HISTÓRIA DA PSICOLOGIA DO TRABALHO
Por: camipelli • 7/12/2020 • Resenha • 1.584 Palavras (7 Páginas) • 182 Visualizações
PSICOLOGIA E TRABALHO I
ATIVIDADE 4
Professor: João Henrique Rossler
Alunas: Amanda Rupel e Camila Pellizzer
Leitura do texto selecionado para abordagem do conteúdo referente ao tópico: “História da psicologia no contexto do trabalho: psicologia industrial, psicologia organizacional e psicologia do trabalho”; - assistir ao vídeo indicado; - responder por escrito à questão: é possível identificar na história da P.O.T. no Brasil as fases/faces da psicologia no contexto do trabalho analisadas no texto de Freitas (2002)?
A partir da leitura do texto de Freitas (2002), é possível perceber a possibilidade e a necessidade de ressignificar nossa própria experiência dentro da psicologia no contexto do trabalho. Nos primórdios dessa vertente da psicologia, os limites eram bem definidos para os psicólogos realizarem as suas intervenções dentro das instituições, tendo bastante resistência por parte dos empresários de atividades que conduzissem a reflexão por parte dos empregados. Alguns teóricos notaram, então, que era necessária uma posição mais crítica dos psicólogos perante suas práticas nas organizações, carecendo de mais pesquisa e produção de conteúdo e menos importação de modelos americanos. Assim sendo, as críticas da Psicologia Social à psicologia no contexto do trabalho possibilitaram novas perspectivas acerca do trabalho e do ser humano.
Podemos considerar que a Psicologia Industrial, a Psicologia Organizacional e a psicologia no contexto do trabalho coexistem mas que elas já passaram por várias fases e tem suas várias facetas. Depois de muitos anos e muitas reflexões, surge um novo momento histórico denominado “Psicologia do Trabalho”, que consiste em uma forma de praticar a psicologia que não se restringe à indústrias, instituições e organizações e não tem como foco a preocupação apenas com a produtividade e com o lucro, mas sim com a experiência do trabalhador e com a totalidade do “sujeito trabalhador”. Assim sendo, a definição do mundo do trabalho transpôs a visão de um mundo apenas de indústrias e organizações para uma visão mais ampla, onde qualquer contexto que envolve trabalho humano possa ser analisado, como mercados informais e indivíduos desempregados e aposentados, por exemplo. Essas transformações possibilitaram uma maior comunicação da Psicologia do Trabalho com outras áreas, como a Sociologia, Filosofia e Psicologia Social e, além disso, também demandou novos posicionamentos políticos.
Quando analisamos a psicologia no contexto do trabalho e estruturamos a sua construção em fases, pode-se dizer que a primeira fase foi a Psicologia Industrial, a segunda a Psicologia Organizacional e a terceira a Psicologia do Trabalho. No entanto, como já citado acima, elementos das três ainda coexistem, ou seja, elas continuam tendo suas várias faces.
A fase e face da Psicologia Industrial advém da organização social do trabalho capitalista, com seus primórdios na época do taylorismo, que era baseado principalmente na “Teoria da Administração Científica do homem”. Nessa perspectiva, a visão do homem é mais mecanicista, passivo, racional e controlável e o seu principal incentivo é o econômico. A psicologia, nesse contexto, é mais voltada para servir a indústria e o comércio. As preocupações iniciais dos psicólogos dessa vertente são a seleção do pessoal, acidentes de trabalho, publicidade, vendas e processos avaliativos do desempenho dos empregados. Esse tipo de psicologia estabeleceu-se na década de 1930 e, por volta de uma a duas décadas depois, entre 1940 e 1950, surgiram novas preocupações, que eram as orientações vocacionais e estudos mais aprofundados sobre as condições de trabalho, sempre com o intuito de aumentar a produtividade. Ademais, alguns anos depois, mais para a frente na década de cinquenta, surgiu a Psicologia das Relações Humanas dentro das indústrias.
A Psicologia Organizacional tem sua face e sua fase caracterizadas por dar uma maior importância aos aspectos sociais do trabalho. O movimento e o estudo das relações humanas, das motivações, satisfações e eficiência dos trabalhadores é o que marcou a transição da Psicologia Industrial para a Psicologia Organizacional.Tendo sua gênese entre a década de 1950 e 1970, a Psicologia Organizacional tem como base a “Teoria do desenvolvimento Organizacional”, que questiona as teorias da administração científica e das relações humanas, com uma visão mais global e integrada do mundo do trabalho. No entanto, essa nova forma de psicologia não rompe com a Psicologia Industrial, mas sim amplia as suas perspectivas e âmbitos, introduzindo o estudo da cultura, além do de ambiente de trabalho, e estudos sobre como a qualidade de vida no trabalho pode ser melhorada.
Por fim, na década de 80, instaurou-se a terceira fase/face da psicologia no contexto do trabalho, que foi intitulada como “Psicologia do Trabalho”, mudando o foco da compulsão pela produtividade para compreensão da totalidade do indivíduo que trabalha. Nessa década, a psicologia no contexto do trabalho transpôs os paradigmas da Psicologia Industrial, englobando tanto a visão econômico-utilitária do ser humano quanto a do ser humano realizador. Nessa perspectiva, o trabalho é visto como um meio de realização da felicidade humana. Além disso, é nessa fase que foram feitos mais estudos sobre ética das relações humanas dentro das empresas, tentando conciliar a produtividade com o desenvolvimento pessoal dos trabalhadores. Para colocar em prática tal concepção, muitos estudos sobre subjetividade e trabalho foram feitos nessa face, induzindo a psicologia a se tornar multidisciplinar, conversando com outras vertentes do conhecimento.
No vídeo “Uma história da psicologia organizacional e do trabalho em são paulo”, o narrador cita Freud afirmando que o homem se realiza no amor e no trabalho, mas na maioria das vezes ele escolhe o segundo. O homem é o que ele produz. A história da psicologia organizacional e do trabalho em São Paulo conversa com as transformações nos sistemas de produção pelo mundo, e pode ser, em certa medida, relacionado com o que vemos em diversos outros lugares do Brasil.
As mesmas fases explicitadas no texto de Freitas (2002), são observadas no cenário brasileiro primeiramente, com a criação dos testes psicotécnicos. Nesse período o psicólogo atuava no recrutamento de pessoal, a princípio soldados para a guerra, e mais adiante na seleção de pessoal para ocupar o chão das fábricas. Em um segundo momento, notou-se que para regular a produtividade era preciso considerar não somente o ambiente físico de trabalho mas também o ambiente relacional, então o psicólogo passou a exercer a função de organizar as relações de trabalho dentro das indústrias. Na terceira fase, houve uma ampliação da atuação do psicólogo sobre a saúde do trabalhador. A princípio com o surgimento do departamento de relações humanas, que basicamente amenizava os problemas de saúde decorrentes do trabalho, a fim de promover a manutenção da produtividade nas indústrias. Um papel central na atuação do psicólogo nesse contexto, era a solução de conflitos, que primeiro eram vistos como muito ruins, então precisavam ser eliminados, depois passaram a ser considerados como algo inevitável então deviam ser amenizados, e por fim, passaram a ser vistos como essenciais ao desenvolvimento e evolução da empresa, agregando certo valor à diversidade.
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