O Conceito de Aparelho Psíquico, Associação Livre e Interpretação
Por: sousavick • 28/2/2023 • Trabalho acadêmico • 1.629 Palavras (7 Páginas) • 99 Visualizações
1. CONCEITO DO APARELHO PSÍQUICO
O conceito freudiano de aparelho psíquico designa uma organização psíquica que é dividida em instâncias. Essas instâncias - ou sistemas - são interligadas entre si, mas possuem funções distintas. Freud apresentou dois modelos: a divisão topográfica e a divisão estrutural da mente.
Segundo Laplanche, o conceito de aparelho psíquico de Freud seria uma expressão que ressalta as características que a teoria freudiana atribui a psique. Essas características seriam a sua capacidade de transmitir ou transformar uma energia determinada, e a sua diferenciação em instâncias ou sistemas. Laplanche coloca ainda que quando se refere à questão do aparelho psíquico, Freud sugere uma ideia organizacional.
As divisões mentais que Freud indica não tem caráter de divisão anatômica. O que Freud indica, principalmente, é que as excitações seguem uma determinada ordem, e essa ordem se relaciona aos sistemas do aparelho psíquico.
O aparelho psíquico em Freud designa o conjunto de todas as partes da mente humana: Consciente, Inconsciente e Pré-consciente; Id, Ego e Superego. A totalidade desses sistemas, que trabalham de forma integrada na composição do indivíduo, é o que Freud denomina de aparelho psíquico ou simplesmente psique.
2. CONCEITO DA ASSOCIAÇÃO LIVRE
O método da associação livre é uma técnica psicanalítica que foi criada e difundida por Freud, para ele, seria a técnica que o psicanalista mais usaria em clínica. Com a associação livre em psicanálise, aumentariam as chances de acessar as bases inconscientes do paciente na terapia clínica.
Para Laplanche & Pontalis, a associação livre é o “método que consiste em exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos que ocorrem ao espírito, quer a partir de um elemento dado (palavra, número, imagem de um sonho, qualquer representação), quer de forma espontânea.
O próprio Freud, em seus estudos e experiências de análise, passou a considerar que a hipnose não era efetiva. Isso porque a hipnose não servia para todos os pacientes, uma vez que alguns não eram hipnotizáveis. E, mesmo nos pacientes hipnotizáveis, as neuroses posteriormente voltavam a acometer os pacientes, sem efeitos duradouros.
Sendo assim, Freud criou a técnica da associação livre. Não foi em um passe de mágicas: cada vez mais Freud foi usando menos a hipnose e dando mais foco na palavra do paciente. A ideia seria permitir que o analisando pudesse atingir com maior facilidade os elementos responsáveis pela liberação dos afetos, das lembranças e das representações.
Freud passa a identificar que:
• nem todo paciente é sugestionável ou hipnotizável;
• muitas vezes a sugestão não tinha efeitos duradouros, regredindo aos sintomas de antes;
• a fala em si do paciente já lhe trazia sensíveis melhoras, mesmo sem o paciente estar em estado hipnótico.
Gradativamente, Freud passa a permitir ao paciente falar mais em terapia. Assim, a terapia psicanalítica passa a ter dois elementos essenciais:
• associação livre: o paciente livre - associa, trazendo de forma livre as ideias que lhe vêm à cabeça,
• atenção flutuante: o analista mantém uma atenção flutuante, propondo correlações e evitando se prender ao superficial ou literal das palavras, bem como evitando prender-se às crenças do próprio analista. A atenção flutuante é um componente essencial dentro do método da associação livre.
3. CONCEITO DE INTERPRETAÇÃO
A Interpretação é um dos diversos tipos de intervenção que o psicanalista pode fazer junto ao seu paciente durante o seu tratamento, mas o que significa de fato interpretar em psicanálise e quais são os objetivos da interpretação?
Interpretação significa expressar aquilo que com base em diversos indícios o analista deduz o que está se passando inconscientemente com o paciente. A interpretação é um dos principais tipos de intervenção em psicanálise justamente porque na psicanálise, se trabalha com pressuposto de que os sintomas, os atos falhos que eventualmente o paciente comete e a própria fala do paciente em análise em associação livre nós partimos do pressuposto que esses fenômenos são simbólicos, eles são manifestações disfarçadas daquilo que está no inconsciente. Esse é um pressuposto fundamental do trabalho psicanalítico, o pressuposto de que o paciente simboliza, apresenta de maneira indireta distorcida, disfarçada os conteúdos que estar no seu inconsciente, portanto, se um dos objetivos da análise é justamente possibilitar ao paciente ter acesso, reconhecer aquilo que está no inconsciente, logo, traduzir essas manifestações que o paciente apresenta em análise, os seus sonhos, a sua fala, os atos falhos eventualmente , a descrição dos seus sintomas, traduzir e isso para os conteúdos inconscientes que porventura podem estar sendo expressos ali é o que justifica o uso da interpretação como um dos principais e talvez o principal meio de intervenção. Da qual o psicanalista lança mão durante o tratamento. A interpretação portanto, ela é fruto de um processo cognitivo de dedução, o analista a partir dos indícios que o paciente apresenta ele deduz, ele faz uma inferência sobre aquilo que possivelmente está se passando inconscientemente com o seu paciente, nesse sentido, uma interpretação adequada, bem feita deve estar o mais próximo possível daquilo que efetivamente está se passando com o paciente, é claro que é quase impossível que o analista ao formular uma interpretação seja capaz de dizer exatamente aquilo que está acontecendo no inconsciente do seu paciente, no entanto, a formulação que ele apresenta a título de interpretação deve estar o mais próximo possível daquilo que efetivamente se passa com o seu paciente.
Podemos diferenciar dois principais objetivos que devem ser alcançados com uma boa interpretação. Em primeiro lugar: A interpretação deve ajudar o paciente a integrar desejos, fantasias e impulsos que estavam rondando ali no inconsciente de maneira disfarçada na sua fala, nos sintomas, nos sonhos. Então esse é o primeiro objetivo da interpretação. O analista não interpreta só para ajudar o paciente a saber, a reconhecer o que estava no seu inconsciente, a interpretação ela tem como uma de suas funções principais ajudar o paciente integrar aquilo que está no seu inconsciente, ou seja, a trazer isso à luz da consciência
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