O Documentário
Por: Adrielli Almeida • 15/6/2018 • Trabalho acadêmico • 492 Palavras (2 Páginas) • 150 Visualizações
ANÁLISE
O documentário vem por meio de depoimentos, nos mostrar a realidade e o choque em que vive três mulheres presidiárias e suas subjetividades individuais distintas, que passarão pelo processo de transação ao regime semiaberto á liberdade, Daniela, Claudia e Betânia passam por perdas e pela solidão e o filme com muita leveza, sem densidade nós mostra as historias e experiências das entrevistadas.
Claudia, 54 anos, negra, seguida por uma câmera do comércio em que ela vai compra uma tintura para o cabelo e pergunta onde fica o ponto final de uma linha de ônibus, ninguém lhe fornece a informação precisa, e ela esta desacostumada em viver com a sociedade por viver muito tempo na penitenciaria por cometer assalto seguido de morte, um moço que lhe indica o ponto, surpreso com a equipe de filmagem, ela explica: “é que estou saindo da prisão”.
Daniela, 19 anos, gravida, acusada de matar o próprio filho, acabou de entrar na prisão, está aguardando o julgamento, tem medo de sofrer violências e acha que não vai aguentar a cadeia, apresentando assim um transtorno e se não fosse Cláudia ter acolhido e a protegido teria sofrido muito mais nas mãos das outras companheiras de sela, pois não se admite este tipo de crime dentro da prisão.
Betânia foi presa por assalto, também tem direito ao semiaberto depois de cumprir alguns anos de prisão, ela não se acostuma no presidio. Então ao sair para o cumprimento do semiaberto ela decide certa noite, não retornar e fica foragida com medo dos policiais.
Assim com a realidade dessas mulheres o documentário nos mostra o quanto o ‘’abandono’’ esta presente nas penitenciarias femininas, pois ficam afastadas de seus filhos, esposos ou qualquer outro grau parentesco. Cláudia nos relata que é uma dificuldade imensa dar conta do emocional, estando em uma cela fechada sem estar medicamentada, assumindo nesta fala função alienante de que precisa da medicalização para estar em um estado de sobrevivência a realidade carcerária, ocultando assim a sua própria subjetividade.
Como diz Bleger instituições que possuem regras, refletem muito na personalidade do sujeito, que vai reagir conforme a imagem que a prisão passa a eles possuindo uma sensação de pertinência, que por sua vez presente em cena no filme, quando as presidiárias leva como referencia a cela em que vivem como moradia, e quando Claudia relata sua dificuldade em se adaptar na sociedade ,conseguir emprego, a mesma retorna ao presidio como voluntária.
Podemos associar também ao pensamento de Foucault de que o encarceramento nunca se confunde apenas com a simples privação de liberdade, pois as prisões possuem práticas autoritárias e totalitárias de disciplina, em que molda os corpos dos indivíduos e nos faz sentir adestrados, com facilidade, seja indiretamente ou diretamente de seguir as regras e mudanças institucionais e se “fugimos” do modelo, possibilitamos uma constante vigilância, cada vez mais otimizada, que mantem as pessoas no controle e vai estar presente até mesmo na própria arquitetura, efetiva para vigiar e mudar o comportamento dos sujeitos.
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