é uma criança saudável? Qual o desenvolvimento mais saudável para as crianças com tantas informações e interferências no mundo de hoje? Muitos são os questionamentos quando se trata do desenvolvimento humano, e, não raras vezes, quando encontradas algumas respostas, surgem novos questionamentos, enriquecendo o conhecimento humano, não nos deixando estagnados, corroborando com a afirmativa de que somos seres que pensam e buscam o crescimento através das épocas, em todos os aspectos, quer seja cultural, político, social, físico e mental.
No modelo político e econômico no qual vivemos, muitas famílias precisam complementar a sua renda. A sociedade atual parece cada vez mais consumista e percebe-se uma valorização do ter sobre o ser. Assim, nessa sociedade capitalista, alguns verbos parecem gritar: aparentar, ostentar, consumir... Nesse contexto, parece que vivemos sempre em uma competição. Não basta ter uma vida financeira confortável, é preciso pertencer a uma classe mais favorecida. Não é o bastante ter um filho educado, saudável e com equilíbrio emocional, ele precisa ser perfeito, ou seja, o melhor. Se esse modelo é avassalador para adultos, o que dizer sobre as nossas crianças?
Segundo Ribeiro e Eyken (2012), o desenvolvimento humano é um processo dinâmico que ocorre durante a vida toda. Todavia, é na infância que eventos externos e fatores internos exercem maior influência.
Muitas questões existem a respeito da preparação do ser humano para vivenciar o mundo de forma que, ao olhar para a infância, estejamos satisfeitos com o que foi experienciado. Ribeiro e Eyken (2012) afirmam que essas oportunidades também se relacionam com a família para que esta cumpra o seu papel de agente promotor do desenvolvimento infantil.
Muitos pais, antes mesmo de se tornarem pais, possuem um planejamento, uma expectativa do que fazer e como fazer em relação à criação e educação dos filhos. Outros, não possuem qualquer planejamento ou expectativa, porém, esta é uma função que aprendemos e reaprendemos com a presença dos filhos no dia a dia. Os filhos, mesmo que sejam gêmeos, possuem personalidades, emoções, pensamentos e modo de agir distintos, bem como forma única de se relacionar com o mundo que os cerca.
É um desafio ímpar: os pais precisam lidar com os seus pensamentos, emoções e experiências vividas. A partir do momento em que os filhos nascem, de repente, se veem responsáveis pela condução de uma vida e passam pelos desafios de dividir a educação da criança com o cônjuge, companheiro ou, não raras vezes nos dias de hoje, ex-cônjuge/ex-companheiro. Como se não bastasse, há também as interferências externas, quer sejam familiares, educacionais, tecnológicas ou o meio social em si.
Papalia, Olds e Feldman (2010) didaticamente classificam o desenvolvimento humano em etapas, de acordo com cada faixa etária, para melhor compreensão e acompanhamento do desenvolvimento físico e cognitivo da criança. Portanto, há que se lembrar “que a criança é um ser social, devendo considerar sua classe social, econômica, cultural, religiosa etc., que influenciará na forma de estar no mundo, bem como o desenvolvimento da criança” (Ribeiro e Eyken, 2012, p. 20).
“Perceber o ser humano como uma totalidade significa compreendê-lo para além de suas características isoladas, articulando-as não só a outras características do seu ser total, como também a totalidade do contexto mais amplo do qual ele faz parte. Assim, a criança tal como a encaramos é percebida como um ser total ou global, o que implica considerar uma inevitável vinculação, reciprocidade e retroalimentação entre fatores emocionais, cognitivos, orgânicos, comportamentais, sociais, históricos, culturais, geográficos e espirituais. A organização destes elementos interdependentes é regida por uma força que visa sempre a busca de equilíbrio. Assim, o que ocorre em uma parte sempre afeta as outras, e, por conseguinte, a totalidade do indivíduo” (AGUIAR, 2014, p.41)
Uma vez que o indivíduo é parte do meio em que vive e o meio é formado pelo indivíduo, deve-se levar em consideração a disponibilidade de um ambiente social seguro e acolhedor, bem como observar a faixa etária, momento histórico, cultura, condição social, valores, visto que todos esses fatores são de enorme importância, principalmente nos três primeiros anos de vida.
“Ressalta-se sobre o desenvolvimento da criança, nos três primeiros anos de vida, pois é nesta idade em que a criança está imersa, principalmente no ambiente familiar, “sendo a família a primeira forma de contato da criança com o mundo" (BARBOSA, 2011, P.9), e muitas delas ainda não estão na escola, predominando uma influência maior da família pelo fato de a criança estar, em boa parte do tempo, em contato com este ambiente”. (RIBEIRO e EYKEN, 2012, p. 20).
O desenvolvimento psicossocial interfere no desenvolvimento cognitivo e físico, uma vez que, como seres sociáveis, o desenvolvimento saudável ocorre com o convívio, através da observação e da interação. Nesse cenário, a criança recebe informações que vão afetar e determinar a sua capacidade psicossocial, bem como também o seu crescimento intelectual, emocional e físico.
A partir da pequena sociedade que a cerca (família), a criança terá o primeiro contato social antes de interagir com a sociedade de forma mais abrangente, utilizando essas primeiras experiências no contato inicial em sua vida escolar e em outros grupos sociais, conforme ela vai sendo inserida.
Os estímulos sociais são de enorme importância para o desenvolvimento das crianças, uma vez que, estimuladas pelo meio, acabam por repetir inúmeros padrões saudáveis ou não, os quais sempre devem ser foco de observação dos pais e/ou cuidadores.
“O ser humano cresce e desenvolve-se ao longo do tempo na e a partir da relação: nós existimos a partir da relação, e não há outra forma de constituirmos, a não ser na relação. É na interação ininterrupta com o mundo, desde o momento do nascimento até o fim de sua vida, que o ser humano, transforma-se e desenvolve-se como uma pessoa com características próprias” (AGUIAR, 2014, p.43).
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