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ELEMENTOS PARA UMA PSICOLOGIA NO PENSAMENTO DE SOREN KIERKEGAARD

Por:   •  1/6/2018  •  Abstract  •  1.930 Palavras (8 Páginas)  •  319 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Soren Kierkegaard foi inicialmente um escritor do século XIX, cujos textos são caracterizados pelo sarcasmo e pelas metáforas, e por colocar em foco o homem e seus dilemas existenciais. Soren pode ser conceituado como o criador do existencialismo, e sua filosofia diverge de outros filósofos, como Platão e Hegel, por dissertar acerca da existência concreta associada ao cristianismo.

A filosofia de Hegel, último filósofo clássico, prega que nossos sentimentos e pensamentos estão atrelados à nossa personalidade, que por conseguinte é significante por estar inserido em um contexto histórico. Segundo Hegel, para entender os acontecimentos em nossas vidas é necessário atingir a totalidade da ideia absoluta. Kierkegaard contrapôs essa linha, colocando o homem como um ser individual e incitando o estudo sobre as características deste, como a angústia. Entender como a vida de Soren influiu sobre os seus trabalhos é necessário para compreender suas contribuições à psicologia.

KIERKEGAARD: A PESSOA, O SUJEITO

A história de Soren Kierkegaard surge em seu nascimento em 1813, na Dinamarca. Seu pai, Mikael, era um homem religioso e trabalhava para um sacerdote luterano, porém, após blasfemar contra Deus foi morar com seu tio e trabalhar em uma loja. Logo após a morte de seu tio Mikael adquiriu seus bens, se tornado um homem rico, e dois anos após se casar sua mulher faleceu. Meses depois, ele se envolveu e casou com Ana, sua criada, e juntos tiveram mais filhos, contudo, ela também faleceu, assim como cinco de seus filhos.

Em sua juventude Soren era ridicularizado na escola por sua aparência e para se proteger das provocações utilizava o sarcasmo. Ele acabou se desentendendo com o pai e resolve sair de casa e render-se ao mundo e aos prazeres que este oferecia. Antes da morte de seu pai, Soren e Mikael voltam a se falar e o filho retomou sua fé em Deus. Soren aprofundou seu estudo em teologia e resolver noivar com a mulher que amava, porém, o relacionamento terminou.

Kierkegaard possui diversos pseudônimos e cada um indica um indivíduo distinto, que acredita em verdades diferentes. Todos os acontecimentos de sua vida influíram de alguma forma em seus textos, e para Soren a verdade na qual cremos é aquela na qual vivemos.

A QUESTÃO DOS PSEUDÔNIMOS

Cada pseudônimo de Kierkegaard tinha uma visão diferente sobre a existência e um público alvo a ser atingido. Ele usava para cada um dos nomes um dos estágios existenciais (estético, ético ou religioso) e fazia isso para influenciar pessoas de cada um desses estágios. Porém, assimilar o que cada um expressa não é uma tarefa fácil.

Sua primeira publicação com pseudônimo foi nomeada “Ou isso ou aquilo: um fragmento da vida”, e o sobrenome do autor, Eremita, remete à solidão e ao isolamento causados pelo fim de seu noivado e pelo foco religioso que escolheu dar a sua vida. Nesse livro o autor também utiliza o pseudônimo Johannes, um homem sedutor e religioso, que também escreveu ‘Temor e Tremor’. Ambos os pseudônimos são responsáveis por inserir os estágios da existência humana nas obras de Kierkegaard, sendo que “Ou isso ou aquilo” simboliza os estágios ético e estético, enquanto “Temor e Tremor” simboliza o religioso.

Soren publicou também alguns discursos que assinava com seu nome verdadeiro, sendo estes textos com temas cristãos e condizentes com o que seu pai defendia. Os nomes de seus pseudônimos são derivados dos eventos de sua vida, revelando a subjetividade do autor.

AS OBRAS COMO REFLEXO DA VIDA

Os livros de Soren dissertam sobre a existência e seus textos são cheios de metáforas, tornando-os difíceis de entender, fato que foi confirmado pelo autor. O livro “Temor e Tremor” traz uma metáfora entre a história bíblica de Abraão e Isaac e o relacionamento entre o autor e sua noiva. Régine alertou que iria cometer suicídio caso Soren rompesse o noivado, o que seria um atentado às leis divinas. Porém, o autor pensava em terminar o relacionamento para focar em suas publicações, e alegava ser a vontade de Deus. Logo, entrou em conflito como Abraão, que deveria escolher matar seu filho para cumprir a ordem de Deus ou seguir o mandamento divino de não tirar uma vida.

O livro “Ou isso ou aquilo” remete às duas maneiras de viver, seja pelo estado ético ou estético. Já a obra “O conceito de angústia” remete ao estágio religioso, no qual Adão é um ser angustiado e por representar o ser humano, este também sofre com este sentimento. Esta obra representa a relação agitada entre o autor e sua família.

No livro “O ponto explicativo de minha obra” esclarece sobre suas crenças religiosas, bem como o uso de seus pseudônimos e sua assinatura original. Já na obra “O desespero humano” as relações entre Deus e o homem são discutidas, bem como o desespero, que é descrito como uma característica do ser humano. O autor coloca esse sentimento como sendo a incapacidade do homem de aceitar-se como é. Segundo ele, os cristão possuem essa capacidade de aceitação, logo, são superiores aos outros.

A IDEIA DE HOMEM DE KIERKEGAARD

Soren coloca o homem como um paradoxo, no qual ao mesmo tempo que possui certas necessidades é também um ser livre. Ele também descreve o eu como espírito, que é capaz de ser infinito e finito ao mesmo tempo. Segundo Soren, o homem possui uma parte finita e temporal, que é o corpo, e outra parte infinita e atemporal, que é a alma. O espírito é a terceira parte, responsável por unir ambas os fragmentos quando é capaz de ver em si mesmo o infinito e o finito, sendo chamado de “eu”. Conforme o indivíduo responde aos fatos que acontecem em sua vida, o modo de agir do espírito, foram criadas os estágios.

OS ESTÁGIOS

Em seu livro “Uma primeira e última explicação”, Soren investigou minuciosamente o ser humano, e o que foi descoberto foi categorizado em três estágios, cada um com suas características: os estágios estético, ético e religioso.

O estágio estético é caracterizado por indivíduos que procuram por prazer, se preocupam com o presente, estão sempre se transformando, fogem das obrigações, e para esse indivíduo o que importa é ele mesmo. O pseudônimo Johannes pertence a este estágio.

O estágio ético é caracterizado por indivíduos que seguem as regras morais, estão em busca da perfeição, são responsáveis e para eles o matrimônio é algo indispensável. Os homens éticos dão importância às suas

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