Livro Sexo Drogas e Rock and Roll
Por: nathale • 18/11/2015 • Trabalho acadêmico • 3.175 Palavras (13 Páginas) • 453 Visualizações
CHOCOLATE
Comer é realmente muito bom. Já parou para fazer as contas de quantas horas do seu dia,
giram em torno da comida? É necessário caçar, pescar, plantar ou ir ao supermercado, açougue e feira,
depois preparar comer, guardar. Porém é preciso que haja algum mecanismo de controle para garantir
que ninguém como sem parar, chegando a passar mal. Uma solução seria juntar o sabor à saciedade.
O problema desse esquema é que o indivíduo de barriga cheira não sentiria mais nenhum
gosto, ficando vulnerável a alimentos estragados que aparecessem ao final da refeição.
A natureza resolveu esse problema, criando sistemas separados: um processa sabores a partir
de combinações dos ninais vindos da boca, nariz, olhos, e o outro atribui o valor positivo ou negativo
de cada sabor, de acordo com o grau de saciedade. O cérebro mantém o registro de quais alimentos já
foram consumidos até a saciedade, e diminui gradativamente à recompensa o prazer ou interesse por
outros.
Grande parte do conhecimento a respeito dos prazeres da comida é obra de um neurocientista
inglês: Edmund Rolls (da Universidade de Oxford), desde o começo dos anos 1980 busca desvendar
como o cérebro processa e se interessa pelos sabores dos alimentos. Uma das primeiras questões a se
resolver era simples. De onde vem a saciedade.
Os ratinhos do laboratório de Rolls deram a resposta. A saciedade depende de sinais internos
como os relacionados da distensão estomacal e da entrada do bolo alimentar no duodeno, a primeira
porção do intestino. Provar a comida, sentir seu cheiro, ou mastiga-la, por mais deliciosa que seja, não
é suficiente para saciar o organismo. Saciedade não é questão de se obter recompensa suficiente pela
boca, e sim de se agradar aos sensores do sistema digestivo e do cérebro.
O prazer depende da ausência de sinais de saciedade vem da boca, e não da plenitude do
estômago. A fonte de prazer só pode estar na detecção da comida na boca.
Os primeiros neurônios do córtex cerebral que recebem os sinais do paladar, localizador na
insula, processam-nos única e exclusivamente quanto aos gostos fundamentais: quanto mais sal, mais
forte será a resposta dos neurônios correspondentes na insula que recebem o sinal. A saciedade ou a
sua ausência, a fome, não influencia em nada a atividade dos neurônios.
É na estação seguinte, o córtex orbitofrontal, que o que chamamos de “gosto” é criado pelo
cérebro. Ali em uma sub-área à parte, onde a resposta dos neurônios ao “gosto” pela primeira vez leva
em consideração os sinais provenientes do interior do corpo que indicam o estado de fome ou
saciedade Um neurônio que entre em ação em resposta a suco de framboesa na boca do animal
respondera cada vez menos à medida que ele beba o suco.
Esse fenômeno acontece nessa porção do córtex orbitofrontal e na próxima estação, o
hipotálamo: seus neurônios deixam de responder ao longo de uma refeição, mas só aquele alimento
ingerido até a saciedade, outros alimentos ainda não experimentados continuam sendo capazes de
provocar uma resposta de neurônios na região. Ao mesmo em que os neurônios que codificam o
“valor” do alimento se “cansam” daquela comida, o macaco faz o mesmo, começa a recusar o
alimento.
Embora a chegada da comida ao estômago seja importante, Rolls demostrou que um certo
grau de saciedade pode ser atingido apenas com o cheiro ou a presença do alimento na boca. Ao
contrário de iniciar imediatamente o processo de saciedade, a presença de comida na boca durante os
primeiros minutos leva um aumento da valência positiva do alimento.
Na opinião de Rolls a função dos neurônios que respondem ao gosto da comida com mais
intensidade quanto menos se tiver provado dela é mais do que apenas indicar se o gosto agrada ou não.
A atividade desses neurônios corresponde não só a uma apreciação da comida, mas também ao
prazer, e à motivação que se tem para continuar comendo. Graças a esses neurônios que a comida é tão
saborosa no começo de uma refeição. À medida que se come, eles respondem cada vez menos,
diminuindo a recompensa proporcionada por cada garfada, até chegar ao ponto em que a comida, por
mais gostosa que seja, deixa de ser interessante.
Rolls propõe que o “prêmio” é a própria ativação desses neurônios. A razão pelo qual
comemos é obter o máximo de resposta desses neurônios no córtex orbitofrontal. Quando a comida
deixa de ativá-los, para-se de comer porque não funciona mais: aquela comida não faz mais o efeito
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