DISCIPLINA E INDISCIPLINA NA AULA

Disciplina e Indisciplina na Aula

A gestão dos incidentes críticos no ensino médio e as tendências pedagógicas no Brasil – estudo de caso em Curitiba

O objeto desta pesquisa é identificar os incidentes críticos que ocorrem em situações de ensino nas escolas públicas de nível médio, educação geral, em Curitiba.

Pela observação do trabalho em classe, quer supervisionando estágios, quer dialogando com alunos e professores, a pesquisadora percebeu que as relações conflitivas entre professor-alunos durante a realização do trabalho em sala, especialmente nas escolas de nível médio, são bastante inquietantes.

Embora as situações de indisciplina que ocorrem na escola possam derivar da sociedade e do próprio sistema de ensino, suas manifestações são bastante específicas.

Pode-se dizer que a indisciplina na escola e na turma, em particular, tem suas manifestações próprias, podendo ser analisada separadamente da indisciplina social.

É preciso distingui-la, também, de outras formas de violência que afetam a vida da escola e são provocadas por indivíduos alheios à mesma.

Por outro lado, ela não se confunde com a delinqüência, uma vez que viola apenas a ordem estabelecida na escola e não a ordem legal da sociedade. Não pode, ainda, ser confundida com comportamentos derivados de patologias individuais de ordem biopsicológica, as quais poderiam atuar apenas como causa mediata de incidentes críticos em sala de aula.

A partir de uma leitura pedagógica do fenômeno, o desenvolvimento deste trabalho permitiu uma análise consoante a filosofia da educação que tem norteado a educação brasileira em diferentes momentos históricos.

Os incidentes críticos estão na origem de uma situação perturbadora suscetível de ser modificada pela atitude do professor. Eles têm tendência a estabelecer uma relação com a negação, a privação ou a desordem provenientes do desrespeito das regras estabelecidas.

Estas regras estão em relação direta com uma dada sociedade, um dado tempo histórico, e assumem uma significação específica de acordo com o contexto sócio-histórico no qual se situam. Assim, para uma compreensão adequada dos incidentes críticos na educação brasileira, é necessário examinar os paradigmas que a orientam, contribuindo para a revisão de conceitos e práticas educacionais.

Este trabalho articula-se em três grandes etapas:

estabelecer uma relação entre a gestão de incidentes críticos e as principais tendências pedagógicas identificadas no Brasil;

identificar os incidentes críticos mais representativos em classe, ao nível do ensino médio das escolas públicas em Curitiba;

analisar o comportamento dos professores frente aos incidentes críticos em situações de ensino, de acordo com as tendências pedagógicas contemporâneas: o ensino tradicional, a Escola Nova, o tecnicismo, o progressismo e as metodologias inovadoras.

No Brasil, o ensino divide-se em fundamental (8 séries), aproximadamente de 7 a 15 anos, e médio (3 séries) de 15 a 18 anos. Este, por sua vez, pode estar voltado