O QUE É A PROFECIA DO AUTOCUMPRIMENTO? A INFLUÊNCIA DESTE FENÔMENO NAS ESCOLAS
Trabalho Universitário: O QUE É A PROFECIA DO AUTOCUMPRIMENTO? A INFLUÊNCIA DESTE FENÔMENO NAS ESCOLAS. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Lucas19 • 27/8/2014 • 1.497 Palavras (6 Páginas) • 9.853 Visualizações
Atualmente, vemos que existem inúmeros problemas nas relações sociais. Temos o costume de rotular as pessoas sem ao menos conhecê-las, fazendo com que os outros acreditem que elas realmente são assim. Costumamos fazer prognósticos negativos de situações que nem aconteceram e que, para nossa surpresa, posteriormente acontecem. Mas se descobríssemos que temos o poder de mudar a direção das coisas? O poder de mudar o rumo dos acontecimentos a partir de nossas expectativas atuais? Não estamos falando de algo sobrenatural, mas de algo que realmente é possível em relação ao nosso mundo físico. Quem nunca ouviu falar a tal frase: “Cuidado com o que sai da sua boca, as palavras têm poder!”, ou algo deste tipo? Quem nunca idealizou alguma coisa com tanta convicção e ela acabou acontecendo? Muitas de nossas atitudes do dia a dia comprovam que, se esperamos que alguma coisa aconteça provavelmente ela irá acontecer. Mas de que estamos falando?
O fenômeno descrito acima tem como nome “profecia do autocumprimento”, cuja expressão, segundo César Coll Salvador (2000), foi usada por Robert Merton em 1948, para se referir a questão de que, a expectativa que criamos de algo ou de alguém, pode se tornar real devido justamente a esse nosso antecipamento, ou “profecia”. É um presságio que, ao se tornar uma crença, provoca a sua própria concretização. Como é um fenômeno relacional, ele pode interferir no processo de ensino-aprendizagem, no desenvolvimento da personalidade de uma criança, na construção da autoestima, na percepção de si mesmo e ainda pode afetar as condutas e comportamentos de um indivíduo.
Podemos perceber em nosso redor vários exemplos dessas expectativas que se tornam reais. Alguns exemplos de profecias na educação dos filhos são quando os pais insistem em dizer perto deles que os mesmos são terríveis, inquietos. Também quando eles criam uma expectativa em relação às crianças sobre certas atitudes da vida, sem questionar a vontade delas, fazendo com estas expectativas dos pais sejam atendidas, como seguir alguma carreira profissional por exemplo. Até mesmo o apelido pode ser considerado, pois o apelidado, na maioria das vezes, fará com que a “rotulação” se encaixe perfeitamente nele. Enfim, no nosso dia a dia, fazemos o uso constante desse fenômeno e nem nos damos conta disso. Na Bíblia, podemos tirar um exemplo que se encaixa perfeitamente na ideia da profecia, quando Jó diz: “O infortúnio que eu tanto temia veio sobre mim; o que eu tanto receava acabou acontecendo!” (Jó 3.25). O que esperamos que aconteça, tem grande possibilidade de acontecer, devido a esse nosso adiantamento.
Em um documentário que fala bastante sobre o poder das palavras, O segredo (2006), notamos que várias pessoas afirmam que conseguem o que querem apenas com o poder da mente, com a expectativa de que o desejado já aconteceu. Nele, vemos pessoas de várias profissões dando depoimentos a respeito disso, afirmando que o que você espera realmente se torna real. Há uma mulher que nos conta que estava com câncer de mama, e que quando foi diagnosticada começou a agir como se não tivesse a doença. Algum tempo depois, o câncer sumiu inexplicavelmente. Outra pessoa, um homem, nos relata sobre a vida de um amigo, que era discriminado no trabalho por ser gay. Ele não conseguia ter um dia de paz, e dizia sempre para si mesmo que odiava a vida que estava levando. Foi quando o homem aconselhou este seu amigo a pensar não nesta vida ruim, mas na vida que ele queria levar, uma vida feliz. Depois disso, ele nunca mais foi discriminado. Há muitas histórias parecidas com essa no documentário, mas todas com algo em comum: o uso da “profecia do autocumprimento”.
Ainda no documentário, é relatada também a questão do “efeito placebo”, que consiste em um “medicamento” falso, fazendo com que as pessoas pensem que estão sendo medicadas e acreditem nisso, resultando em um efeito de cura somente pelo fato do “acreditar”. Em muitos lugares a profecia é usada, mas há um lugar especial em que, se for usada de uma forma correta, resultará em grandes benefícios para a sociedade: a escola. Embora pareça um conto de fadas, há comprovações cientificas deste fenômeno, pois como foi falado anteriormente, ele se revelou através dos estudos de Robert Rosenthal e Lenore Jacobson, concluindo que as expectativas do professor tem um efeito poderoso sobre o desempenho escolar dos alunos.
Sabemos que, às vezes, existem alguns alunos que são alvos de discriminação, sendo marginalizados, seja pelos próprios colegas ou até mesmo pelos professores. Consequentemente, a maioria desses estudantes possui um rendimento muito baixo na questão de atividades escolares de uma forma geral. Mas por que justamente estes alunos não conseguem possuir um bom desempenho na instituição? Uma das possibilidades de reposta desses acontecimentos pode estar ligada à relação que há entre esses indivíduos, e é nessas relações que entra a questão da “profecia”.
Segundo Ana Mercês Bahia Bock (2008) a escola é uma das mais importantes instituições sociais, pois ela pode moldar as crianças, torná-las preparadas para a vida, fazendo com que elas sejam humanizadas, cultivadas e valorizadas. Entretanto, sabemos que esta instituição possui uma infinidade de problemas. Um dos problemas que ela destaca é relacionado à concepção de aluno. Qual é a visão que o professor tem dele, e que visão os outros tem do professor? Esta visão que um tem do outro, é um fator decisivo para que mais problemas se elevem ou diminuam. Bock (2008, p. 272) diz que “O vínculo professor-aluno é o sustentáculo da vida escolar”. Percebemos o tamanho da importância dessas relações. Salvador (2000, p. 154) afirma que “[...] o comportamento efetivo que um professor manifesta diante dos seus alunos é sempre e inevitavelmente mediatizado pelo que pensa e espera deles, pelas
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