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HISTERIA: SINTOMAS DA PSICANÁLISE AOS ROMANCES PORTUGUESES

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Por:   •  15/7/2014  •  4.052 Palavras (17 Páginas)  •  608 Visualizações

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo explanar a respeito dos sintomas da Histeria, tomando por referência a Psicanálise e os a Literatura, o romantismo e o naturalismo. Um paralelo e também uma comparação dos sintomas apresentados pelas personagens, muitas escritas antes da Psicanálise, com a teoria psicanalítica. A psicanálise teve início a partir da clínica da histeria. Foi a partir da escuta das histéricas que Freud pôde reconhecer a existência de um psiquismo com suas determinações inconscientes, assim como a existência de um corpo erógeno, através do qual a vida pulsional se manifesta.

Palavras-chave: Histeria. Psicanálise. Literatura. Romance Sintoma.

1- INTRODUÇÃO

A Psicanálise deve grande parte de suas descobertas às histéricas... Se Freud deve às histéricas a descoberta da transferência, estas devem o dar-lhes, através de sua escuta, uma possibilidade de se reencontrarem com seu próprio desejo alienado no sintoma (LIBÓRIO, 1991).

A histeria sempre existiu na história humana, sempre acompanhou o serhumano desde sua introdução na vida gregária. Descrições de quadros de histeria são encontradas nos papiros egípcios que datam de 4 mil anos, como o de “Kahun”. O histórico documento descrevia vários sintomas encontrados em mulheres, normalmente representados por dores em diversos órgãos, variando até a impossibilidade de abrir a boca, caminhar e mexer as mãos. Na antiguidade, todos estes distúrbios eram remetidos a uma causa uterina.

Antes de Freud, a histeria já era algo que rondava o universo feminino, as crises nervosas, rompantes e desmaios são e foram elementos muito usados para compor as personagens de romances.

Freud explica que “(...) na técnica da psicanálise existe uma regra de que uma conexão interna ainda não revelada se anuncia pela contigüidade, pela proximidade temporal entre as associações, exatamente como, na escrita, um a e um b postos lado a lado significam que se pretendeu formar com eles a sílaba ab” (Freud, 1996, 46). Para a psicanálise, o sintoma é um fenômeno subjetivo que não é sinal de uma doença, mas a expressão de um conflito inconsciente (Chemama, 1995, 203). “O sintoma tem a sua origem no reprimido; é como se fosse o representante do reprimido, em relação ao ego; o reprimido é um território estrangeiro para o ego, um território estrangeiro interno, tal como a realidade é (desculpem-me a expressão inusitada) um território estrangeiro externo” (Cunha, 1978, 187).

2- DESENVOLVIMENTO

2.1- A História da Histeria e seus sintomas

Antes de relacionarmos a histeria da Psicanálise com a histeria apresentada por personagens de livros, devemos entender mais sobre o que é histeria e de onde surgiu este termo.

O vocábulo “histeria” deriva-se da palavra grega hystera (matriz, útero). A noção da doença histérica remonta a Hipócrates, época em que era considerada uma doença orgânica de origem uterina presente, então, nas mulheres. No século XVI, a idéia de que a histeria provinha do cérebro abriu caminho para se pensar em o sintoma histérico estar presente também nos homens. Já no século XVII, “(...) pôde-se invocar, em vez da antiga sufocação da matriz, o papel das emoções, dos ‘vapores’ e dos ‘humores’, a ponto, aliás, de confundir numa mesma entidade a histeria e a melancolia” (Roudinesco, 1998, 338). Para os organicistas, a histeria era uma doença cerebral, de natureza fisiológica e de caráter hereditário; já para os artíficies da psicogênese, era uma afecção psíquica, uma neurose. O termo, neurose, foi introduzido pelo médico escocês William Cullen em 1769; “Ele incluía nessa categoria as afecções mentais sem origem orgânica, qualificando-as de ‘funcionais’, isto é, sem inflamação nem lesão do órgão em que aparecia a dor. Essas afecções, portanto, eram doenças nervosas” (Roudinesco, 1998, 339). No fim do século XIX, “Muito esquematicamente, podemos dizer que a solução era procurada em duas direções: ou, na ausência de qualquer lesão orgânica, referir os sintomas histéricos à sugestão, à auto-sugestão e mesmo à simulação (...), ou dar à histeria a dignidade de uma doença como as outras, com sintomas tão definidos e precisos quanto, por exemplo, uma afecção neurológica” (Laplanche &Pontalis, 1995, 211). Nesta última tentativa, consistiram os trabalhos de Charcot.

Mesmer na França,Braid na Grã-Betanha e Charcot em Salpêtrière, a partir do século XVIII,mostram o poder dahipnose sobre os sintomas histéricos. Os sintomas formaram um quadro clínico do ponto de vista de Charcot. A histeria para ele tinha sua etiologia na hereditariedade, na degenerescência.

Para Freud:

Não era Charcot um homem dado a reflexões excessivas, um pensador: tinha, antes, a natureza de um artista — era, como ele mesmo dizia, um “visuel”, um homem que vê. Eis o que nos falou sobre seu método de trabalho. Costumava olhar repetidamente as coisas que não compreendia, para aprofundar sua impressão delas dia-a-dia, até que subitamente a compreensão raiava nele. Em sua visão mental, o aparente caos apresentado pela repetição contínua dos mesmos sintomas cedia então lugar à ordem: os novos quadros nosológicos emergiam, caracterizados pela combinação constante de certos grupos de sintomas. (FREUD, (1893), 1996, p. 21-22).

Essa postura de pesquisador de Charcot afirma a autenticidade e a objetividade dos fenômenos histéricos, dando dignidade à histeria e indo contra os preconceitos e a suposição de que esses fenômenos eram somente umasimulação dos doentes. Em séculos anteriores, os histéricos tinham sido lançados à fogueira ou exorcizados; seu estado era tido como indigno de observação clínica.

Charcot trata a histeria como sendo um tópico da neuropatologia, fornecendo uma descrição de seus fenômenos e mostrando como reconhecer os sintomas que possibilitam fazer o diagnóstico de histeria. Com o estudo científico do hipnotismo Charcot chega à “teoria da sintomatologia histérica” ereconhece tais sintomas – a natureza do ataque, a anestesia, os distúrbios de visão, os pontos histerógenos – como sendo reais.

Os fundamentos para o diagnóstico da histeria não eram jamais estabelecidos pela etiologia ou pelo mecanismo de formação dos sintomas, mas unicamente relacionados ao tipo previamente estabelecido e descrito [...] Embora Freud tenha relatado que ouviu de Charcot a afirmação, [...], de que a histeria c’esttoujourslachosegénitale!, seria necessário esperar que o próprio Freud, ao teorizar a etiologia

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