O Ser Humano Vitima Da Humilhação Social
Casos: O Ser Humano Vitima Da Humilhação Social. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 23/3/2014 • 2.328 Palavras (10 Páginas) • 962 Visualizações
O SER HUMANO VÍTIMA DA HUMILHAÇÃO SOCIAL E INVISIBILIDADE PÚBLICA
Alexsandra Suzana Soares de Brito (RA 396533)
Anne Jadielle Felix Ribeiro Pereira (RA 397652)
Gracielma Rozário Furtado (RA 396073)
Luma Cordeiro Sales (RA 391270)
Tutora: Joana Darc Nunes dos Santos
São Luís-Ma
2013
Introdução
A condição de marginalidade social vivida devido à atividade tem implicações e determinações de diversas ordens - econômicas, sociais, culturais e psíquicas. Neste contexto, a Psicologia Social, que atua visando à saúde biopsicossocial do homem – ser social, psicológico, histórico e grupal, enquanto disciplina, articula conhecimentos da Psicologia, das Ciências Humanas de forma geral, bem como Sociologia e Antropologia para entender essas questões e suas consequências.
Ferreira e Mendes (apud BARROS; MENDES, 2003) definem o sofrimento como uma vivência intensa e duradoura, na maioria das vezes inconsciente, de experiências dolorosas como angústia, medo e insegurança, oriundas do conflito entre necessidades de gratificação do indivíduo e restrição no ambiente de trabalho. No decorrer deste trabalho abordaremos essas questões complexas e presentes no meio em que vivemos.
O Homem Pobre Vítima de Humilhação Social e Invisível ao Poder Público
A pobreza é uma característica da exclusão social, sentida frequentemente pela classe pobre que é invisível aos olhos da sociedade. A exclusão gera grandes obstáculos sociais, onde o pobre é sempre visto como um ser inferior a prestar serviços e receber ordens com exigências e reclamações, onde o trabalhador é tratado rigorosamente, é angustiante o sentimento de não possuir efetivamente direitos e de não existir no meio de outras pessoas. A humilhação social conhece, em seu mecanismo, determinações econômicas e inconscientes. Deveremos propô-la como uma modalidade de angústia disparada pelo enigma da desigualdade de classes, trata-se de um fenômeno ao mesmo tempo psicológico e político. O humilhado atravessa uma situação de impedimento para sua humanidade, uma situação reconhecível nele mesmo, em seu corpo e gestos, e também reconhecível em seu mundo, em seu trabalho e em seu bairro.
Para o estudo da humilhação social, um dos temas da psicologia social, é necessário entender que se trata de fenômeno histórico, observado pela exclusão recorrente das classes pobres e desprivilegiado do ponto de vista da iniciativa e da palavra. Assim, os estudos de Marx (voltados ás determinações econômicas) e de Freud (voltados ás determinações puncionais), contribuem no sentido de contextualizar o homem em situação Inter Humana, ou seja, o homem havendo-se com outros homens mais do que com mecanismos.
A visão dos bairros pobres parece, às vezes, uma visão de ambientes arruinados: não são bairros que o tempo veio corroer ou as guerras vieram abalar, são bairros que mal puderam nascer para o tempo e para a história. Um bairro proletário não é feito de ruínas, as formas de um bairro pobre não figuram como destroços ou como edifícios decaídos. No bairro pobre, o espetáculo mais parece feito de interrupção, as linhas e as formas estão incompletas, não puderam se concluir. O resultado destas carências e frustrações é que os poderes mesmo da fabricação humana ficam perdidos ou nunca são alcançados; lançam-se em situações sem suporte, gastam-se no ar, sem resposta, são neutralizados. Faltam os instrumentos, faltam os materiais que suportariam o trabalho humano para a configuração de um mundo, para a fisionomia de uma cultura.
A desigualdade é vista pela sociedade como algo normal, e para determinados indivíduos é obtida socialmente, onde as divisões de classes são determinadas pela classe financeira e questões sociais e políticas. O trabalhador tem que trabalhar porque tudo depende do trabalho, numa cidade em que os laços públicos tendem a perder suas qualidades concretas e humanas, absorvidas que estão por imperativos do mercado. A exploração do trabalho alheio, no qual se depara o trabalho das classes pobres em que o auxiliam, a riqueza é para poucos, na política são excluídos de qualquer ato ou decisões governamentais, onde é necessário suportar a brutalidade humana. O trabalho faz experimentar de uma forma extenuante o fenômeno da finalidade devolvida como uma bola; trabalhar para comer, comer para trabalhar. A grande dor do trabalho manual é que são obrigados a se esforçar por longas horas seguidas, simplesmente para existirem.
Fernando Braga da Costa faz uma psicologia critica que pode ser chamada de psicologia com compromisso social. No livro Homens invisíveis relatos da humilhação social, Costa (2004) trata da invisibilidade social de perto. Costa (2004) pesquisou sobre os garis que trabalhavam na Universidade de São Paulo e ao acompanhar a rotina destes garis ele pode perceber e vivenciar as dificuldades dessa atividade tão desqualificada socialmente. A pesquisa traz relatos do autor e dos garis, sendo importante destacar o compromisso que Costa (2004) exerce com a sociedade ao desenvolver este projeto e como desta forma propicia um resultado crítico, uma psicologia crítica, denunciando comportamentos preconceituosos e excludentes por parte da sociedade. Um projeto com compromisso social não deve perder de vista os contextos sociais e políticos nos quais os sujeitos se inserem e é neste segmento que Costa (2004) desenvolveu sua pesquisa.
No livro, Costa (2004) abandona uma prática unicamente tecnicista e volta seu olhar para a diversidade - desigualdade inerente ao seu contexto cultural, valorizando a subjetividade dos sujeitos da sua pesquisa. Ele estabelece uma relação com os garis e busca aprender a realidade deles, a todo o momento, a cada ação, cada gesto; nada pode escapar. O projeto de Costa (2004) é transformação social. Este psicólogo revela sujeitos invisíveis e uma desigualdade que insiste em manter-se invisível para tantas pessoas.
O tema da invisibilidade social aparece na obra de Fernando Braga da Costa de uma forma muito direta e impactante. Enquanto Costa (2004) nos mostra as consequências contemporâneas da desigualdade no nosso país, Souza (2000, 2003, 2006) retorna a trajetória da desigualdade e sua constituição histórica no Brasil, a partir do processo de modernização periférica. O autor Jessé Souza conclui que o maior desejo dos excluídos entrevistados por ele era tornar-se gente. De acordo com a autora Sposati (1995) o homem só é reconhecido quando se faz trabalhador, quando contribui para a previdência, e assim tendo direito ao acesso as políticas de seguridade social. Porém, quando o individuo não trabalha, ele não tem direito a essas políticas e é considerado “menos cidadão”.
A invisibilidade social seria o resultado do processo de humilhação, construído durante séculos e sempre determinante no cotidiano dos indivíduos das classes pobres. O que é “de pobre” não interessa a ninguém, por isso sempre foi alvo de humilhação e renegação por outras classes. Souza (2006) reflete essa questão a partir das notícias que são divulgadas nos jornais e espaço destinados a estes assuntos. A atenção que a mídia disponibiliza para cada reportagem revela quem interessa e quem não interessa à sociedade. Souza (2006) revela a existência de uma tendência a se acreditar num “fetichismo da economia” como se o crescimento econômico por si mesmo pudesse resolver problemas como a desigualdade excludente e marginalização.
Desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos países na atualidade. A pobreza existe em todos os países, pobres ou ricos, mas a desigualdade social é um fenômeno que ocorre principalmente em países não desenvolvidos como o nosso Brasil. O conceito de desigualdade social, no texto A Desigualdade e a Invisibilidade Social na Formação da Sociedade, foram abordados de diversas formas, incluindo desde desigualdade de oportunidade, resultado, etc., até desigualdade de escolaridade, de renda, de gênero, etc. De modo geral, a desigualdade econômica – a mais conhecida – é chamada imprecisamente de desigualdade social, dada pela distribuição desigual de renda como pobres e ricos. No Brasil, a desigualdade social tem sido um cartão de visita para o mundo, pois é um dos países mais desiguais. A sociedade brasileira deve perceber que sem um efetivo Estado democrático, não há como combater ou mesmo reduzir significativamente a desigualdade social no Brasil. Costa, por ocasião da realização de sua pesquisa etnográfica junto aos garis na Universidade de São Paulo, já referida anteriormente neste texto, afirma que ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são “seres invisíveis, sem nome”. Tais trabalhadores, cientes dessa condição, apresentam imenso sofrimento psíquico. Na verdade, percebe-se que muito do que se vive hoje é fruto do passado, a exemplo da época da escravidão, em que os escravos, trabalhavam dia e noite sofrendo, enquanto seus patrões ficavam cada vez mais ricos. Fazendo uma comparação com os garis, eles também eram sujeitos socialmente excluídos profissionalmente que ofereciam somente o "corpo" como ferramenta de trabalho, trabalho no qual exerciam força bruta, de gente bruta aos olhos da sociedade. Com base no texto, cheguei a conclusão que na sociedade atual valoriza-se muito as pessoas poderosas, os bens materiais, enquanto as classes pobres ficam á margem, humilhadas e invisíveis perante a burguesia. Muitas pessoas quando se deparam com trabalhadores como os garis, fingem que não veem, não oferecem nem um bom dia, deixando claro que enxerga-se somente a função e não a pessoa.
O oficio de gari por ser uma forma de trabalho desqualificado é um exemplo do fenômeno: “A invisibilidade pública”, que é uma espécie de desaparecimento psicossocial de um homem no meio de outros homens, é um sofrimento longamente aturado por pessoas de classes pobres, transforma pessoas em objetos.
O texto debate sobre a invisibilidade pública segundo fatos vivenciados em pesquisa por Fernando Braga da Costa.
Fernando Costa constatou a humilhação e o “desaparecimento” desses profissionais perante as outras pessoas estando entre os garis, trabalhando com eles, vivendo suas rotinas e sentindo na pele a humilhação humana.
A invisibilidade pública é a junção de dois fenômenos psicossociais: humilhação social e retificação. Trata-se de uma forma de violência simbólica e material que vem oprimir cidadãos das classes pobres tanto na cidade como no campo. Essa violência faz com que os “apagados” se sintam emudecidos em seus sentimentos e esmorecidos.
A invisibilidade publica é mantida e fundada por motivações sociais e psicológicas e por antagonismos de classes mais ou menos conscientes.
Na invisibilidade pública, a comunicação entre as pessoas fica prejudicada, tendendo a forma de troca demasiado econômica. É estabelecido entre os sujeitos da conversa um “regime” daquilo que consagra o que é primordial numa economia capitalista: troca de mercadorias ou serviços. Ela seria uma espécie de cegueira psicossocial, que elimina do campo de visão da maioria da população aqueles que são condenados a exercer uma atividade subalterna, desqualificada, desumano e degradante o dia inteiro, às vezes uma vida inteira.
Uma das saídas a esta situação, destaca Fernando, seria num primeiro momento ter consciência sobre a invisibilidade pública. O segundo passo, ter um "olhar" mais atento àqueles que estão a nossa volta.
Destacamos alguns pontos relevantes do texto lido: Homens Invisíveis: relatos de uma humilhação social. Durante10 anos Fernando Braga, estudante de psicologia visou dá sequencia a uma iniciação cientifica, depois o seu mestrado e parte do doutorado, que semanalmente de um a dois dias trabalhou entre os garis no campus da UPS. Onde se tornou um gari para compreender o universo de uma categoria invisível para a sociedade, de um trabalho não qualificado e subalterno. Uma humilhação publica então designada invisibilidade publica (desaparecimento de um homem no meio de outros homens), relata que quando estava de uniforme vermelho ficava invisível para os ouros estudantes e conhecidos seus, descobriu que esses trabalhadores não eram vistos como pessoas mais se misturavam em meio às paisagens, passavam despercebidos. Aonde misturados com eles passou a sentir um mal estar de um gari onde sofria com a dor deles.
Esses trabalhadores e seus subempregos passam despercebidos pela sociedade de um maior poder aquisitivo. A desigualdade social marca a historia e diversos fatores que determinam a condição social da maioria da população.
Ao longo de sua pesquisa visou compreender a invisibilidade humana e o sofrimento, na sua convivência com eles, conhecendo a vida deles, pôde desenvolver uma amizade, um estudante de psicologia, varrendo ao lado deles, para melhor definir o sentido da humilhação humana e que em seus pensamentos a quem todo tempo veem se invisível para os outros ,e que mesmo assim são humildes os que são humilhados. Ainda convivemos com varias formas de humilhação social começando com saúde, educação e falta de moradia. A desigualdade social que ao longo de varias décadas ainda sofre a população, ocorrendo assim fenômenos de desigualdade de classes.
O trabalhar é um ato imprescindível para as pessoas, pois este, dentre outros aspectos, se refere à própria sobrevivência e ao condicionamento social do indivíduo. É através do trabalho que o indivíduo pode criar a cultura, a linguagem, à história e a si mesmo. O trabalho, desta forma, pode constituir-se tanto em um fator de equilíbrio e desenvolvimento, pode ser estruturante da identidade do indivíduo, quando a organização valoriza e reconhece o sentido da atividade do trabalhador, como pode ser fonte de sofrimento, quando a atividade não é significativa para o sujeito, para a organização nem para a sociedade (DEJOURS, 1994).
A partir das leituras e discussões realizadas pela equipe consideramos a profissão de feirante como um trabalho desqualificado, podemos dizer também que é um trabalho feito por pessoas invisíveis a sociedade e ao poder publico onde a informalidade insere-se neste contexto, em que o sujeito trabalha por conta própria, sem carteira assinada e com maior vulnerabilidade a riscos, pessoas que não são assistidas pelos governantes e vivenciam o sofrimento de não terem seus direitos garantidos e estarem constantemente em situações de humilhação social. A invisibilidade publica é mantida e fundada por motivações sociais e psicológicas e por antagonismos de classes mais ou menos conscientes.
Figura 1: Fotos: Paulo Cezar / Acorda Cidade em http://www.acordacidade.com.br/noticias/102979/banners.php?id=760
Figura 2: Fotos: Paulo José/Acorda Cidade em http://www.acordacidade.com.br/noticias/79859/banners.php?id=799
Conclusão
A exclusão social gera grandes obstáculos sociais, pessoas pobres tornam-se invisíveis diante da sociedade e do poder público, uma sociedade que o sujeito vale por aquilo que possui financeiramente e é colocado numa posição de servente para atender aos interesses daqueles que “detém o poder .” A pobreza é uma problemática que abrange e afeta todas as áreas da vida desse sujeito, desde sua moradia, as relações interpessoais, a escola, o trabalho...essas pessoas encontram-se numa situação de constante humilhação e desvantagem social. A disciplina de Psicologia Social nos ajudou a compreender a fragilidades dessas relações e suas consequências.
...