Família, Psicopedagogia E pós-modernidade
Ensaios: Família, Psicopedagogia E pós-modernidade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: TaisRicci • 2/11/2014 • 2.934 Palavras (12 Páginas) • 282 Visualizações
Família, psicopedagogia e pós-modernidade
Family, psychopedagogy and after – modernity
Elisa Maria Pitombo*
Instituto Sedes Sapientiae
Endereço para correspondência
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RESUMO
Este artigo aborda a questão das relações familiares na pós-modernidade e suas implicações no atendimento psicopedagógico clinico. A autora parte da análise da família na modernidade para discutir as diferenças de discursos e posições da pós-modernidade. A perspectiva de identidades contraditórias e pluralidade de centros de poder que compõe o cenário cultural da família na pós-modernidade, encara o sujeito com problemas de aprendizagem como parte desta dinâmica. A escuta clinica do discurso, da comunicação e da linguagem estabelecida na família, através da ótica da Psicopedagogia, proporciona a compreensão do significado do não-aprender nesta instituição. Considera a autora que a comunicação entre pais e filhos no atendimento psicopedagógico clinico se entendido como um sistema flexível, que revê os limites e fronteiras segundo as demandas da pós-modernidade, possibilita intervenções que resignifiquem o sintoma de problemas de aprendizagem, como relações de aprendizagem humanas e plurais.
Palavras- chave: Família, Aprendizagem, Psicopedagogia, Pós-Modernidade, Comunicação.
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ABSTRACT
This article approaches the question of the familiar relations in After-Modernity and its implications in the psychopedagogic clinic attendance. The author has left of the analysis of the family in modernity to argue the differences of speeches and position of after-modernity. The perspective of contradictory identities and plurality of centers of being able that it composes the cultural scene of the family in After-Modernity, faces the citizen with learning problems as part of this dynamics. The clinic listening of the speech, the communication and the language established in the family, through the Psychopedagogy optic’s, provides the understanding of the meaning of not-learning in this institution. It considers the author who the communication between parents and children in the clinic if understood psychopedagogic attendance as a flexible system, that reviews the limits and borders according to demands of After-Modernity, makes possible interventions that they could remains the symptom of learning problems, as learning relations human and plural.
Keywords: Family, Learning, Psychopedagogy, After- Modernity, Communication.
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Pretendo apresentar neste artigo a discussão sobre as relações entre a família na pós-modernidade e a Psicopedagogia, visando contribuir para ampliação da visão clinica e suas implicações.
A necessidade que em geral a pessoa tem de uma outra para se completar, de pertencer, estende-se desde a família de origem até todos os relacionamentos. O pertencimento, a identidade, como o casamento e a família adquiriram novas formas na pós-modernidade.
Numa época onde o tempo individual foi sendo aniquilado pelo espaço cotidiano, o aqui e o agora é ressaltado devido ao ritmo das mudanças da atualidade. As diferenças de papéis na família, na pós-modernidade, questionam as relações da modernidade. A crise da família moderna pode ser pensada conforme Vaitsman (1994) como resultado do questionamento da concepção de gênero desenvolvida pela modernidade. Assinala com lucidez, a autora, que a crise dos discursos na família da pós-modernidade instituiu, através dos vários desdobramentos, relações flexíveis e plurais.
Stuart Hall (2001) na perspectiva dos Estudos Culturais, registra que há na pós-modernidade identidades culturais de pertencimento a culturas étnicas, raciais, lingüísticas, religiosas e nacionais. Defende que as sociedades da modernidade tardia são indicadas pela “(...) “diferença”; atravessadas por diferentes divisões e antagonismos sociais que produzem uma variedade de “posições de sujeito”, isto é, identidades - para os indivíduos (...) “ ( p. 17).
No ponto de vista de Stuart Hall (2001), houveram cinco grandes avanços na teoria social e nas ciências humanas sobre o pensamento na segunda metade do século XX, descentramentos realizados através de rupturas do discurso moderno.
O primeiro descentramento segundo o referido autor, foi a noção do Estruturalismo marxista de Althusser, de que há uma essência universal do homem, como atributo de cada indivíduo particular. Já o segundo descentramento advém da descoberta do inconsciente de Freud. Esta concepção concebe a identidade, não como algo inato, mas determinado pelos processos inconscientes e estabelecida de maneira dinâmica na relação com o outro. Esta é entendida com oposta a idéia de identidade fixa e estável.
Representado pelas idéias do lingüista estrutural Saussure, o terceiro descentramento pontuado por Stuart Hall (2001), apregoa que a língua é um sistema social e não exclusivamente individual, ou seja, a identidade é representada por palavras com significados inerentes e instáveis. Nesta visão o indivíduo ao comunicar-se procura um fechamento representado pela identidade, mas é perturbado pela diferença, devido a significantes que escapam ao controle e que subvertem a tentativa do indivíduo criar mundos estáveis. Por outro lado o quarto descentramento da identidade e do sujeito é lançado pela visão de Foucault, sobre o “poder disciplinar” que regula desde o governo da espécie humana até o indivíduo e seu corpo, representado pelas instituições: oficinas, escolas, prisões, hospitais, clinicas, e outras. Para ele, as instituições da pós-modernidade quanto mais organizadas e coletivas forem, mais desenvolverão o isolamento, a vigilância e a individualização do sujeito.
O ultimo descentramento, o quinto, é criado pela critica teórica do feminismo e seu movimento social. Este acentuou a distinção entre o subjetivo e objetivo, o privado e o público, a família e a sexualidade. Enfim, o feminismo politizou de certa forma, a subjetividade, a identidade e o processo de identificação de homens
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