Experiências de grupo - Bion
Por: Fabiola Martins • 6/3/2016 • Trabalho acadêmico • 1.508 Palavras (7 Páginas) • 909 Visualizações
INTRODUÇÃO
O presente trabalho compreende no resumo do capítulo 2 do livro Experiências com grupos: os fundamentos da psicoterapia de grupo de W. R. Bion.
Bion atenta para algumas situações grupais como ilustrações sobre a relação de grupos, formação e dinâmica dos mesmos, apontando alguns fatos como o de que pessoas em contato com a realidade estão sempre formando uma estimativa da atitude grupal, seja ela consciente ou inconscientemente.
E considerações sobre o grupo como peça fundamental para a realização da vida mental e também para construção de uma cultura.
DESENVOLVIMENTO
Inicialmente Bion faz menções a críticas quanto a suas interpretações relacionadas a processos grupais no primeiro capítulo, trazendo para o segundo capítulo situações grupais e forneceu respostas para essas críticas, essas situações referem-se a queixas feitas por indivíduos do grupo, onde os queixosos demonstravam sempre achar que sabiam o que o grupo pensava sobre eles.
Bion chama a atenção de que qualquer pessoa que tenha contato com a realidade está sempre consciente ou inconscientemente formando uma estimativa da atitude do grupo com ela própria, mesmo que a opinião do indivíduo sobre a atitude do grupo para com ele próprio não tenha importância para ninguém, a não ser para ele mesmo. O autor adverte que esta espécie de julgamento faz tanto parte da vida mental do indivíduo quanto de sua avaliação, através das informações que lhe são trazidas pelo sentido do fato, sendo este, um importante objeto de estudo, mesmo que não se conduza a nada mais.
Para Bion, a maneira como o sujeito faz estas estimativas é um assunto valoroso para o grupo, porque é a partir destes juízos que emergem ou sucumbem a vida social dele.
Usando a ideia de atitude grupal, Bion menciona que a princípio o grupo tenderá a expressar preocupação com ele (terapeuta), a ponto de usar algum tempo para satisfazer suas curiosidades, e isto pode levar duas ou três sessões. Passado este momento, o grupo começa a direcionar sua atenção a algum outro membro do grupo, sendo que este outro membro torna-se objeto de forças que antes estavam concentradas no terapeuta. Ao descrever esta situação ao grupo, Bion encontra dificuldade em convencer o grupo da ocorrência de tal transição e conclui que teria sido mais exato se houvesse interpretado a situação emocional como uma transição conforme relata acima.
Há discussão sobre a exatidão das interpretações quando membros do grupo dizem que não sabem o que o resto do grupo pensa a seu respeito e que não acredita que alguém tampouco o saiba, mas segundo Bion, ainda assim devem ser aceitas, mesmo que haja necessidade de modificação, alegando que a exatidão é uma questão de grau, porque é um sinal de consciência de que um dos elementos na avaliação automática do indivíduo quanto à atitude do grupo para com ele seja duvidosa.
Para Bion (1975), a admissão destrói as bases de qualquer técnica que se apoie neste tipo de interpretação. Ele diz que a natureza da experiência emocional da interpretação é clarificada, mas a instabilidade da vida mental humana permanece inalterada, como o seu método, podendo só ser atacado quando puder mostrar com exatidão os assuntos mais relevantes para o grupo.
Bion dá como exemplo uma de suas experiências de grupo, na qual mantinha-se preso na exatidão das interpretações da situação abordada. Ao iniciar a reunião do grupo, após algum tempo que estava explanando suas interpretações, Bion percebeu que tais interpretações não estavam mais sendo ouvidas com interesse pelo grupo. Assim que parou de falar, durante a última meia hora, o grupo discutiu a situação internacional. Ao observar tal discussão, Bion diz a todos os presentes, que a conversa, embora sendo de cunho profissional, acaba mostrando algo sobre eles mesmos, entretanto, toda vez que ele intervinha, sentia que sua contribuição era destoante e mal recebida. E a partir desse ponto, ele passou a sentir-se como o objeto hostil no grupo, por querer persistir com sua contribuição para com o grupo.
Após um período de silêncio, depois de Bion ter falado o que sentia, um membro do grupo passou a falar pelos demais, cordialmente, explicou que tanto ele quanto os outros membros do grupo não sentiram hostilidade alguma em relação às interpretações feitas por Bion. Em seguida, outros membros se manifestaram, concordando todos entre si, referente a resposta dada a ele.
Nesse momento, Bion passou a sentir-se como uma criança sendo tratada pacientemente, mesmo suas explicações sendo cansativas. Mesmo assim, os integrantes que representavam o grupo, fizeram Bion aceitar o fato que todos os integrantes do grupo, foram sinceros e exatos naquilo que diziam de não sentir hostilidade para com ele.
Bion menciona sentir-se frustrado quando um ou mais membros do grupo se caracterizam ausentes, desperdiçando assim o preparo do grupo em geral, quando todos se mostram preparados para dar o melhor de si, durante o encontro. Isso faz com que ele repense se a abordagem do grupo aos problemas vale realmente a pena, pois as mesmas passam a fornecer oportunidades para que a apatia e a obstrução se façam presentes, ao modo que não há o que fazer em relação a isso.
Os indivíduos que antes se esforçavam para solucionar seus problemas psicológicos, passam a hostilizar e ver com desdém os pacientes neuróticos e todos aqueles que desejam abordar os problemas neuróticos seriamente. O grupo possivelmente estará sendo liderado pelos dois ausentes, que passam a ideia que existem melhores formas de passar o tempo.
As suspeitas de que os atuais líderes do grupo não estão na sala começam a se confirmar quando Bion passa a observar um homem que fazia perguntas com um tom arrogante e a
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