O Pinóquio as Avessas
Por: Ana Paula • 30/10/2019 • Trabalho acadêmico • 2.402 Palavras (10 Páginas) • 202 Visualizações
INTRODUÇÃO
Esse trabalho tem como objetivo apresentar análises feitas pelo grupo sobre a aplicação de três abordagens previamente escolhidas pela professora, Tradicional, Comportamental e Humanista, contidas na história do livro Pinóquio as Avessas de Rubem Alves inspirado nos personagens de Mauricio de Souza. O livro conta a trajetória de Felipe sobre sua vida acadêmica e tem enfoque em nos apresentar pela ótica do personagem a rigidez do sistema de ensino onde o garoto está inserido.
ABORDAGEM TRADICIONAL
Os trechos abaixo retirados do livro “Pinóquio as avessas” trazem claramente a imagem das escolas do nosso cotidiano. Ao entrar na escola o aluno é direcionado a diversas matérias com seus roteiros traçados, sem que o professor possa sair do tema colocado em sala de aula pelos superiores.
“A expressão tem um lugar proeminente, daí esse ensino ser caracterizado pelo verbalismo do mestre e pela memorização do aluno.” MIZUKAMI, M, 2013 PÁG. 14
A Abordagem Tradicional retrata a realidade em que vivemos nas escolas atualmente, o professor dita e o aluno segue suas ordens memorizado, sem intenção de aprender de fato o conteúdo.
Esse processo Tradicional nas escolas é realizada da seguinte maneira: o professor, entra em sala de aula juntamente do aluno, dita a matéria intencionado de que seus alunos aprendam a matéria sem ter dúvidas, assim, não atrasando seu processo, por conta de apenas um ou mais alunos com dificuldades de aprendizagem. Os alunos devem aprender/memorizar tudo ao mesmo tempo sem retroceder. Cada programa contem o conteúdo baseado nessa sociedade e cultura ali inserida, quando o aluno não consegue obter o mínimo necessário do conteúdo que lhe foi passado e avaliado com provas e exames como uma forma de comprovação do conhecimento adquirido, é necessária a reprovação.
Por fim, de acordo com Paulo Freire (1975c), quando a sociedade adquire esse tipo de ensino, baseado em apenas depositar no aluno todo conteúdo exigido, tende-se a ter uma visão individualista, privando que os alunos também tenham a colaboração em seu processo de aprendizagem, e no futuro experimentem discordâncias de esforços.
EXEMPLO 1
“No segundo dia tocada a campainha, entrou uma professora sorridente .
- Eu sou a professora de português. Português é a língua que nós falamos. A importância da língua é que com as palavras damos nomes às coisas.
Felipe se lembrou do que lhe dissera o pai: “Na escola, os professores responderão as perguntas que nós não sabemos responder ...” O menino tinha uma pergunta a fazer. Levantou a mão.
- Como é o seu nome?- perguntou-lhe a professora.
- Meu nome é Felipe.
-E qual é a sua pergunta, Felipe?
-Que bom a nossa língua serve para dar nomes às coisas! Eu gosto de pássaros. Ao vir para a escola, vi um pássaro azul que come mamão. Mas não sei o nome dele. A senhora , que ensina nomes, poderia me dizer qual o nome dele?
A professora sorriu e disse:
- Agora não é a hora de pensar em pássaros. Os nomes dos pássaros não estão no programa de português. Na aula de português, temos de pensar e falar sobre aquilo que o programa manda.
Felipe não entendeu o que era “programa”.
- Professora o que é programa?
Sabendo que Felipe era uma criança explicou de uma forma bem fácil:
-Programa é uma fila com todas as coisas que você deve aprender na escola, colocadas uma atrás da outra.
- E ...Professora...- Felipe continuou- quem é que diz quais as coisas que devo aprender?
- Quem põe os conhecimentos em fila são pessoas muito inteligentes, do governo.
- E como eles sabem o que quero aprender, se não me conhecem e moram longe de mim?
- A escola não é para você aprender aquilo que quer disse a professora. A escola é para você aprender aquilo que deve aprender. O que você deve aprender é aquilo que disseram os inteligentes do governo. Tudo na ordem certa. Uma coisa de cada vez. Todas as crianças ao mesmo tempo, na mesma velocidade...”
No trecho citado acima do Livro “Pinóquio às avessas”, durante a aula de português Felipe lembra o quanto gostaria de saber o nome de um passarinho que viu durante o caminho para escola, e fez esse questionamento à professora. Porém logo a professora explica que naquela aula não é para pensar em passarinhos, e sim no conteúdo que estava no programa da matéria. Nessa parte é perceptível uma das caraterísticas da abordagem tradicional, que de acordo com Snyders (1974), esse tipo de ensino tem foco ao que é externo ao aluno, como: o programa, as disciplinas, e o professor que é uma parte fundamental no processo de transmissão do conteúdo. E o papel do aluno é resumido em apenas absorver esse conteúdo e ter a capacidade reproduzi-lo.
EXEMPLO 2
“(...) Era aula de português. Ele tinha de pensa as coisas que professora dizia, coisas que estavam no programa...
- Professora, para que serve um dígrafo? O que é que eu faço com ele?
A professora não entendeu a pergunta. Felipe percebeu e tratou de explicar:
- Meu pai me disse que conhecimentos são coisas úteis. A gente faz alguma coisa com eles. Quem sabe martelar, martela. Quem sabe pescar, pesca. Quem sabe rodar pião, roda pião. Eu quero saber o que é que se faz com a palavra “dígrafo”. O que é que eu posso fazer com ela?
A professora nunca se havia feito essa pergunta. Ela ensinava porque estava no programa. Nunca havia pensado no uso, na utilidade da palavra “dígrafo”. A única resposta que lhe veio a cabeça foi:
- É preciso saber essa palavra para tirar boas notas no boletim. Ela vai cair na prova. Vai cair no vestibular. É preciso aprender porque é preciso passar no vestibular”.
Como vemos no trecho citado, Felipe tem dúvidas referentes a aula de Português porém a professora insiste que ele siga a programação, para que futuramente possa passar no vestibular. A professora enfatiza tanto que os alunos saibam a palavra “dígrafo”, que a própria não sabe para que serve a utilização dela. Está tão focada que seus alunos sigam o programa, tirem notas boas e passem no vestibular, que esquece que nem todos os alunos vão aprender no mesmo ritmo, sem que acha dúvidas frequentes na matéria.
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