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Ensaio sobre sexualidade no contexto contemporâneo

Por:   •  13/12/2016  •  Ensaio  •  2.628 Palavras (11 Páginas)  •  405 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO[pic 1]

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO, LETRAS, ARTES, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Ensaio sobre sexualidade no contexto ocidental contemporâneo

                                                                           Discentes: Francielle Araújo Leal

                                                                                         Marylise Guimarães

                 

Disciplina: Psicologia social

Uberaba, MG

2016

A sexualidade no contexto ocidental contemporâneo


A sexualidade é uma concepção humana holística e diversamente conceitualizada, que inclui uma ampla gama de esferas que se predispõem aos seus estudos; como a biologia, psicologia e a sexologia, elevando-se atualmente esse conceito principalmente na esfera pragmática e com ênfase clínica e comportamental. Michel Bozon, 2004, em sua obra Sociologia da Sexualidade expõe que os saberes, representações e conhecimentos relativos a sexualidade são culturais e históricos e por vezes moldam e ditam esses cenários. É irônico pensar paralelamente, como o discurso sociológico é por muitas vezes distanciado e menos autorizado nesse tema. No entanto, deve ser amplamente considerado o papel da sociologia nas vivências humanas individuais, a partir do momento que o ser humano se tornou amplamente desnaturalizado e totalmente dependente de seu contexto social, que guia a forma, sentido e manipulação de seus atos e influencia diretamente em sua subjetividade. Dessa forma, há uma flexibilidade na esfera da sexualidade que desliza pelos processos sociais que o constroem, assim, o não-sexual da significado ao sexual. Esse ser humano desnaturalizado é um reflexo de seu contexto social desnaturalizado, o ser como um reflexo de sua cultura. Durkheim já afirmava que a sociedade precede o indivíduo, portanto é preciso que este internalize as representações coletivas desta, ou vá contra as regras. Caso todos fossem contra esses desvios sociais, não formariam algo novo? Iremos tratar do assunto privilegiando a perspectiva fenomenológico-existencial, tanto na vivencia individual, como na sociológica.  Mas o que seria então um contexto social naturalizado, já que afirmamos a desnaturalização da atualidade? Não defendemos um discurso natural literal com bases instintivas como afirmara McDougall. Diante de uma sociedade humana há uma profusão de aspectos estabelecedores de cada indivíduo pertencentes a esta, e devem ser vivenciados da forma mais neutra e plena possível, uma sociedade natural no sentido de influenciar o ser, a criatividade, o vivido do ser na sua experienciação direta com si e com o meio. A sexualidade engloba um todo, e quando cada um desses aspectos é vivido em sua plenitude, essa pode se desenvolver em sua forma mais autentica, sem se focar tanto em conceitos, predeterminações, e interpretações, mas no poder de criação individual de cada ser no mundo. Essa perspectiva individual de mundo e vivencia autentica poderia ser possível quando alterado o contexto que influencia na fundação e vivencia do eu, dessa forma é interessante um estudo que se habilite dessas distorções perceptivas e vivenciais causadas pelo impacto social, seja costumes, regras, valores, de forma a analisar como isso é vivenciado nas sociedades ocidentais capitalistas  globalizadas e  sintonizadas com as mídias sociais e massificação, distorção e fragmentação de informações, além das diferenças sociais. A fim de estimular uma reflexão para que se proporcione um caminho pleno do desenvolvimento da sexualidade individualmente, considerando todos as esferas da existência humana no contexto contemporâneo, com ênfase na vivencia social.

Desde épocas medievais a sexualidade está estritamente ligada com o estabelecimento de ordem no mundo. Fatores políticos e interesses de poder e controle determinando as relações culturais, estabelecendo um desvio existencial. Na história da humanidade são recorrentes classificações dualistas, como sol e lua, e, frio e quente. Mas no sentido de desvio da conduta social, houve o estabelecimento de um fator a mais, o fator hierarquizante, o homem como superior e a mulher como inferior. Parker ,1991, observa como o comportamento sexual é percebido a partir de categorias atividade e passividade, estritamente associada ao masculino e feminino, e não necessariamente relacionado ao sexo biológico, mas a posição que o indivíduo ocupa na relação.  Seja na antiguidade grega e romana, onde a sexualidade licita para as mulheres livres se limitava aos casamentos,  já para os homens livres todos os prazeres eram permitidos desde que não colocasse em risco a sua posição social, até o estabelecimento do catolicismo e a ética sexual que demandava um comportamento de fidelidade nos casamentos, igualando a postura  sexual dos homens e mulheres com a finalidade da função reprodutiva, mas ao mesmo tempo, mantendo um lócus de controle concentrado nas leis da igreja, e quando quebradas em casos de adultério, há uma continuidade entre essas sociedades, com a mulher sendo severamente tratada em relação aos homens. Da mesma forma, nos tempos atuais, a prostituição ainda vista de forma depreciativa com a figura da mulher, e relativamente normal aos homens que buscam essas mulheres. Em uma linha temporal sequente ser homem ou ser mulher era assumir um papel social, um papel cultural, e não apenas ter um corpo diferente (Bozon, 2004).

Focault, 1977, observara que "nas relações de poder, a sexualidade não é o elemento mais rígido, mas um dos dotados da maior instrumentalidade utilizável no maior número de manobras, e podendo servir de ponto de apoio, de articulação às mais variadas estratégias". 

Percebe-se claramente como o contexto social e histórico influencia nessa construção individual, e passagem posterior, mesmo com o acréscimos de novos desvios e mais conceitos e modificações, com o poder ocupando o centro de toda essa estruturação e tão enraizado que é visto como algo natural, principalmente no que diz respeito aos indivíduos passivos que foram se constituindo em nossas sociedades, indivíduos que não foram estimulados em sua essência, não tiveram livres para ser, se identificar, se conhecer e conhecer o mundo, mas indivíduos que são desvios de desvios, alienados de suas próprias possibilidades de ser. Indivíduos esses característico do cenário contemporâneo das sociedades capitalistas, tão sensivelmente influenciados pelo meio.

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