INSIGHT - ELABORAÇÃO - CRESCIMENTO METAL

INSIGHT – ELABORAÇÃO – CRESCIMENTO METAL

Insight

A composição da palavra in (dentro de) + sight (iluminação), por si só, evidencia o seu significado de que “se fez uma luz na mente do paciente”. A importância do insight no processo curativo de um tratamento analítico justifica que se pormenorize e discrimine algumas de suas particularidades. Assim, segue uma diferenciação na qualidade do insight, de acordo com a escala a seguir:

1. Insight intelectivo: não se justifica o uso do termo insight, enquanto intelectivo, não só é inócuo como pode ser prejudicial.

2. Insight cognitivo: refere-se a uma clara tomada de conhecimento, por parte do paciente, de atitudes e características suas que até então estavam egossintônicas. O insight cognitivo promove uma egodistonia, e é ela que vai propiciar o passo seguinte.

3. Insight afetivo: onde começa o insight propriamente dito.

4. Insight reflexivo: institui-se a partir das inquietações que foram promovidas pelo insight afetivo, as quais levam o analisando a refletir, a se fazer indagações e a estabelecer correlações entre os paradoxos e as contradições de seus sentimentos, pensamentos, atitudes e valores. Esse insight é de natureza binocular, o paciente começa a se olhar a partir de duas perspectivas: a sua própria e a que é oferecida pelo analista. O insight reflexivo somente adquire uma condição de eficácia quando acompanhado do insight afetivo.

5. Insight pragmático: uma elaboração bem sucedida dos insights obtidos pelo paciente.

Elaboração

O termo “elaboração” refere que a mente do paciente está “trabalhando” no sentido de integrar sucessivos insights parciais que estão sendo adquiridos no curso da análise. O trabalho de elaboração desperta uma dor psíquica, com o significado que Bion dá a essa expressão.

Uma elaboração pode ser prazerosa, pelo fato de que vem acompanhada por uma sensação de “descobertas”, com um consequente alívio, por se desfazer, em parte, de uma carga pesada que carrega há longos anos, além de representar uma gradativa aquisição de um sentimento de autenticidade. Dificilmente o trabalho de elaboração não vem acompanhado de algum grau de forte sofrimento, pois ele implica em o analisando aceitar perdas, fazer renúncias a aspectos que ele sempre idealizara, enfrentar pressões externas.

Conceituação de “Cura Psicanalítica”

Os termos cura e psicanalítica guardam em si uma certa imprecisão conceitual e semântica.

De forma esquemática, a obtenção de um objetivo terapêutico processa-se de duas maneiras: 1) a de um benefício terapêutico e 2) a de um resultado analítico.

O benefício terapêutico:

a) A resolução de crises situacionais agudas;

b) O esbatimento de sintomas;

c) Um melhor reconhecimento e utilização de certas capacidades sadias do ego, que estavam latentes, ou bloqueadas, e a possível liberação das mesmas;

d) Uma melhor adaptação interpessoal (familiar, profissional, social).

O resultado psicanalítico, é uma expressão que pressupõe o preenchimento de uma condição básica: uma modificação nas relações objetais internas do paciente e, portanto, na sua estrutura caracterológica.

Os benefícios terapêuticos são próprios do processo que habitualmente se denomina “psicoterapia” enquanto o “resultado analítico”, seria restrito unicamente ao que se denomina “psicanálise”.

O conceito de cura, vai muito além do significado latente que esta palavra sugere, da mesma forma também vai além do seu habitual significado manifesto. Em terapia psicanalítica, o conceito de cura deve aludir mais diretamente ao terceiro significado que essa palavra sugere, o de uma forma de amadurecimento, o que equivale ao trabalho de uma lenta elaboração psíquica que permita a obtenção de mudanças psíquicas estáveis e definitivas.

Critérios de “Crescimento Mental”

Segue uma enumeração resumida dos principais aspectos atuais que caracterizam uma verdadeira mudança psíquica.

1. Uma modificação na qualidade das relações objetais.

2. Um menor uso de mecanismos defensivos primitivos.

3. Uma renúncia às ilusões de natureza simbiótico-narcisísticas.

4. Capacidade de realizar novas identificações.

5. A recuperação e a integração de partes suas.

6. A obtenção de uma capacidade em suportar frustrações, absorver perdas e fazer um luto pelas mesmas.

7. Consideração pelas outras pessoas, assim como a capacidade de reparação pelos possíveis danos causados a si mesmo.

8. Uma diminuição das expectativas impossíveis de serem alcançadas

9. Um abrandamento do superego, sempre que este for de natureza arcaica, rígido, punitivo e todo-poderoso.

10. Uma libertação das áreas autônomas do ego.

11. A aceitação da condição de dependência.

12. A utilização da linguagem verbal, em substituição à não-verbal.

13. A aquisição de uma função psicanalítica da personalidade.

14. Uma ruptura com papéis estereotipados. Um ponto muito importante.

15. A aquisição de um sentimento de identificação, consistente e estável.

16. A obtenção de uma autenticidade e de uma autonomia.

17. Capaz de experimentar relações afetivas com outras pessoas, reconhecendo-as como livres, inteiras, diferentes e separadas de si.

Alguns Aspectos da Técnica

Reavaliação dos aforismos que caracterizam, em Freud, a natureza da ação curativa da psicanálise:

1) O neurótico sofre de reminiscências e a cura consiste em rememora-las.

2) Tornar consciente o que é inconsciente.

3) Onde