INSTITUINTE: TERRITÓRIO CERCADO OU PROVISÓRIO?
Por: palomarkus • 28/10/2015 • Trabalho acadêmico • 846 Palavras (4 Páginas) • 187 Visualizações
INSTITUINTE: TERRITÓRIO CERCADO OU PROVISÓRIO?
A história da educação superior no Brasil pode ser analisada pelo seu desenvolvimento sócio-histórico, marcado por elitismo e exclusão, através dos movimentos ditatoriais que propiciaram uma educação com ações de controle social e político. Dessa forma, a vigente instituição universidade busca inventar e aperfeiçoar mecanismos de controle para concretizar o "saber verdadeiro" e, ao mesmo tempo, desqualificar os demais. A universidade, lugar do poder instituído, impõe eixos na supervisão do estágio que implicam na formação dos alunos, como a influência dos supervisores nesse processo, a relação entre a universidade e a comunidade e as implicações na instituição supervisão. Esses eixos são delineados no capítulo "A instituição da supervisão: análise de implicações", escrito pelas psicólogas Cecília Maria Bouças Coimbra, Lilia Ferreira Lobo e Regina Duarte Benevides Barros, na obra Análise Institucional no Brasil (p.37-55), organizada por Vida Rachel Kamkhagi e Osvaldo Saidon, lançada em 1987, no Rio de Janeiro.
O primeiro eixo alerta posições autoritárias por parte do supervisor, que se considera, como o próprio nome indica, com uma visão super. Ou seja, aquele que tudo vê, percebe e sabe. O estagiário, reduzido àquele que nada pertence e nada sabe, necessita, portanto, das "iluminadas" verdades daquele que o orienta. É o que se evidencia no trecho:
[...]ocupa lugar privilegiado, já que guarda em seu seio os 'iluminados' que produzirão tais tipos de explicação. Os intelectuais detentores do saber-verdade falam assim, em nome daqueles a que dizem representar - os que 'permanecem no não saber (COIMBRA; LOBO; BARROS, 1987, p. 50).
Isso aponta para perigosas consequências na própria formação do profissional, pois os estagiários tornam-se verdadeiras cópias de seus supervisores. As palavras de seus mestres podem ser reproduzidas em seus trabalhos, em seus atendimentos. Reforça-se com isso o poder do instituído, do saber, daquele que detém a competência. Reproduzido assim, nas relações que estes estagiários mantêm com as instituições em que atuam.
O segundo eixo remete-se a falta de inserção da comunidade na universidade, pois ela é vista como algo a par. Contudo, para camuflar essa visão surge uma política assistencialista que propõe, de maneira clara e objetiva, intervir no meio comunitário e dele extrair dados científicos, pesquisas e estudos. Pois, como afirma:
[...] o próprio termo comunidade é utilizado nos discursos acadêmicos de maneira vaga e abstrata. Vaga porque a ela é atribuída qualquer realidade que seja exterior ao espaço universitário; abstrata, porque transforma a comunidade numa entidade sem diferença, sem interesses próprios, sem corpo, algo que deve ser 'conhecido', 'pesquisado', ‘explorado’ (COIMBRA; LOBO; BARROS, 1987, p. 59).
Dessa maneira, verifica-se o discurso acadêmico embasado numa dominação que busca dispensar, isolar e homogeneizar os antagonismos sociais. Legitimando ainda mais o conhecimento superior, isto é, a hierarquia universitária. Entretanto, deve-se olhar para as comunidades como singulares, divergentes, peculiares e subjetivas.
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