O Comportamento Verbal

Comportamento Verbal de B.F.Skinner

I Parte: Um programa

Bruna Tavares Albuquerque Cunha

UnB – Universidade de Brasília

RESUMO - Este ensaio fará uma análise da “I Parte: Um programa” de “Comportamento Verbal” de B. F. Skinner, que tem como objetivo a identificação e a descrição do comportamento verbal,assim como suas propriedades, onde pretende-se romper com qualquer explicação do comportamento que o define como um evento metafísico. Há formulações tradicionais para descrever o comportamento verbal, mas nenhuma delas desenvolve técnicas necessárias para uma análise causal do comportamento do homem.

Palavras-chave: comportamento verbal, análise causal, Skinner.

Skinner inicia seu livro Comportamento Verbal com frase a seguir, que se tornou uma de suas mais famosas, e com essa frase ele expressa o caráter operante do comportamento.

“Os homens agem sobre o mundo, modificam-no e, por sua vez,são modificados pelas conseqüências de sua ação.” (SKINNER,1957, p.15)

Em seguida ele propõe uma distinção entre operantes, destacando a relação não mecânica que o comportamento verbal tem com o ambiente. Há o comportamento operante que mantém a relação direta e mecânica com o ambiente e; o comportamento que possui uma relação indireta e não mecânica, que alteram em primeiro lugar outro homem, esse seria o comportamento verbal.

“Muitas vezes, porém, um homem age apenas indiretamente sobre o meio do qual emergem as conseqüências últimas de seu comportamento. Seu primeiro efeito é sobre os homens.” (SKINNER,1957,p.15)

Na área de psicologia do desenvolvimento e psicologia cognitiva citam Luria (1961), onde defende que o comportamento verbal é parte dos processos mentais dos indivíduos e assim controla respostas motoras. Já Skinner, lida com o comportamento verbal como um comportamento operante e não como atividade mental. O comportamento verbal, apesar de ser descrito como operante verbal e possuir os mesmos conceitos básicos, possui suas próprias características, e por possuir essas propriedades topográficas distintas deverá descrever e distinguir suas definições e o que o cerca. Sendo explicitado ainda mais ao se buscar uma nova terminologia.

O autor recorreu a uma expressão nova, onde termos como: ‘fala’, ‘linguagem’ ou ‘lingüístico’ foram descartados, por exemplo, o termo ’fala’ restringiria apenas a comportamento vocal e excluiria outros. Evitando qualquer vínculo com conceitos que não poderiam satisfazer sua proposta e até trazer equívocos, Skinner adota o termo “Comportamento Verbal”, que indicam certos pontos da sua proposta, como o destaque para o falante individual, compreender o comportamento operante que é criado e mantido por conseqüências mediadas.

Skinner (1957) aponta que os comportamentos apenas serão eficientes através da mediação de terceiros, sendo a definição de comportamento verbal como um “comportamento reforçado pela mediação de outras pessoas”, mas essa expressão ainda precisa ser mais clara, já que não nos diz muito sobre o comportamento do ouvinte, assim, é necessário um ouvinte que possua a mesma comunidade verbal do falante. O comportamento de ambos compõem o que o autor chama de episódio verbal.

A ciência do comportamento já contava com termos altamente elaborados para descrever o comportamento verbal, mas em nenhuma dessas áreas havia técnicas necessárias para uma análise causal do comportamento do homem, Skinner traz como responsabilidade da ciência do comportamento e principalmente da psicologia, sendo as questões propostas claramente questões relativas ao comportamento humano.

O comportamento verbal possui características que tornam seu estudo favorável, sendo elas, quantidade de material disponível pelo hábito de falar e ouvir muito do homem, facilidade de atestar a veracidade dos fatos e desenvolvimento das práticas escritas.

Para Skinner a explicação de que idéias sejam causa/explicação para o comportamento verbal traz problemas, como ele cita:

“Entendia-se que uma alocução de explicava por apresentar as idéias que a expressavam. Se o falante tivesse tido idéias diferentes, ele teria pronunciado palavras diferentes ou as mesmas palavras em uma ordenação diferente. Se sua alocução era pouco comum, isto se dava porque suas idéias eram novas ou originais. Se ela parecia vazia, ele deveria ter sentido a falta de idéias ou ter sido incapaz de expressa-las em palavras. Se ele era incapaz de se manter em silêncio, era por causa da força de suas idéias. Se falava de forma hesitante era porque suas idéias surgiam lentamente ou estavam mal organizadas. E assim por diante. Assim se explicavam todas as propriedades do comportamento verbal.” (SKINNER, 1957, p.20)

Nesse tipo de explicação ao atribuir às idéias o papel de agentes causadores do comportamento verbal, passa-se a considerá-los como eventos independentes, a fala teria existência separada do comportamento do falante. Haveria uma fragmentação nas palavras, os que seriam os agentes causais e as respostas emitidas. Desta forma as relações que compõem e caracterizam o comportamento operante são desconsideradas.

“Quando dizemos que uma observação é confusa porque a idéia não é clara, parece que estamos falando acerca de dois níveis de observação, embora só exista, de fato, um único. É a observação que é confusa.” (SKINNER, 1957, p.21)

Skinner defende que essa prática poderia apenas ser aceita quando as pesquisas sobre os processos verbais eram filosóficas, e não científicas. Após o termo ‘idéias’ vieram seus sucessores como ‘significado’ e ‘informação, termos que possuem o mesmo efeito e iriam desencorajar uma análise funcional, que poderiam se tornar cientificamente aceitos, mas seria desnecessário empenhar se em tal. A formulação geral está errada, é uma nova abordagem que busca encontrar as relações funcionais, assim nada mais justo que uma nova terminologia para buscar as ‘causas’ do comportamento que sejam cientificamente aceitáveis (Skinner,1957)

Inicialmente deve-se buscar descrever qual a topografia, e explicar as condições relevantes para a ocorrência desse comportamento e identificadas descrever as características dinâmicas do comportamento verbal, considerando ainda o comportamento do ouvinte, relacionado ao falante.

Ainda há o fator em que o falante é também,