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Famílias quebradas

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Por:   •  25/11/2014  •  Tese  •  466 Palavras (2 Páginas)  •  268 Visualizações

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Famílias dilaceradas

Pai ou mãe que joga baixo para afastar o filho do ex-cônjuge pode perder a guarda da criança por "alienação parental"

Claudia Jordão

Fazia seis anos que Karla, de oito, não via o pai. Nem mesmo por foto. Sua irmã mais nova, Daniela, nem sequer o conhecia. Quando seus

pais se separaram, ela ainda estava na barriga de sua mãe. Aquela noite de 1978, portanto, era muito especial para as duas irmãs.

Sócrates havia deixado o Rio de Janeiro, onde morava, e desembarcado em São Luís do Maranhão, onde elas viviam com a mãe, para

tentar uma reaproximação. ?Minha mãe disse que nosso pai iria nos pegar para jantar?, conta Karla Mendes, hoje com 38 anos. As

garotas, animadas e ansiosas, tomaram banho, se perfumaram e vestiram suas melhores roupas. ?Acontece que meu pai nunca chegou,

ficamos lá, horas e horas, até meia-noite?, diz. Enquanto as meninas tentavam superar a decepção, a mãe repetia sem parar: ?Tá vendo?

O pai de vocês não presta! Ele não dá a mínima!?

Naquele dia, Karla viveu sua primeira grande frustração. Mas o maior baque aconteceu 11 anos depois, quando recebeu uma ligação

inesperada do pai, que até então estava sumido. Karla começou a entender que sua mãe havia armado contra todos naquela noite e em

outras incontáveis vezes. Ela descobriu que o pai esteve mesmo em São Luís. Para ele, minha mãe prometeu que iríamos à praia em sua

companhia, mas sumiu com a gente quando ele passou para nos pegar. Para nós, inventou o jantar?, conta Karla. De tão desorientada

com a descoberta, trancou a faculdade por um ano para digerir a história. ?O mais difícil foi descobrir que meu pai não era um monstro?,

diz Karla, que há 20 anos tem uma relação próxima com o pai, mas não fala com a mãe desde que descobriu que ela manipula da mesma

forma seus dois outros filhos de outro casamento.

A história de Karla e sua família é tão triste quanto antiga e corriqueira. Pais e mães que mentem, caluniam e tramam com o objetivo de

afastar o filho do ex-parceiro sempre existiram. A diferença é que, agora, há um termo que dá nome a essa prática: alienação parental.

Cunhada em 1985, nos Estados Unidos, pelo psicanalista Richard Gardner, a expressão é comum nos consultórios de psicologia e

psiquiatria e, há quatro anos, começou a aparecer em processos de disputa de guarda nos tribunais brasileiros. Inspirados em decisões

tomadas nos EUA, advogados e juízes começam a usar o termo como argumento para regulamentar visitas e inverter guardas. ?Se

comprovada a alienação, através de documentos ou testemunhos, quem trama para afastar pai de

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