O Iluminismo Kantiano
Por: Larissa Oliveira • 17/6/2015 • Artigo • 3.075 Palavras (13 Páginas) • 366 Visualizações
O ILUMINISMO KANTIANO: O HOMEM EM SUA NECESSIDADE DE AMADURECER
LARISSA ARAÚJO DE OLIVEIRA[1]
Resumo
O artigo “O Iluminismo Kantiano: uma definição do que é o esclarecimento”, desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, discute o movimento iluminista relacionando-o com a obra “O que é o Iluminismo?” de Immanuel Kant. O também chamado “Movimento das Luzes” significou uma época de mudanças sociais e principalmente intelectuais, relacionadas ao homem e ao seu comportamento mental e físico. A sociedade vivia numa época de “trevas”, numa acomodação tanto intelectual, quanto às questões ligadas ao tipo de governo e as implicações deste à sociedade. O Iluminismo trouxe a saída dessas “trevas”, com sua idéia de que a razão devia dominar o conhecimento e o entendimento do homem. Kant procurou demonstrar de que forma seria possível abandonar tal estado em que a sociedade se encontrava, alcançado, então, um esclarecimento.
Palavras-chave: Iluminismo. Trevas. Razão. Esclarecimento.
1 INTRODUÇÃO
O Iluminismo foi um movimento que surgiu na França no século XVIII, de cunho cultural da elite intelectual européia, buscou reformar a sociedade da época, que era dominada, sem esforço algum, pelos interesses da igreja e do estado. É conhecido também como “movimento das luzes”, pois a situação em que as populações se encontravam era de aceitação total da ordem ou entendimento que qualquer outro quisesse impor a esta população, considerado assim, por muitos, uma época de “trevas”, a qual o iluminismo trouxe a luz.
Tal movimento buscava a domínio da razão sobre a visão teocêntrica imposta pela igreja católica, assim como a visão do Antigo Regime, que dominava a Europa desde a Idade Média. É possível encontrar semelhanças entre esse passado e o presente, se comparado a “cegueira intelectual” do homem. Os pensadores do movimento acreditavam que tais pensamentos baseados em crenças religiosas e no misticismo, apenas atrapalhavam a evolução do homem, pois tapavam sua visão para o mundo, cegando-os para os verdadeiros propósitos de tais instituições, que alegavam cuidar do povo e dos seus interesses.
Kant buscou sintetizar tais aspectos, ao afirmar que o iluminismo é justamente essa saída da escuridão, para uma maturação intelectual, onde o homem é capaz de pensar racionalmente sob seu próprio controle. Aponta, também, as dificuldades que o homem encontra para sair desse estágio, tais como a preguiça e a vileza. O filósofo, em sua obra, fez ser possível criar um paralelo comparativo entre a realidade da época em que a obra foi feita e os dias atuais, onde as os tais não se aproximam nem se distanciam demais, pois os argumentos utilizados na época criticam os mesmos erros que são cometidos de certa forma inocentemente pelo homem contemporâneo, que é constantemente alvo de informações persuasivas, que “arrastam” esse homem para a escuridão intelectual, que lhe impede de agir com base em suas próprias reflexões.
2 DESENVOLVIMENTO
A partir do século XVII, os filósofos da época passaram a se preocupar mais com o destino do homem e para onde o seu estado intelectual o levaria. Tal homem era constantemente “bombardeado” com ideais, conceitos e regras criadas pela igreja católica, que se utilizava de tais métodos para dominar a população, fortificar a instituição e manter o homem num estado de alienação, para que o mesmo não questionasse as ações da igreja e seus modos de enriquecer.
Além da igreja, existia também o estado monárquico como grande opressor da sociedade. Este, bastante comum nesse tempo, impunha seus interesses à população de forma autoritária, sem dar nenhuma chance sequer à argumentação ou a opinião coletiva. O monarca decidia, e tal decisão tornava-se lei, a população não tinha outra escolha senão acatar as ordens, sem questionamento algum.
Desse modo, o homem dessa época, não pensava por si só, era constantemente reprimido, não tinha liberdade para construir seu próprio entendimento e muito menos agir à sua maneira. Esse ponto conecta-se com o início do pensamento kantiano, o qual mantém os fundamentos da cultura ocidental.
Antes de disso, é importante conhecer a diferença entre desejo e vontade. O desejo diz respeito aos impulsos do corpo, o que é bem mais característico nos animais. Já a vontade é uma ação livre, deliberada e racional própria do ser humano, que pode escolher/deliberar entre os desejos, independente do que está sentindo. O homem é então caracterizado por ambos os aspectos, mas torna-se distinto dos animais justamente por essa capacidade de reflexão e escolha sobre as opções, ou seja, não é comandado pelos desejos, mas sim dotado de uma racionalidade que lhe permite um pensamento sobre seus desejos e impulsos, ele age após deliberar sobre seus anseios.
A problemática surgiu no momento em que o homem permitiu que outros tomassem as decisões e formulassem entendimentos por ele. Ou seja, as pessoas passaram a se acomodar e a deixar de buscar suas próprias reflexões e sistematizar seu próprio pensamento. Acostumaram-se, então, a apenas reproduzir o que já lhes foi passado ao longo de suas vidas, por herança religiosa, familiar ou mesmo do estado. Se não isso, o homem acredita que estar tomando suas decisões, quando na realidade, já está com seu pensamento contaminado pelo pensamento alheio sem nem mesmo perceber.
Nesse contexto, Kant caracteriza o iluminismo como um esclarecimento do homem a cerca de sua racionalização. Ou seja, o momento em que o homem redescobre sua liberdade intelectual, a qual ele não necessita de outrem para que a mesma seja formulada, o instante em que ele percebe ser livre para pensar e agir por ele mesmo, libertando-se, assim, de sua menoridade. “Iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado [...]” (KANT, 1784, p. 1).
Os filósofos iluministas defendiam a idéia de que a sociedade deveria ser justa, com direitos iguais a todos, o que não ocorria, pois, o comum era o favorecimento das classes mais altas da época, para assim alcançar a felicidade. Assim, eram contra as imposições religiosas, estatais e contra o privilégio dos poucos, em detrimento das classes populares, que eram a maioria.
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